APOSTILA DE ÉTICA CRISTÃ
INTRODUÇÃO
ÉTICA pode ser definida como o estudo crítico da moralidade, e consiste na análise da natureza da vida do homem, incluindo a verificação dos padrões de certo e de errado pelos quais sua conduta possa ser guiada ou dirigida. Ou seja, quando estudamos sobre ÉTICA, imediatamente somos levados a refletir sobre aquilo que nós pensamos e no reflexo dessas decisões sobre as nossas ATITUDES! Segundo o entendimento popular seria aquilo que o mundo considera ser o “politicamente correto” ou de fato, uma atitude “antiética” ou imoral.
Porém, no universo bíblico, a ÉTICA CRISTÃ verificada ao longo das Escrituras, é na verdade a representação de um somatório de princípios que formam e dão sentido à vida cristã diária, e deve ser confirmada na vida do cristão através do seu testemunho individual perante Deus e os homens.
Enfim, podemos afirmar que a ÉTICA CRISTÃ é o que cada crente pensa e faz com relação a Deus e ao seu próximo, exatamente como o próprio Senhor Jesus definiu ao escriba acerca do Grande mandamento deixado pelo Senhor ao Seu povo em Mc 12:29-31:
Mc 12:29-31 – “Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! 30 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. 31 O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.“
Comentário de Mc 12:29-31 – Esse texto é maravilhoso, pois através da sabedoria divina presente em sua encarnação, Jesus nesta situação soube com profundidade dissecar a Lei dada pelo Senhor a Moisés a tal ponto de afirmar para aqueles Judeus que o primeiro e o segundo mandamento nunca podem ser separados um do outro! Ou seja, o Senhor Jesus nos ensinou aqui, que nós nunca podemos separar a Ética que precisamos viver diante de Deus, ou seja, o nosso Testemunho, da Ética que precisamos praticar diante dos nossos semelhantes, pois a Bíblia declara que Deus do Seu alto e sublime Trono, observa todas as nossas atitudes, e certamente retribuirá aos homens segundo as suas obras, sejam eles crentes ou não.
Mt 16:27 – “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras.”
Pv 15:3 – “Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.”
2ª Co 5:10 – “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.”
Ou seja, o que aprendemos na Palavra de Deus, é que não existe amor verdadeiro, se antes o homem não estiver em comunhão profunda com Deus, que na essência é o próprio amor. Por isso, através da Bíblia aprendemos que só podemos amar de verdade, ou exteriorizar o amor de Deus para as pessoas à nossa volta, se de fato, estivermos em comunhão real com o Deus da Bíblia.
1ª Jo 4:7 – “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.”
1ª Jo 4:8 – “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.”
1ª Jo 4:12 – “Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.”
1ª Jo 4:16 – “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.”
Enfim, se não estivermos em Deus fatalmente estaremos apoiados em nossa própria sabedoria e estaremos vivenciando um falso testemunho cristão.
Vejamos algumas verdades bíblicas sobre o amor:
1ª verdade – Só podemos amar de fato a nossos irmãos a quem vemos, quando amarmos primeiramente a Deus a quem não vemos em espírito e em verdade.
1ª Jo 5:2 – “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos.”
1ª Jo 4:20 – “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”
2ª verdade – Só podemos amar de verdade, se de fato conhecermos ao verdadeiro Deus.
1ª Jo 3:11– 20 – “Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; 12 não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 13 Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia. 14 ¶ Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. 15 Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. 16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. 17 Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? 18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. 19 E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranqüilizaremos o nosso coração; 20 ¶ pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas.”
Enfim, o AMOR é a condição básica para o relacionamento de todos aqueles que um dia nasceram de novo, e nos leva a refletir sobre 2 atitudes relacionadas a falta da ÉTICA CRISTÃ que nós nunca devemos demonstrar aos nossos semelhantes. Vejamos:
1ª atitude – O ódio – Segundo a Palavra de Deus, aquele que odeia a seu irmão é assassino, e permanece na morte – 1ª Jo 3:15.
2ª atitude – A Indiferença – Este sentimento nos faz ficar desinteressados pelas pessoas que convivemos e pelos seus problemas – 1ª Jo 4:20-21.
Portanto, aqui está a diferença entre ÉTICA CRISTÃ e ÉTICA CONVENCIONALapenas como um simples estudo crítico da moralidade. Precisamos entender que como dinâmica de vida, a ÉTICA CRISTÃ deve ser manifestada através do conceito ou julgamento que se faz a respeito de determinados valores que integram o nosso dia-a-dia.
E é sobre estes valores que trataremos nessa apostila. É nosso desejo, portanto, que ao final desta matéria, nossos alunos estejam habilitados sobre os seguintes ítens:
a. Definir o que é ÉTICA, particularmente ÉTICA CRISTÃ.
b. Relacionar as bases bíblicas da ÉTICA CRISTÃ dada neste livro;
c. Enumerar os principais conceitos éticos os quais o crente deve evitar;
d. Destacar a ÉTICA CRISTÃ nos ensinos das epístolas do Novo Testamento;
e. Falar das diferentes maneiras de evidenciar a ÉTICA CRISTÃ no seio da família.
f. Tratar da importância da ÉTICA CRISTÃ nos deveres sociais e civis do cristão;
g. Mostrar o valor da ética ministerial e as suas diferentes maneiras de ação;
h. Salientar a importância da ÉTICA CRISTÃ no culto a Deus.
LIÇÃO 1 - O SIGNIFICADO DE ÉTICA:
Como já citamos anteriormente, ÉTICA pode ser definida como a análise da natureza da vida humana, incluindo os padrões do certo e do errado, pelos quais nossa conduta possa ser guiada e dirigida. Ou seja, em resumo, ÉTICA é na prática aquilo que o homem pensa e faz em relação a si mesmo ou ao seu meio social. Quanto à aplicação existem diferentes tipos de ética, entre as quais destacamos:
1 - Ética imediatista; 2 - Ética da tradição; 3 - Ética hedonista; 4 - Ética naturalista;
5 - Ética relativista; 6 - Ética estética; 7 – ÉTICA CRISTÃ
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TEXTO 1 – DEFINIÇÃO DE ÉTICA
Antes de definirmos o que vem a ser ÉTICA, precisamos lembrar que todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões, fazemos escolhas, resolvemos situações e determinamos aquilo que tem a ver com nossa vida individual; com a vida da empresa onde trabalhamos, com a vida da igreja onde congregamos, com a vida da nossa família, etc. Por isso, NINGUÉM TOMA DECISÕES aleatoriamente SEM ESTAR INFLUENCIADO POR ALGUM TIPO DE ÉTICA.
Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções ou pré-convicções. Hoje, porém, sabe-se que nem mesmo na área das chamadas “ciências exatas” é possível fazer pesquisa, sem que haja a influência do que a pessoa é, acredita, deseja, objetiva e vive.
Portanto, todas as decisões que tomamos são invariavelmente influenciadas pelo horizonte do nosso próprio mundo individual e social. Podemos verificar essa verdade ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, pois sempre que isso acontece, na verdade acontece, pois tomamos nossas decisões baseados num padrão e num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado. E isso, é exatamente o que chamamos de Ética.
ÉTICA - É o produto de nossas decisões baseadas num padrão e num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado.
E é justamente aqui que mora o perigo, pois para que o homem possa tomar decisões acertadas e eticamente cristãs, ele antes precisa estar em pleno acordo com o que diz a lei de Deus, pois a própria Bíblia nos garante que ao conhecermos a vontade de Deus para nós, seremos não só abençoados como também não pecaremos contra Deus:
Sl 119:11 – “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.”
Rm 12:2 – “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Portanto, ao conhecermos a origem da palavra ÉTICA, veremos que ela vem do grego “EQIKH”, que significa um hábito, costume ou rito. Contudo, com o tempo este conceito passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta humana, e têm sido comumente entendido também como o conjunto de valores ou padrões pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado.
RESUMINDO: ÉTICA é na prática aquilo que você pensa e faz, e é na verdade um somatório de princípios que capacitam o homem fazer uma escolha boa ou má, e ao mesmo tempo transformar essa escolha em uma ação vital, seja para uma pessoa ou para uma comunidade. Na sua aplicação, a Ética tem ocupação dupla:
1 – Ocupa-se com as escolhas morais, práticas que o homem faz.
2 – Preocupa-se com os objetivos e princípios ideais, que reconhecemos estarem impondo exigências sobre nós.
ÉTICA E LIBERDADE - O estudo de ÉTICA repousa sobre a crença de que o homem é um agente livre e responsável, e como tal, é um ser livre para tomar a decisão que bem desejar. Ele pode opinar na escolha do seu trabalho, seu cônjuge, seus amigos, ou tipo de vida que desejar. Por força do que ele é ele não pode fugir da necessidade de escolher: ele é forçado a ser livre! Quer o homem queira ou não, ele tem de viver tomando decisões constantes e inevitáveis!
Porém, as escolhas morais feitas pelo homem não são simples questões do acaso; e também não são imprevisíveis em sua grande maioria! A pessoa cujas ações fossem livres neste sentido, não seria uma pessoa normal, pois ela não teria estabilidade de caráter, já que não haveria base para confiarmos que suas ações futuras seriam certas ou erradas, boas ou más.
Precisamos saber que as ESCOLHAS MORAIS não são, portanto, simplesmente indeterminadas, isto é, involuntárias. Estas escolhas representam o produto duma espécie de determinação ou escolha planejada e voluntária.
Portanto, no sentido mais amplo que se possa imaginar, principalmente nos domínios da ÉTICA, liberdade moral significa a capacidade de autodeterminação, no sentido de que o homem é livre para escolher os fins, os alvos, os valores que ele quer buscar, e livre para aceitar ou rejeitar as exigências do dever.
É importante lembrarmos que tanto o CRISTÃO como os ÍMPIOS foram dotados por Deus de capacidades intelectuais e morais para agir livremente segundo o caminho que desejarem. E isto se reflete visivelmente nas decisões que cada homem em particular toma em relação à Palavra de Deus, ou seja, no sentido de submeter-se a Ela ou não, já que Deus respeita o livre-arbítrio do homem em relação às escolhas de suas obras e também no tocante à salvação, conforme registra o profeta Isaías e o evangelista Marcos.
Is 1:19 – “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.”
Mc 16:16 – “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”
Por isso, pensar de forma contrária a essa realidade bíblica, significa transformar a coroa da criação de Deus que é o homem, num ser autômato que se comportaria como uma espécie de robô, auto-programado que não pensaria e nem agiria por si mesmo.
LIBERDADE E RESPONSABILIDADE - ÉTICA também pressupõe não apenas liberdade, mas também responsabilidade, porque liberdade sem responsabilidade tende a converter-se em libertinagem. Ou seja, ainda que a libertinagem tenha se transformado num princípio ético nos dias de hoje, fazendo com que os homens vivam uma vida alheia a vida de Deus, causando a desestruturação da família e da sociedade e sobretudo, o afastamento de Deus, ainda assim, isso não representa a proposta de Deus para o homem! O desejo de Deus é que todos sejam salvos!
Ef 4:15-24 – “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. 17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, 18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, 19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. 20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, 21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, 22 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, 23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, 24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
1ª Tm 2:4 – “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.”
Ez 18:23 - “Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? —diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?”
Ez 33:11 – “Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer namorte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?”
Enfim, a ÉTICA interessa-se por todas as decisões, escolhas e avaliações do homem quanto aos valores da vida. Ocupa-se, por exemplo, com o que o homem pensa a respeito de Deus e da Sua vontade, a respeito de si mesmo, do seu semelhante e da sociedade como um todo. Do mesmo modo, a ÉTICA preocupa-se com escolhas e avaliações feitas pela pesquisa da ciência e da filosofia, na medida em que elas envolvem decisões a respeito do valor dessas disciplinas, da natureza da motivação que se tem para dedicar-se a elas e do uso que se vai fazer do conhecimento adquirido.
Concluindo: Ética diz respeito a todas as atividades do homem, sujeitas a serem louvadas ou criticadas e rejeitadas. Ela se interessa por todas as formas de comportamento, às quais são relevantes os conceitos de dever, obrigação e bem. Ela está ligada à escolha dos meios, bem como dos fins.
A Ética pergunta não só: Por que isto está sendo feito? Mas também: Que benefício esta realização trará a quem a faz e a quem se destina?
Finalmente a Ética se interessa pelas formas de comportamento oriundas do hábito, assim como por decisões e escolhas das mais difíceis.
TEXTO 2 – DIFERENTES TIPOS DE ÉTICA - Quanto à sua aplicação, a Ética se divide em vários tipos: ÉTICA SOCIAL, ÉTICA POLÍTICA e ÉTICA RELIGIOSA.
- A ÉTICA SOCIAL abrange os princípios que regem o comportamento da família e da sociedade como um todo.
- A ÉTICA POLÍTICA fala dos princípios de condução e administração do bem público, como sejam: o município, o estado e a federação.
- Já a ÉTICA RELIGIOSA tem a ver com os princípios quem regem o comportamento espiritual do homem, pertença ele a religião que pertencer, ou professe ele a crença que professar.
Além destes três tipos de ÉTICA, existem alguns outros que serão abordados no decorrer deste e do próximo texto, como também uma análise da ética cristã, que também será tratada num dos próximos textos, ainda desta lição.
ÉTICA IMEDIATISTA - Este é o estágio do comportamento no qual a ação parece não ser guiada por nenhum tipo de premeditação. Qualquer pessoa que esteja neste nível de imediatismo não é um indivíduo ético na verdadeira acepção da palavra.
Por exemplo: quando um bebê chora ou ri, a sua ação não é resultado d’alguma decisão interior, mas sim o resultado imediato de algum estímulo causado por influência da mãe, do pai, dum irmãozinho ou de outra pessoa que lhe é simpática, que lhe sorriu ou lhe fez cócegas, ou lhe foi causa de algum desconforto. Portanto, chorar ou sorrir para um bebê, não constituem ações boas ou más, pelo que não podemos chamá-las propriamente de ações éticas, pois elas são simples reações a estímulos, e não podem ser consideradas ações éticas, porque esses tipos de ações que não envolvem decisões.
Por exemplo: se você fecha os olhos por que um cisco entrou num deles, você não estará fazendo nada que seja moralmente bom ou mau; apenas estará simplesmente reagindo a um estímulo do corpo.
ÉTICA DA TRADIÇÃO - Muitas pessoas ao tomarem quase todas as suas decisões não as tomam somente como um resultado de um esforço da sua inteligência, ou duma escolha independente, mas optam direta ou indiretamente por uma decisão que esteja em acordo com algum hábito predominante, ou com o que a maioria das pessoas está fazendo ou querendo que elas façam. As pessoas tangidas por este tipo de Ética, nunca perguntam:
“Esta ação é boa ou má? Ou: Esta decisão está certa ou errada? Ou: É isto o que todos fazem ou querem que eu faça?”
Desta sorte, muitos fatos que passam por bons, poderiam ser melhores descritos como sendo mero resultado dos costumes duma sociedade particular. Evidentemente seria uma tolice rejeitar todos os costumes só porque foram aceitos sem crítica noutros tempos. Sua aceitação ou rejeição por outros, não deve de modo algum validar ou invalidar os mandamentos da tradição. No entanto, uma das fraquezas básicas da ação ao nível de simples hábito, do ponto de vista cristão, é que freqüentemente assuntos muito importantes e assuntos absolutamente sem importância, são igualmente objetos de hábito.
Por exemplo: Em certos lugares do Brasil é hábito ir-se à igreja aos domingos. No entanto, para a maioria das pessoas que vão à igreja no domingo, tornou-se um hábito meramente social, ao invés de significar uma oportunidade de adoração ao Deus vivo. Como resultado, constatamos que as pessoas que agem segundo a tradição, acabam não crescendo na Graça e no Conhecimento de Deus, tudo porque confundem os conceitos de obediência e tradição, e com isso, o culto a Deus passa a representar uma tradição de família, ao invés de um importante elemento para a formação da vida cristã plena e abundante em Cristo.
Em seus ministérios tanto Jesus como o apóstolo Paulo condenaram qualquer tipo de direção de vida que se submeta as tradições ao invés da sujeição à Palavra de Deus:
Mc 7:8 – “Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. 9 E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própriatradição. 13 invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.”
Cl 2:8 – “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;”
ÉTICA HEDONISTA - Um hedonista é uma pessoa cujo conceito ético supremo é o prazer. Ela acredita que o valor duma ação é medida pela quantidade de prazer que ela assegura. Assim, o bem é identificado com aquilo que dá prazer, e o mal com aquilo que causa dor. Neste particular os cristãos tendem a confundir a vida cristã com alguma forma de hedonismo.
Conforme disse George W. Forell, “quer você espere o prazer aqui na terra ou em uma vida futura, se suas ações são orientadas pelo desejo de prazer e suas tentativas de evitar dor, você é um hedonista, mesmo que o prazer seja esperado no paraíso e a dor no inferno.” (Ética da decisão, páginas 46 e 47).
Por conhecer o mal que este conceito ético conduz no seu bojo, foi que certo servo de Deus orou:
- “Jesus, se te sigo porque tenho medo do inferno, queima-me nas labaredas do inferno. Se te sigo porque quero entrar no céu, não me permitas entrar no céu. Agora, se te sigo porque te amo, não me impeças entrar na glória e lá contemplar para sempre a tua eterna beleza.”
Por isso, a principal característica de todo hedonismo religioso é que ele destrona o próprio Deus do centro de sua vida espiritual e faz da felicidade eterna, o seu verdadeiro objetivo de vida.
Com isso, todo o hedonista consciente ou inconscientemente, passa a enxergar a pessoa do Senhor apenas como um Ser que existe para viabilizar os meios para a concretização da felicidade de Seus filhos. Não é assim que muitos fazem com a pessoa do Senhor e com a Igreja ao afirmarem que vão à Casa do Senhor apenas para buscarem as suas bênçãos?
Ou seja, milhares de pessoas estão com este discurso mundo afora, alegando que estão na presença de Deus apenas para serem abençoadas, mas na prática, buscam apenas a sua própria felicidade, esquecendo-se que estão deixando para segundo plano o amor a Deus e o amor ao próximo, que representa o resumo de todos os mandamentos.
Mc 12:30-31 – “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. 31 O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”
Mt 6:31-33 – “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Infelizmente esse tipo de ÉTICA têm enganado a muitos crentes que deixam-se conduzir por uma teologia cristã em grande parte dominada por esse tipo de proposta hedonista religiosa.
TEXTO 3 – DIFERENTES TIPOS DE ÉTICA (Continuação)
ÉTICA NATURALISTA - Segundo a Ética Naturalista o homem é produto da natureza. Ou seja, este engano acredita que o homem é um produto dum processo evolutivo. Na prática, este falso conceito ético se apóia na teoria da evolução das espécies, muito em voga nos dias atuais. Mas o que efetivamente ensina a TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES?
Infelizmente essa famosa teoria postula que as espécies que habitaram e habitam o nosso planeta não foram criadas independentemente por ação divina, mas elas descendem umas das outras, ou seja, estão ligadas por laços evolutivos. Esta transformação, denominada evolução das espécies, foi apresentada e explicada satisfatoriamente por Charles Darwin, no seu tratado “A origem das espécies, em 1859”.
Mas quais são as conseqüências da Ética naturalista em nossa vida diária? Algumas, como mostramos a seguir:
1) A rejeição de todos os esforços para proteger os fracos; estabelecendo-se, portanto, a lei e a justiça do mais forte. Verificamos que esse falso preceito muitas vezes está inserido nos ambientes de trabalho e até mesmo nos relacionamentos familiares.
2) O naturalismo argumenta que é mal interferir com a natureza, encorajando a sobrevivência dos inabilitados que ela quer eliminar. Longe de elogiar aqueles que cuidam dos doentes, os seguidores da Ética naturalista condenam a sociedade e aqueles que dispensam dinheiro, tempo e esforço na preservação dos mais fracos. Esse pensamento é totalmente anti-bíblico, pois a Palavra de Deus é bem clara:
Tg 4:17 – “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”
Ec 9:4 – “Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto.”
Segundo este conceito ético, somente as pessoas doentes, cuja recuperação pudesse trazer alguma vantagem para a sociedade, deveriam receber cuidados médicos. Os outros, especialmente os velhos, deveriam ser descartados.
3) Recebemos por imposição nas escolas seculares tais ensinos que são contrários a Deus e a Sua Palavra.
Por isso, dotados deste errôneo conceito ético os primeiro conquistadores da América do Norte usaram seu conhecimento do Antigo Testamento para justificar o seu tratamento desumano contra os índios. Eles se auto-identificavam como os Israelitas (o povo santo) e ao mesmo tempo identificavam os índios com os Cananeus (povos inimigos de Israel), que segundo a história bíblica foram entregues por Deus para a destruição completa. Ou seja, utilizando mal o princípio de interpretação e aplicação da Palavra de Deus, eles geraram uma total destruição usando esse tipo de “leitura” e “releitura” que fizeram da Bíblia para justificar as suas atitudes. Da mesma forma fez Adolf Hitler quando ele procurou estabelecer a supremacia duma super-raça, a raça ariana, onde ele acabou condenando mais de seis milhões de judeus à morte.
ÉTICA RELATIVISTA - De acordo com a Ética Relativista o homem é a medida de todos as coisas. Segundo este conceito ético, uma opinião é tão boa quanto à outra, e cada pessoa deve estabelecer seus próprios conceitos éticos, que serão verdadeiros para ele mesmo e para mais ninguém. O “religiosismo moderno” tem lançado mão deste conceito ético e o tem feito seu aliado, pelo que é comum se ouvir:
“Todas as religiões são boas, desde que exercidas com sinceridade, ou Todas as religiões conduzem o homem a Deus.”
Noutras palavras: O certo é o que eu considero certo e errado é o que considero errado!
Neste particular, existem tantas Éticas quantas são as pessoas, pelo que ninguém deve se atrever julgar qual de todos estes sistemas seja o mais correto. A afirmação de queo homem é a medida de todas as coisas, como já vimos, expressa em termos religiosos que não existem verdade ou falsidade religiosas, e que todas as religiões são igualmente boas quando professadas sinceramente.
Assim, segundo este preceito, não importa que alguém creia em Deus, outro em Alá, outro em Buda, outro nos Orixás. Segundo eles, tudo o que você precisa é apenas uma espécie de crença. Para os defensores deste conceito, Deus, Alá, Buda ou os Orixás são todos iguais. Em linguagem popular, isto significa que somos todos iguais, pelo que iremos para o mesmo lugar mesmo que alguns pensem que é o nirvana, paraíso, inferno, purgatório ou milênio. Porém a Bíblia é categórica ao afirmar que somente JESUS é o MEDIADOR entre DEUS e o HOMEM!
1ª Tm 2:5 – “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,”
Hb 8:6 – “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.”
At 17:31 – “porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”
1ª Ts 5:9 – “porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo,”
Pv 16:25 – “Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.”
Ou seja, para os defensores do relativismo moral não existe “verdade absoluta” nem preceitos “absolutos”. Eles acreditam que cada homem deve fazer a sua escolha e deve sempre expressar a sua vontade de forma que nunca venha a atentar para nenhum tipo de padrão de caráter universal, partindo imediatamente do princípio que as verdades e diretrizes contidas nas Sagradas Escrituras e que apontam a Bíblia como a única norma de fé, de prática e de conduta (comportamento), não pode ser entendida como valores absolutos. Ou seja, eles questionam a autoridade e a validade eterna da Palavra de Deus.
Nesse tipo de posicionamento, todas as coisas são relativas, e o certo muitas vezes é tido como o errado, e o errado outras vezes é tido como o correto. O profeta Isaías com muita propriedade nos mostra que esse tipo de comportamento traz para o homem que age e pensa desta forma, uma expectativa de juízo de Deus. Normalmente, os adeptos dessa prática dizem sempre para justificar os seus erros, que o que eles fazem “Não tem nada haver”.
Is 5:20-21,24 – “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho, e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel.”
Enfim, podemos observar traços marcantes do relativismo moral, quando se fala de:
- culto ( para eles, cada pessoa tem o seu deus e acredita no que quiser)
- Bíblia (para eles a Bíblia é válida somente para os cristãos e não para todas as pessoas)
- Jesus (segundo esta corrente de pensamento, Jesus é apenas mais um profeta que veio ao mundo, e que segundo eles, não representa a única fonte de salvação. Daí aquele antigo ditado: “todos os caminhos levam a deus”.)
Enfim, esse pensamento anticristão, ou seja, o relativismo ético está fundamentado em duas grandes correntes seculares:
1ª corrente – MATERIALISMO FILOSÓFICO – Propaga que a única realidade do universo é a existência de um mundo físico e material, sendo que nada pode existir além deles. E isso influenciou a muitas religiões, tais como os adventistas do Sétimo Dia, que acreditam que quando o homem morre, ele fica inconsciente, não percebendo o que se passe ao seu redor. Essa falsa doutrina se chama doutrina do “Aniquilacionismo”, ou “Sono da Alma”. Essa doutrina ensina que quando os cristãos morrem, eles entram em um estado de existência inconsciente e que voltarão à consciência somente quando Cristo voltar e ressuscitá-los para a vida eterna.
2ª corrente – EXISTENCIALISMO –A pessoas que depositam as suas convicções neste tipo de filosofia de homens, elas passam a viver de forma independente de Deus, e não levam e consideração a realidade bíblica da prestação de contas a Deus com relação as nossas obras e a nossa fé. Enfim, a característica principal destas pessoas é o menosprezo a eternidade e ao julgamento de Deus.
Ap 20:12 – “Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.”
Comentário de Ap 20:12 - O Julgamento do Grande Trono Branco ocorrerá após o milênio e após Satanás, a Besta e o Falso Profeta serem lançados ao lago de fogo conforme registraAp 20:7-10. Portanto, neste dia, segundo Mt 25:31-46 e Ap 20:12, os livros das obras serão abertos, e revelarão os feitos de todos os homens, sejam eles bons ou maus. E diz a Bíblia que nesta mesma ocasião, todas as nações da terra serão reunidas na presença de Deus, e homens de todas as tribos, línguas e nações estarão diante do Senhor para um Grande julgamento, onde ali mesmo, diante do Deus Todo-Poderoso Deus, haverá a separação final entre o povo de Deus e os servos do Diabo, entre os cabritos, ou seja, aqueles que rejeitaram a Cristo, das ovelhas, que são os verdadeiros filhos de Deus.
Ou seja, Mateus registrou a mesma representação espiritual que mais tarde o apóstolo João relataria em sua experiência de arrebatamento ao 3º céu, onde com muita riqueza de detalhes, ele descreveu exatamente o que ocorrerá nesse momento:
Ap 20:11-15 – “Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. 12 Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. 13 Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.
14 Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. 15 E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.“
Enfim, tanto o Evangelho de Jesus segundo Mateus como o Livro de Apocalipse, nos chamam a atenção para um quesito fundamental que fará toda a diferença para cada um dos servos de Deus naquele Grande Dia: - Os frutos que geramos para Deus enquanto caminhamos nesta terra!
Ou seja, Deus hoje está nos alertando para a realidade de vivermos uma vida cristã frutífera e operante, tal como nos ensinou o apóstolo Tiago em seu discurso sobre fé e obras, onde inspirado pelo Espírito Santo, Tiago nos ensina claramente que as boas obras são conseqüências naturais da nossa fé em Jesus, tal como uma boa árvore que naturalmente produzirá bons frutos.
Tg 2:14-18 – “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? 15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, 16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? 17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. 18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.“
Lc 6:43-44 – “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. 44 Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas.“
Por isso, precisamos compreender que a base desse julgamento e dessa separação, que o próprio Deus fará entre os filhos de Deus e os ímpios, estará pautada em DOIS PILARES:
- 1º PILAR – As ovelhas ficarão à direita de Deus! Segundo a interpretação desse texto, as ovelhas simbolizam todos os crentes que deram crédito à salvação que há no nome de Jesus! A Bíblia declara que todos os que confessaram a Cristo Jesus como Senhor e Salvador e guardaram a fé, estarão com os seus nomes arrolados no Livro da Vida, pois já haviam se decidido por Cristo, recebendo a vida eterna e o livramento da ira de Deus que é a segunda morte.
Rm 5:1 – “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;”
1ª Ts 5:9 – “porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo,”
Ap 2:11 – “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.”
Jo 3:36 – “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.”
2º PILAR – Além da fé em Jesus, Deus também requererá de nós as obras de justiça, as obras que devem ser praticadas pela fé!
Segundo este critério divino, serão as obras acompanhadas da fé na Palavra de Deus que servirão mais uma vez de provas incontestáveis para diferenciar as ovelhas do Senhor, dos cabritos, ou seja, dos ímpios e dos incrédulos. Enfim, além da nossa fé em Jesus, Deus também levará em conta a nossa responsabilidade espiritual que tivemos ao longo da nossa vida cristã em pregar a Palavra de Deus, e também a preocupação que manifestamos com as necessidades materiais do nosso próximo, pois diante do Pai, cada um de nós, já foi constituído por Ele, como Seus atalaias, e também como seus embaixadores nesta terra.
2ª Co 5:18-20 – “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.”
Ez 18:23 – “Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? —diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?”
Ez 3:18-19 – “Quando eu disser ao perverso: Certamente, morrerás, e tu não o avisares e nada disseres para o advertir do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse perverso morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue da tua mão o requererei. 19 Mas, se avisares o perverso, e ele não se converter da sua maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu salvaste a tua alma.”
Portanto amados, quando Jesus falou aos seus discípulos que existirão pessoas que não experimentarão a vida eterna, e sim a 2ª morte, é porque além dessas pessoas terem rejeitado a Cristo como Senhor e Salvador conforme registra Mc 16:16, tais pessoas também não atentaram para um princípio fundamental do Reino de Deus: A preocupação com aqueles que foram feitos à imagem e semelhança de Deus!
Por isso, no decorrer do texto de Mt 25:34-46, Jesus precisou deixar bem claro que além de fazer discípulos de todas as nações, a Igreja também deverá sempre prestar assistência aos necessitados, pois quando fazemos o bem ao nosso próximo, na verdade estamos fazendo o bem diretamente ao Senhor Jesus, o nosso Rei.
Mt 25:44-46 - “Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te? E Jesus lhes respondeu: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
Tg 4:17 – “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”
Hb 6:1-2 – “Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno.”
Para essas pessoas, Deus jamais existiu, outros o vêem apenas como um mito (1. Como uma Fábula que relata a história dos deuses, semideuses e heróis da Antigüidade pagã. 2. Ou como uma interpretação primitiva e ingênua do mundo e de sua origem. 3. Ou como um coisa inacreditável. 4. Ou como um enigma. 5. Oucomo uma utopia ou como uma Pessoa ou coisa incompreensível.) que perdeu o seu significado graças ao progresso do conhecimento humano.
· E como o “existêncialismo” têm interferido na Igreja de Jesus??
A resposta é clara: Pelo fato de não se acreditar mais nas conseqüências de nossas obras para a nossa vida espiritual, Certo teólogo escreveu:
“o problema não é simplesmente que o povo está pecando mais e obedecendo menos. O problema é, antes, que um número crescente de pessoas no mundo, como também dentro das Igrejas, recusa-se a considerar muitos tipos de comportamento como pecado. Ou seja, o ser humano, pautado em sua própria razão, decide que determinado comportamento, ou atitude não é pecado. Isto é, cada pessoa é livre para decidir sobre o que é ou não errado.
ÉTICA ESTÉTICA - Ética Estética é um princípio que age através dos sentimentos e emoções humanas, para dar significado à vida e transformar insignificâncias em beleza. Este conceito é muito usado no processo de análise de muitos valores do cristianismo da nossa época. Porém, devemos nos lembrar que o cristianismo pode ser destituído do seu verdadeiro significado se lhe for dado algum tipo de tratamento estético que substitua a idéia de serviço e renúncia por amor a Cristo, por qualquer tipo de mensagem que massageie o ego ou promova somente mudanças externas nas pessoas.
Devemos lembrar que particularmente a respeito de Cristo, o profeta Isaías 53.2-3 nos diz: “não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.”
Compare esta descrição profética a respeito de Cristo, com a sua imagem favorita dele, por exemplo: com o Cristo belo cantado no hino Rosto de Cristo, muito popular no Brasil e pergunte a você mesmo: - Estarei envolvido numa fuga estética a respeito de Cristo?
Na maioria dos casos o que queremos mesmo é uma alternativa diferente! Como disse George W. Forell: “A cristandade tem sempre estado em perigo de escapar do discipulado do Cristo vivo, para a adoração de algum salvador bonito.” (Ética da decisão, página 64).
CONCLUSÃO – Poderíamos abordar muitos outros tipos de Ética; porém, nos limitaremos aos tipos tratados anteriormente, a fim de entrarmos em seguida na ÉTICA CRISTÃ, estabelecendo as diferenças fundamentais entre ela e as tratadas até aqui.
TEXTO 4 – A ÉTICA CRISTÃ – Como já foi dito,ÉTICA é o estudo crítico da moralidade. Porém, ao abordarmos especificamente a ÉTICA CRISTÃ , vemo-nos na obrigação de particularizá-la, em razão desta se distinguir de outros tipos de Ética, quanto os seus motivos, meios e fins.
Ou seja, no contexto evangélico, a ÉTICA CRISTÃ, é um somatório de princípios que formam e dão sentido à vida cristã normal. É a marca registrada de cada crente. É o que cada crente é, pensa e faz! Também pode ser Por aquilo que o crente é e faz, evidencia a sua dependência de Deus e do seu próximo.
Aqui está a fundamental diferença entre Ética Cristã e Ética como simples estudo crítico da moralidade.
EVIDÊNCIAS DA ÉTICA CISTÃ:
Como um MODELO DE VIDA CONCRETA, a ÉTICA CRISTÃ apresenta o crente ao mundo de QUATRO FORMAS, dadas a seguir:
1. UMA PESSOA NASCIDA DE NOVO - Para viver uma vida nova, torna-se necessário que o homem nasça de novo; nasça do céu, para as coisas do céu. Falando a Nicodemos, Jesus disse a todos os homens: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (Jo 3.3).
Só o nascimento espiritual na família de Deus, pode dotar o homem da natureza divina e capacitá-lo a viver de forma a agradá-lo. Por isso, quando o homem decide viver para Deus ele passa também a estar habilitado a viver para o seu próximo, pois a vida que passa a gozar é tão abundante (Jo 10.10) que dá para comunicá-la aos outros através das boas obras em Cristo Jesus.
Rm 6:11-14 – “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; 13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. 14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.“
Comentário de Rm 6:11-14 – Mas o que significa verdadeiramente considerar-se morto para o pecado? E como podemos nos livrar dessa terrível ameaça, já que a sua realidade está sempre diante de nós?
Precisamos entender que assim como Cristo morreu por cada um de nós levando sobre Si todas as nossas dores, pecados, enfermidades e maldições, da mesma forma, nós também fomos batizados com Jesus em Sua morte. Ou seja, quando nos unimos a Deus por meio de Cristo Jesus nosso único mediador – 1ª Tm 2:5, imediatamente nos tornamos co-participantes de Sua morte e também co-participantes de Sua ressurreição, pois a Bíblia nos descreve que assim como Jesus venceu tanto a morte como o pecado, da mesma forma cada um de nós se permanecermos N’Ele, nós também venceremos, pois lá na cruz do calvário todos os nossos pecados foram crucificados com Cristo!!
Rm 6:4-7 – “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. 5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, 6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; 7 porquanto quem morreu está justificado do pecado.
Portanto, “estar morto para o pecado” não significa que devemos ignorar a sua existência, pois segundo a Palavra de Deus, o pecado é tão real quanto a nossa salvação, e por isso mesmo, ele ainda representa uma ameaça muito grande à vida do crente, que mesmo não sendo mais deste mundo, ainda convive nesta terra num corpo corruptível, sujeito ao levante da carne contra o espírito, e até mesmo aos efeitos das tentações, dos desígnios satânicos, dos desejos e da cobiça que muitos carregam em seus corações!
Rm 6:12 – “ Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;”
Gl 5:17 – “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.”
Hb 12:1 – “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,”
2ª Co 2:11 – “para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos osdesígnios.”
Tg 1:14-15 - “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”
Porém, se permanecermos ligados a videira, que é Cristo, naturalmente a Bíblia irá se cumprir em nós! O pecado não terá mais domínio sobre nós, nem tão pouco as condenações e acusações de Satanás, pois Cristo já nos justificou!
Rm 6:11 – “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”
Rm 5:1 – “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;”
Enfim amados, ser e agir como nova criatura é na prática o abandono dos nossos velhos maus hábitos, dos nossos vícios, e também dos nossos pecados, tal como o apóstolo Paulo orientou aos Colossenses:
Cl 3:5-11 – “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; 6 por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. 7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. 8 ¶ Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. 9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos 10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; 11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.”
2. SAL DA TERRA – Diante da Palavra de Deus são aqueles que já experimentaram o novo nascimento e agora vivem de acordo com a vocação divina, conforme Jesus falou: “Vós sois o sal da terra.” (Mt 5.13).
E o que há de interessante no sal? O sal tem a propriedade de conservar, equilibrar e dar sabor. Por isso, como sal da terra, o crente possui a singular responsabilidade de conservar a sua identidade com Deus, ser um agente de equilíbrio e comunica sabor ao ambiente onde o império da morte se faz presente e impera. Ou seja, a salinidade do cristão deve ser percebida através do seu caráter conforme é descrito nas bem-aventuranças através dos atos e palavras.
Para ter eficácia, o cristão precisa conservar a sua semelhança com Cristo, assim como o sal deve preservar a sua salinidade. Se os cristãos forem assimilados pelos não-cristãos, deixando-se contaminar pelas impurezas do mundo, perderão a sua capacidade de influência.
3. LUZ DO MUNDO - Em (Mt 5.14), Jesus diz aos seus seguidores de todos os tempos: “Vós sois a luz do mundo.” A luz brilha e se opõe às trevas. É exatamente isto o que Deus quer que o cristão faça. O cristão deve saber que o mundo jamais verá a Deus melhor do que o próprio crente é capaz de apresentar através de suas atitudes e atos. Por isto Jesus acrescentou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5.16).
É INTERESSANTE QUE EM Mt 5, após anunciar as bem-aventuranças e os valores do Reino de Deus, Jesus agora nos apresenta duas comparações que ressaltam bem o princípio do SER antes do FAZER. Ou seja, para efetivamente transformarmos este mundo através do amor de Deus em nossos corações, precisamos SER o sal puro sem mistura, e também SER a luz que deve ficar permanentemente acesa, para que do alto venha a iluminar mais e mais.
Mt 5:15-16 – “ nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. 16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”
Ou seja, enquanto a função do sal é principalmente evitar a deterioração, a ilustração da luz deixada por Jesus nos remete a simples idéia de que o cristão precisa iluminar as trevas. Porém, existe algo interessante nestes dois elementos citados por Jesus: - O SAL e a LUZpossuem duas características em comum: - Eles se dão e se gastam, e isto é o oposto de qualquer conceito Ético religioso concentrado no ego. Portanto, como sal da terra e como luz do mundo, o crente pode viver um modelo de vida que além de dar segurança e um real senso de realização, contribuirá também para que outros se aproximem de Deus e tenham a nova vida oferecida em Jesus Cristo.
4. TESTEMUNHA DE JESUS CRISTO - A vida frutífera alcançada através duma comunhão constante com Cristo capacita o crente a partilhar as imensuráveis riquezas espirituais com aqueles que como ele habitam neste vale de lágrimas. Por isso, contar aos outros o que Deus fez em seu benefício, é uma das formas mais saudáveis de manter a bênção recebida. Foi exatamente através do testemunho da fé e da pregação cristocêntrica que a Igreja primitiva cresceu e se espalhou pelo mundo, pois afinal de contas foi o próprio Cristo quem nos fez Suas testemunhas!
At 1:8 – “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”
Comentário de At 1:8 – Através desse texto, Lucas registra que o próprio Deus disponibilizaria a Igreja Primitiva o Seu Espírito Santo que após ser derramado em Pentecostes em formas de línguas como de fogo, capacitaria definitivamente os discípulos a serem verdadeiras testemunhas de Jesus, a tal ponto que após serem cheios do Espírito Santo no cenáculo em Jerusalém, o que parecia impossível de ser feito pelos discípulos, em tão pouco tempo aconteceu: - A Igreja Primitiva conseguiu em menos de 35 anos, sem nenhum artifício de tecnologia, conseguiu pregar o Evangelho e alcançar cidades inteiras de Jerusalém a Roma, capital do Império Romano, para servir de testemunho eterno a todas as gerações, que nada pode interromper o avanço do Evangelho, exatamente como o próprio Cristo já havia profetizado em seu diálogo com Pedro em Mt 16:18:
Mt 16:18 – “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Portanto, no Livro de Atos podemos identificar que a pregação do Evangelho de fato começou em Jerusalém, a metrópole da nação de Israel através dos apóstolos do Cordeiro, principalmente através dos apóstolos Pedro e João, e também através de um dos sete diáconos da Igreja Primitiva, chamado Estevão, o 1º mártir da Igreja, que por testemunharem unidos a favor do Evangelho, serviram como importantes instrumentos para a evangelização dos Judeus após o dia de pentecostes e o derramamento do Espírito Santo.
Enfim, a Igreja prosseguiu pregando o Evangelho, e por isso, a Palavra de Deus pôde chegar a regiões distantes, tais como à Samaria pelas mãos de Filipe, à região de Antioquia (Uma província romana da Galácia) por intermédio de Paulo e Barnabé (At 11:22; At 13:14), e por fim, chegou até Roma, capital do Império Romano, onde a Bíblia relata que o apóstolo Paulo esteve pregando o Reino de Deus sem impedimento algum (At 28:23-31), e por isso mesmo, foi perseguido e preso numa casa em Roma, onde aguardou a sua morte (2ª Tm 1.16-17 / 2ª Tm 4:6-8). Enfim, isso é ser testemunhas de Jesus!
DEMONTRAÇÃO DA ÉTICA CRISTÃ
Há determinadas coisas que não se consegue esconder por muito tempo, entre as quais destacaríamos: a sabedoria e a tolice, a riqueza e a pobreza, a beleza e a feiúra. No domínio das coisas espirituais também, há duas coisas que não se consegue esconder por muito tempo: uma vida de retidão ou de hipocrisia. Assim como não se esconde uma cidade edificada sobre um monte (Mt 5.14), também é impossível se esconder por muito tempo às virtudes duma vida de comunhão com Deus.
A ÉTICA CRISTÃ é uma norma de vida a ser vivida por aqueles que encontram vida abundante em Cristo, e como tal, deve ser demonstrada através duma contínua comunhão com Deus, de cooperação com o próximo e com a sociedade dum modo geral.
Lição 2 - BASES DA ÉTICA CRISTÃ - Como um princípio de vida definido, a ÉTICA CRISTÃ repousa sobre bases igualmente definidas, como sejam: o decálogo, os profetas e sábios do Antigo Testamento, as doutrinas do homem e do pecado, à vontade de Deus, Jesus e o reino de Deus. Muitas outras bases sobre as quais repousam a ÉTICA CRISTÃ poderiam ser mencionadas aqui, porém, para evitar a saturação, decidimos tratar apenas desta que o aluno encontrará ao longo desta lição.
O DECÁLOGO ou os DEZ MANDAMENTOS formam o primeiro tratado Ético, dado pelo Senhor com o propósito de regular o comportamento humano no cumprimento de seus deveres para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo. As doutrinas do homem e do pecado tratam daquilo que o homem foi, é, e poderá ser desde que se conscientize do propósito de Deus para a sua vida, a despeito da sua aderência voluntária ao pecado.
Por sua vez, à vontade de Deus revelada através das Escrituras, da obra do Espírito Santo no homem e das obras que a mão Divina realizou. Por isso, todos esses fatos servem de direcionamento para o homem, uma vez que o homem abandone o pecado e descubra que em fazer a vontade divina ele conquistará uma vida muito mais abundante e proveitosa. Por fim, na pessoa de Jesus Cristo e sua relação com o Reino de Deus, encontramos a bússola que nos orientará como é possível viver uma vida cristã com padrões espirituais, morais e sociais muito acima dos princípios impostos pela sociedade moderna.
TEXTO 1 – O DECÁLOGO, OS PROFETAS E OS SÁBIOS - Como um princípio de vida definido, a Ética Cristã repousa sobre bases espirituais igualmente definidas:
O DECÁLOGO - Os Dez Mandamentos, conhecidos também por Decálogo dados por Deus a Moisés no Monte Sinai (Ex 20), formam o primeiro tratado Ético dado pelo Senhor Deus com o propósito de reger o comportamento do homem. Como tal, o Decálogo estabelece os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para o seu próximo. Mas qual foi a importância dos dez mandamentos para Israel?
Como sabemos, após serem livres do Egito e do domínio de Faraó, o povo de Deus necessitava de uma REVELAÇÃO DE DEUS para orientá-los quanto à conduta e também quanto ao culto em Israel. Sendo assim, a Lei serviria para convencer o povo sobre a realidade do pecado, e por isso, mesmo, quando fossem convencidos do pecado, Deus precisou também estabelecer os sacrifícios, como mecanismos espirituais de purificação do povo. E assim, com a Lei, e com os sacrifícios, Deus então estabeleceu na Velha Aliança o culto a Deus, composto de dois elementos essenciais: “O TABERNÁCULO” e a figura do “SACERDOTE”.
E foi então que Deus deu a Moisés a constituição de Israel, contendo a expressão décupla da vontade de Deus, que foi gravada em pedra. E sobre o que tratavam estes mandamentos?
- O PROPÓSITO DOS MANDAMENTOS – Gl 3:19 – “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.“
Comentário de Gl 3:19 – Esse texto nos esclarece que além de indicar para o homem a sua real condição espiritual diante de Deus, ou seja, a sua natureza pecaminosa, a LEI também forneceu ao homem uma espécie de código de comportamentos ou um código de Ética, delimitando para o homem a extensão de suas ações e reações. Só para que possamos compreender melhor a preocupação do Senhor com o Seu povo, podemos identificar o conteúdo da LEI em três grandes verdades:
- 1ª Forma – A Lei Civil – Tinha por finalidade regular a sociedade civil do Estado Teocrático de Israel. Estas Leis podem ser notadas de Êx 21 a Êx 23, e tratam da lei acerca dos servos, da violência, do direito a propriedade, do testemunho falso e da injúria.
- 2ª Forma – A Lei Religiosa ou Cerimonial – Esta Lei representa a conduta que Israel precisaria adotar para cultuar e sacrificar a Deus, e está presente no Livro de Levítico, que trata das leis referentes aos Levitas e ao seu Serviço. Na prática eram Leis que falavam: de ofertas (Lv 1-7), da purificação (Lv 11-22), das ofertas (Lv 23-24) e da terra (Lv 25-27).
- 3ª Forma – Lei Moral – Definia os deveres morais dos filhos de Israel acerca do consumo de alimentos (Lv 11), da purificação dos corpos (Lv 12 a 14:32), dos lares santos (Lv 14:33-57), dos costumes santos (Lv 15) e da santidade perpétua ao Senhor (Lv 16).
Enfim, através do Decálogo, Deus reivindica exclusivamente para Si, o título de Soberano sobre a vida dos homens, e condena a idolatria, assim como a necessidade moral do homem de guardar um dia de descanso semanal. Ele também fala da necessidade do filho honrar a seus pais e fala da preservação da vida. Da mesma forma, trata da integridade física do nosso próximo, repudia a impureza sexual e o roubo (Ex 20.11-15) e ainda adverte acerca do falso testemunho e contra a cobiça (Ex 20.16-17).
A despeito de Deus haver abolido a maldição da Lei através da obra que Cristo efetuou na cruz do Calvário, a Lei continua como um princípio de vida que deve ser observado pelo homem do nosso século; pois, moralmente, diante do Tribunal de Cristo, todos os crentes serão julgados segundo a Lei.
2ª Co 5:10 – “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.”
1ª Co 3:13-15 – “manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. 14 Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; 15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.”
Rm 14:10 – “10 Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.”
OS PROFETAS - Aos profetas, de modo especial, coube a responsabilidade de interpretar e popularizar o ensino da Lei. Neste particular, os profetas eram uma espécie de vigilantes e promotores do desenvolvimento espiritual e social da nação. Na qualidade de mensageiros da vontade divina, confirmavam a fé dos humildes e tementes a Deus, condenavam a auto-suficiência dos arrogantes, e elevavam a fidelidade e justiça divina acima de todo e qualquer padrão humano.
Portanto, o PROFETISMO ou o MINISTÉRIO PROFÉTICO em Israel surgiu na verdade a 800 a.C. em Israel, e tinha objetivos específicos previamente designados pelo Senhor, como por exemplo: restaurar o culto monoteísta ao Senhor Jeová, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor, reacender a esperança no Messias e promover a justiça. E historicamente falando, a Bíblia nos fala que todos esses compromissos dos profetas com o Senhor, foram sendo não só preservados, mas também divulgados e ensinados pelo profeta Samuel quando pela vontade divina, Samuel fundou a Escola de Profetas. Mas o que representava essa instituição? A ESCOLA DE PROFETAS tinha como metas transmitir a alguns do povo, ensinos sobre o Deus de Israel, sobre a história de Israel, sobre as Leis, letras e músicas do povo do Senhor – 1º Sm 19:18-20 / 2º Rs 2:3.
Enfim, os profetas de Deus como “bocas de Deus na terra”, inicialmente tinham espaço na sociedade e na política, servindo aos reis após o estabelecimento da monarquia em Israel, como verdadeiros conselheiros.
Um exemplo de profeta é o profeta Jeremias (Jr 1:4-6,9-14).
Jr 1:4-6,9-14 – Comentário – Essas palavras são maravilhosas, pois com cerca de 24 anos, a Bíblia registra que Jeremias iniciou o seu ministério. Como profeta, Jeremias iniciou o seu ministério no reinado de Jeoaquim, e profetizou até a queda de Jerusalém. O seu chamado divino é tido como um dos mais detalhados da Bíblia para os profetas, ficando atrás somente do chamado de Isaías. A profundidade de seu ministério se dá no “teor” de suas palavras inspiradas por Deus, pois o profeta havia sido escolhido antes mesmo de nascer, e o próprio Deus que o havia escolhido, foi o Deu que também determinou que Jeremias pregasse às nações e aos reinos.
Na prática, Jeremias deveria profetizar para Judá e para as demais nações. Um fato interessante, é que seria dado a Jeremias o conhecimento de que seria do NORTE que o mal seria derramado sobre os habitantes da terra. Ou seja, em Jr 20:4 Jeremias identifica o inimigo como sendo a Babilônia, e que por vontade divina, haveria um cerco a Jerusalém e a todas as cidades do Reino do Sul (Judá), pois biblicamente falando, tanto Judá, como o Reino do Norte, falharam na missão de guardar-se do mal. A Bíblia diz que nesse tempo, os líderes levaram as nações ao desastre e por isso, o povo seria exilado. Porém, o mesmo Deus que permitiria o cativeiro, seria também o Senhor que traria um remanescente do cativeiro, e futuramente, derrotaria os inimigos do Seu povo – Jr 30:18 / Jr 31:6 / Jr 30:16.
OS SÁBIOS - Como os profetas, os sábios, mais precisamente Jó, Davi e Salomão, a Bíblia nos mostra que eles tiveram um papel específico e decisivo na forma da Ética Cristã. Por exemplo: com o patriarca Jó aprendemos o quanto o homem pode sofrer e ainda assim não se afastar do seu redentor que vive (Jó 19.25). Com Davi, através de seus salmos, proféticos ou não, aprendemos que a despeito das nossas naturais limitações, Deus é Senhor do universo e vela por nós (Sl 121). Com Salomão, através dos seus provérbios imortais e do seu Eclesiastes, aprendemos que a verdadeira sabedoria tem a sua fonte em Deus e que qualquer tipo de vida ou ocupação descentralizada de Deus é pura vaidade.
O apóstolo Paulo escreveu que tudo quanto antes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança (Rm 15.4). Evidentemente isto fala do Antigo Testamento, que junto com o Novo formam a Bíblia Sagrada, tão atual quanto o jornal de amanhã. Portanto, reflitamos sobre os escritos dos sábios e a atualidade dos profetas, como a revelação da vontade de Deus para a nossa vida hoje, pois Jesus reconhecia estas verdades!
A Bíblia nos fala que Jesus após a sua ressurreição apareceu subitamente a seus discípulos, para lhes abrir o entendimento com respeito ao que as Escrituras profetizavam a Seu respeito, ou seja, a respeito da vida e ministério que Jesus desenvolveria como “Deus encarnado” entre os homens. Por isso, em Lc 24:44-46, o próprio Jesus relaciona a Sua manifestação pública a todas as profecias contidas na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos Messiânicos – Sls: 2,16,22,40,45,72,110,118. Ou seja, o ministério terreno de Jesus representava na verdade, uma grande prova do compromisso que o próprio Deus possuía de fazer cumprir a Sua Palavra, através daquilo que já havia sido compartilhado com Israel, através da boca de Seus profetas e homens santos do A.T.
LEMBRE-SE DISSO: O autêntico ministério profético, é aquele que está subordinado à Palavra de Deus, bem como aquele que reconhece como inspirados, os escritos dos homens de Deus do passado, ou seja, no que se refere o tempo da Lei. Precisamos entender que Deus vela para que a Sua Palavra se cumpra – Jr 1:12.
A esse respeito, Jesus, bem como os apóstolos, especialmente o apóstolo Pedro, deram prova de que não somente conheciam a Lei, os Profetas e os Salmos, como também sabiam aplicá-los corretamente aos contextos sociais, espirituais e morais em que viviam. Por exemplo:
- EXEMPLO DE JESUS – A fim de promover a fé e o entendimento sobre a ressurreição e Jesus como parte do plano de redenção do homem, Jesus falou a dois de seus seguidores à caminho de Emaús, que mesmo reconhecendo o Seu ministério terreno, como um ministério autêntico e verdadeiro, isso apenas não bastava! Ainda que reconhecessem a Cristo como “varão profeta, poderoso em palavras e obras, diante de Deus e de todo o povo”, isso não bastou para que seus discípulos ficassem incrédulos quanto ao cumprimento da promessa de ressurreição de Jesus – Lc 24:19,25.
Por isso, Jesus precisou lembrá-los de todas as coisas profetizadas a Seu respeito, e para isso, Jesus viajou na Palavra de Deus, começando por Moisés e indo até os profetas –Lc 24:27. Ou seja, nesse momento de relembrar as profecias a Seu próprio respeito, certamente o Filho de Deus citou o Sl 16, Sl 100 e Is 53. Por exemplo, somente no Livro do Profeta Isaías, Jesus poderia citar pelo menos 10 profecias que referiam-se a Ele mesmo, e que certamente se cumpririam. Vejamos:
- Is 53:1,3 – Jesus seria amplamente rejeitado, e seria tido como um homem de dores, e as pessoas esconderiam os seus rostos d’Ele.
- Is 52:14 /Is 53:2 – Jesus ficaria desfigurado pelo sofrimento, a ponto de ficar desfigurado e sem formosura.
- Is 53:7-8 – Jesus aceitaria sofrer e morrer voluntariamente em prol dos pecadores, a ponto de Isaías registrar que Ele seria ferido pela transgressão do Seu povo.
- Is 52:15 / 1ª Pe 1:18-19 – Jesus faria a remissão dos pecados dos homens, pelo poder de seu sangue, e para isso, Ele seria entregue, e posteriormente ao seu sofrimento e morte de cruz, Ele ressuscitaria para a justificar aos seus escolhidos.
- Is 53:4-5 / 1ª Pe 2:24-25 – Jesus levou sobre Si a aflição causada pelos pecados dos homens.
- Is 53:6 – Os nossos pecados forram os responsáveis pela morte de Jesus.
- Is 53:12 – Jesus morreria para fazer a propiciação e o único e perfeito sacrifício em favor da humanidade, a fim de que a ira de Deus fosse aplacada. E assim, tornou-se o nosso Grande e ÚNICO Mediador entre Deus e nós – 1ª Tm 2:5 / Hb 9:15.
- Is 53:9 – Jesus seria sepultado num sepulcro de um rico. Isso se cumpriu através de José de Arimatéia, a quem colocou o corpo de Jesus em um sepulcro novo que lhe pertencia – Jo 19:38-42.
- Is 53:10-11 - Jesus salvaria todos aqueles que acreditassem na eficácia de seu sacrifício.
- Is 52:13 / Fp 2:9-11 – Jesus seria engrandecido e elevado.
TEXTO 2 – AS DOUTRINAS DO HOMEM E DO PECADO - Como aquilo que o homem faz está inevitavelmente relacionado com aquilo que ele é, e aquilo que ele é, d’alguma maneira está relacionado àquilo que ele foi, para melhor compreender a real vocação do homem desde o princípio da criação, necessário se faz estudarmos, ainda que limitadamente, as doutrinas do homem e do pecado.
A DOUTRINA DO HOMEM - A Bíblia nos apresenta um duplo relato da origem do homem (Gn 1.26-27) e (Gn 2.7). Partindo destes textos, conclui-se que:
a. A criação do homem foi precedida por um solene conselho divino;
b. A criação do homem foi um ato imediato de Deus;
c. O homem foi criado segundo um tipo divino;
d. os elementos da natureza humana (espírito, alma e corpo) se distinguem;
e. O homem foi criado coroa da criação de Deus.
Quanto à sua natureza, o homem é um ser dotado de três elementos distintos, os quais são:
1. Espírito - O espírito é o âmago e a fonte da vida humana; é um tipo de alma desencarnada, ou um espírito humano que recebe expressão mediante o corpo. Ele está na parte interior da natureza do homem, e é capaz de renovação e desenvolvimento.
Jó 32:8 – “Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio.”
Pv 16:2 – “Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o SENHOR pesa oespírito.”
Pv 20:27 – “O espírito do homem é a lâmpada do SENHOR, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do corpo.”
O espírito é a sede da imagem de Deus no homem, imagem perdida na queda, mas que pode ser restabelecida por Jesus Cristo (Cl 3.10; 1ª Co 15.49; 2ª Co 3.18).
2. Alma - A alma é uma entidade espiritual, incorpórea, que pode existir dentro de um corpo ou fora d’ele. A alma sobrevive à morte porque o espírito, a dota dessa capacidade. Por isso alma e espírito são inseparáveis.
John D. Davis define a alma como sendo uma entidade espiritual, incorpórea ou imaterial, que pode existir dentro de um corpo, ou fora dele. A alma é um espírito que habita um corpo, ou nele tem estado, como as almas dos que tinham sido mortos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo (Ap 6.9). (DICIONÁRIO DA BÍBLIA). A alma é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano, usando os sentidos físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais, e os órgãos do corpo para se expressar e comunicar-se com o mundo exterior. Originalmente, a alma veio a existir, em resultado do sopro sobrenatural de Deus. Podemos descrevê-la, como espiritual e vivente, porque opera por meio do corpo. No entanto, não devemos crer que a alma sejaparte de Deus, pois a alma peca. É mais correto dizer que é dom e obra de Deus (Zc 12.1).
Devem-se notar quatro distinções:
1. A alma distingue a vida humana e a vida dos irracionais das coisas inanimadas e, também, da vida inconsciente, como a vegetal (poderíamos dizer que as plantas têm alma – no sentido de um princípio de vida), mas não é uma alma consciente.
2. A alma do homem o distingue dos irracionais. Estes possuem alma, mas é alma terrena, que vive somente enquanto durar o corpo (Ec 3.21). A alma do homem é de qualidade diferente, sendo vivificada pelo espírito humano. Como “toda a carne não é a mesma carne”, assim sucede com a alma; existe alma humana e existe alma dos irracionais.
3. A alma distingue um homem de outro e, dessa maneira, forma a base da individualidade. A palavra “alma” é, portanto, usada, frequentemente, no sentido de “pessoa”. Em Ex 1.5, “setenta almas” significa “setenta pessoas”. Em Rm 13.1, “cada alma” significa “cada pessoa”. Atualmente dizemos: “Não havia nem uma alma presente”, referindo-se às pessoas.
4. A alma distingue o homem, não somente das ordens inferiores, mas, também, das ordens superiores dos anjos, porque estes não têm corpos semelhantes aos dos homens. O homem tornou-se um “ser vivente”, quer dizer, a alma enche um corpo terreno sujeito às condições terrenas. Os anjos são descritos como espíritos (Hb 1.14), porque não estão sujeitos às condições ou limitações materiais. Por essa mesma razão, se descreve Deus como “Espírito”. Mas os anjos são espíritos criados e finitos, enquanto Deus é o Espírito incriado; isto é, auto-existente, eterno e infinito.
3. Corpo - O corpo é o instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito. Ele é o meio através do qual o espírito se manifesta e age no mundo material. O corpo é o órgão dos sentidos e o laço que une o espírito ao universo material.
Enfim, o conhecimento do homem como sendo espírito, alma e corpo, é resultado da revelação progressiva de Deus, no NT. O apóstolo Paulo foi o primeiro dos escritores do NT a escrever: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1ª Ts 5.23).
Escreve Scofield: “Sendo o homem espírito, é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com Ele; sendo alma, ele tem conhecimento de si próprio; sendo corpo, tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo”. O corpo é o tabernáculo da alma; a alma, a sede da personalidade; e o espírito, o canal de comunhão com Deus.
IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS - Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança. O termo imagem de Deus referente ao homem inclui tanto os dons naturais como qualidades designadas como justiça original. O homem também foi formado semelhança de Deus; semelhança natural e moral. Além disto, o homem se assemelha a Deus ainda nos seguintes aspectos:
a. Semelhança Triuna à 1ª Ts 5.23
b. Semelhança que inclui a imagem pessoal, pois também Deus como o homem possui personalidade à Ex 3.13-14
c. Semelhança envolvendo existência interminável, como a que Deus dotou o homem à Mt 25.46
Porém o homem caiu e toda a imagem de Deus n’ele ficou deformada e cativa ao pecado, só podendo ser restaurada quando o homem reconhece o seu pecado, confessa a Jesus e O aceita como Senhor e Salvador.
A DOUTRINA DO PECADO - O pecado entrou no mundo pela decisão voluntária de nossos primeiros pais, Adão e Eva. Por terem dado ouvido às insinuações do tentador através da serpente, eles não somente tornaram-se pecadores, mas, mais do que isso: tornaram-se servos do pecado (Rm 5.12, 18-19). A partir daí a condição em que nasce cada pessoa, é definida na teologia como pecado original, assim chamado porque é derivado de Adão.
O pecado é uma classe específica de mal, tem um caráter absoluto e sempre se relaciona com Deus e sua vontade. O pecado inclui tanto a natureza corrompida herdada de Adão, quanto à corrupção. Há o pecado original, mas também há o pecado atuante, como prática diária na vida do homem sem Deus. Há perfeito relacionamento entre ambos. O pecado original é a madre onde o pecado do dia-a-dia do homem é gerado e donde vem à luz. Os pecados atuais são aquelas ações externas executadas por meio do corpo, e que são divididos em diferentes classes como sugere o apóstolo Paulo em Gl 5:19-21.
A despeito de tudo isto, Adão teve a oportunidade de não cair no pecado, porém, caiu, frustrando temporariamente o plano de Deus para com a humanidade; enquanto isto, ao homem de hoje em dia, é dada à oportunidade de não continuar no estado de queda, bastando para isto se voltar para Jesus e segui-lo em busca da estatura de varão perfeito. Vale ressaltar, porém, que o simples fato de Deus querer que isto aconteça, não é o bastante! O homem precisa querer também, pois neste particular, o homem é um agente livre tanto para abandonar o pecado quanto para continuar N’ele.
TEXTO 3 – A VONTADE DE DEUS - De forma aplicada, à vontade de Deus se mostra pelo menos em dois aspectos distintos: vontade diretiva e vontade permissiva, estudada a seguir.
1. Vontade Diretiva de Deus - Por vontade diretiva de Deus, entendemos a capacidade ou atributo divino de por si mesmo, escolher o melhor para os seus e para suas criaturas dum modo geral. Este tipo de vontade é que leva Deus à ação, independente de qualquer lei conhecida pelo homem, ou por qualquer tipo de coação. Esta vontade divina pode ser vista na disposição de Deus em amar, salvar, santificar o crente e em prover as necessidades de todos os homens. É por isto que Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos (Mt 5.45 / Ec 9:2).
2. Vontade Permissiva de Deus - Por vontade permissiva de Deus entendemos outro tipo de vontade, também atributo divino, mas que é traduzido em ação por circunstâncias, independente de interesses revelados de Deus (Lc 11.5-8). Um dos exemplos clássicos, registrados nas Escrituras, sobre a manifestação deste tipo de vontade de Deus, é mostrado na experiência de Jó, quando Deus permitiu que Satanás o provasse. Nesse caso entende-se que Satanás destruiu o que Jó possuía, inclusive a sua saúde, mas o fez com a permissão divina.
Porém, três coisas importantes aconteceram como resultado desse fato:
1 - A fé de Jó foi fortalecida em Deus;
2 - Satanás foi confirmado na mentira;
3 - O testemunho de Deus acerca de seu servo foi confirmado verdadeiro.
3. Vontade de Deus Aplicada - Na sua aplicação direta, a vontade divina beneficia a dois tipos de pessoas: o homem natural, (o descrente) e ao homem espiritual, (o crente).
1 – O homem natural - Para o homem natural a vontade divina é que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1ª Tm 2.4).
- Transformando esta Sua vontade em ação, é que Deus, através de Jesus Cristo, envia homens a pregar o Evangelho (Mt 28.19-20) e por intermédio do Espírito Santo convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).
2 – O homem espiritual - Para o homem já crente, diz o apóstolo Paulo: Pois esta é à vontade de Deus, a vossa santificação: que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo, em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus (1ª Ts 4.3-5).
- Para dar cumprimento a esta Sua vontade é que Deus age através da Sua Palavra e do Seu Espírito como agentes de purificação do crente.
A Importância de Conhecer a Vontade de Deus - De acordo com o que escreveu o apóstolo Paulo (Rm 12.2), a vontade divina de ser não somente conhecida, mas também experimentada, por três razões pelo menos:
1 – A vontade de Deus é boa - Ela emana da bondade de Deus; como tal, ela beneficia, abençoa e promove a felicidade daqueles que se comprazem em fazê-la parte do seu viver diário.
2 – A vontade de Deus é agradável - A vontade divina pode ser conhecida de maneira tal que ela pode se transformar na fonte única da sua alegria e realização (Sl 37.4).
3 – À vontade de Deus é perfeita - A vontade divina é plena, impossível de ser reparada ou contraditada. Além de envolver o bem total: espiritual, moral e social do indivíduo que a despeito de tudo se propõe viver para Deus.
TEXTO 4 – JESUS E O REINO DE DEUS - Apesar de não se encontrar no Antigo Testamento a expressão Reino de Deus, a idéia em si aparece em quase todas as partes do mesmo. Na verdade, tão penetrante e central é o conceito do reino de Deus no pensamento do Antigo Testamento, que se constitui num dos temas principais a unir aquele Testamento ao Novo.
O Reino de Deus ensinado por João Batista - Pouco antes de haver Jesus dado início ao seu ministério público, aparecera João Batista proclamando que estava próxima uma grande crise e por isso convocava homens ao arrependimento. Declarava que Deus estava para visitar com um grande julgamento e dizia: Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo (Mt 3.10). A pá está limpando a eira; o trigo será recolhido no celeiro, e a palha será queimada em fogo inextinguível. Era assim que João Batista via o iminente juízo de Deus. Ou seja, cabia a João a árdua tarefa de quebrar todos os traços espirituais e morais do povo de Israel que serviriam de empecilhos para que eles acreditassem no Messias. Por isso, a Bíblia registra que João desenvolveria o seu trabalho de profeta baseado no mesmo estilo do profeta Elias (Mt 17:12-13), que precisou pregar contra o mal dentro do próprio Israel, decretando uma palavra de juízo sobre o rei Acabe, rei de Israel, pois além de praticar o que era mau perante o Senhor e tentar levá-Lo à ira, casou-se com Jezabel, filha do rei dos Sidônios, povo esse que era dado à idolatria (Jz 10.6; 1Rs 11.5; Is 23.2-4; Ez 28.20-23), e praticava toda a sorte de males, como abusos sexuais em seus cultos e sacrifício de crianças aos baalins, que eram divindades da natureza adoradas por eles.
Em face da revolucionária mensagem de João, grandes multidões se chegavam a ele, indagando: Que havemos, pois, de fazer? Respondeu-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem cão tem; e quem tiver comida, faça o mesmo. Foram também publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que haveremos de fazer? Respondeu-lhes: Não cobreis mais do que o estipulado. Também soldados lhe perguntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo (Lc 3.10-14).
Jesus foi atraído a João por causa da liderança profética deste e apresentou-se a ele para ser batizado. Terminava o ministério de João para dar lugar ao de Jesus que se considerou continuador da obra iniciada pelo seu predecessor.
O Reino de Deus no ensino de Jesus - Ao passo que João descrevera a consumação próxima do domínio de Deus, como um terrível julgamento sobre o pecado, Jesus a proclamava como boas novas. João havia repreendido severamente sua geração, dizendo-lhe: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? (Mt 3.7). Jesus, por sua vez, apresentava Deus desejoso de conceder aos homens as riquezas e alegrias do reino: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino (Lc 12.32).
Apesar de o advento do reino trazer no seu bojo o julgamento, e apesar de muitos estarem destinados a serem excluídos d’ele, traria a mais alta alegria e bênção àqueles que a ele fossem congregados.
O alto valor do Reino de Deus - Para Jesus, o reino de Deus era de tão elevado valor que a pessoa que quisesse tomar posse d’ele deveria estar disposta a abrir mão de tudo para que o possuísse. Ele mesmo disse que o reino dos céus é... Semelhante a um que negocia boas pérolas; e tendo achado uma pérola de grande valor, vendeu tudo o que possuía, e a comprou (Mt 13.45-46). A entrada na posse do reino resulta em vida eterna; é assim que a vida eterna se torna posse atual dos que entram no reino agora. Entretanto, sua realização, com dimensão escatológica, aguarda a vinda da nova era. Desse modo, Jesus afirma aos seus discípulos que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e no mundo por vir à vida eterna (Mc 10.29-30).
Condições para entrar no Reino - Ao longo de todo ensino de Jesus, são estabelecidas condições para que o homem faça parte do reino de Deus, dentre as quais se destacam:
1 – Arrependimento (Mt 3.2).
2 – O novo nascimento (Jo 3.3).
3 – Justiça superior à dos escribas e dos fariseus (Mt 5.20).
O arrependimento se faz necessário porque o reino de Deus é em si mesmo uma nova ordem que só poderá ser assimilada por aqueles que abandonam a vida de outrora e se propõe viver para Deus. Uma vez o arrependimento achado lugar na vida do homem, ele será levado a dar o segundo passo, o novo nascimento. Uma vez dados estes dois primeiros passos, o novo cidadão do reino, inevitavelmente será conduzido pelo caminho da maturidade e do pleno desenvolvimento espiritual, moral e social (um comportamento baseado na Ética do Reino de Deus). Portanto, para ser um cidadão útil à sua pátria terrena e à pátria por vir, torna-se necessário que o crente absorva o significado do reino de Deus para a sua vida e para a vida dos outros.
Lição 3 - CONCEITOS ÉTICOS - Como dinâmica de vida, a Ética Cristã pode ser manifesta através do conceito ou julgamento que se faz a respeito de determinados valores que integram o nosso dia-a-dia. Ao longo deste tópico abordaremos os conceitos da Ética Cristã quanto ao lar, à propriedade, à Igreja, à família cristã, ao bem, ao mal, à nova moralidade, ao comportamento e ao caráter. No decorrer desta lição enfatizamos fundamentalmente o seguinte:
1 – O lar é a expressão física do casamento e principal núcleo da sociedade, da religião e da pátria, pelo que deve ser conservado sob a santa e sábia tutela de Deus.
2 – Biblicamente, toda propriedade pertence a Deus, que é seu criador, a despeito de reconhecermos que a fé bíblica admite a necessidade de propriedade individual dentro de certa medida.
3 – A despeito da Igreja ser um organismo espiritualmente vivo, e não uma organização humana. Cremos no poder que ela, como um todo ou, os seus membros individuais possuem no sentido de alterar o curso da história humana e do comportamento da sociedade.
4 – A família cristã é uma entidade na qual Deus é o elemento central, onde o marido exerce as funções de sacerdote e profeta, onde a esposa e mãe são de inestimável valor, e onde os filhos são bênçãos de Deus.
5 – O bem não possui existência independente de Deus, pois todo bem vem do Senhor.
Tg 1:17 - – “ Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.”
6 – O mal é o oposto do bem. É essencialmente aquilo que é desagradável e ofensivo.
7 – A chamada Nova Moralidade, de fato, nada mais é do que a velha imoralidade vestida dum falso moralismo, abominável aos olhos de Deus e repudiável pelo cristão.
8 – Comportamento é definido como o conjunto de ações de um indivíduo, observáveis objetivamente. Neste particular o comportamento do cristão deve ser digno de forma tal que influencie os homens a se chegarem a Deus (Mt 5.16).
9 – Nos domínios da fé, o caráter cristão se constitui na mais evidente prova de que o homem não somente nasceu do Espírito, mas que também anda no Espírito (Gl 5.25).
TEXTO 1 – O LAR, A PROPRIEDADE E A IGREJA - O LAR - O lar é a expressão física do casamento e da família. Quando pensamos no lar, logo nos vêm à mente um homem, uma mulher, filhos, casa, alimento, disciplina, ordem, etc. O lar é de inestimável calor às nossas conclusões quando nos propomos estudar o comportamento sócio-religioso das pessoas. O lar é a célula-máter da sociedade, o principal núcleo das civilizações, da religião e da pátria. Aquilo que for o lar há de determinar o que será a sociedade, a Igreja e a pátria.
Se os pais são pessoas responsáveis e tementes a Deus, por certo que seus filhos serão criados no caminho do bem, contribuindo assim para o fortalecimento da sociedade, da igreja e da nação. Infelizmente se acontecer o contrário os resultados negativos serão igualmente de se esperar. Particularmente entre os salvos, o que Deus espera dos nossos lares? Deus espera que como pais sejamos exemplo para nossos filhos, na fé, na comunhão com Deus, no respeito, na autoridade e no temor, criando-os sob disciplina, e conduzindo-os a uma experiência pessoal com Deus. Dos filhos, Deus espera que eles respeitem e honrem a seus pais. Da mesma forma, Deus espera que os filhos temam a seus pais, e que guardem aos Seus Mandamentos. Só assim o lar será fortalecido, e a sociedade e a pátria preservadas e o nome do Senhor glorificado.
A PROPRIEDADE - Biblicamente toda propriedade pertence a Deus, que é seu Criador. Só Ele tem direito absoluto de propriedade sobre qualquer coisa. A vida do homem, a terra e tudo que o homem tem ou é capaz de manufaturar pelo uso da matéria-prima colocada à sua disposição, tudo pertence a Deus. De acordo com o salmista Davi, ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que n’ele habitam (Sl 24.1). Ao patriarca Jó disse o próprio Deus: o que está debaixo de todos os céus é meu (Jó 41.11; Sl 50.12; Ex 19.5).
Deus livremente deu ao homem o uso da terra, do ar, da água e mesmo das criaturas vivas (Gn 1.26-29), mas a posse única de tudo pertence ao Criador. A relação do homem para com elas é de mordomia, isto é, de usá-la de acordo com a vontade daquele que é soberano sobre tudo. Dentro do contexto de posse absoluta exclusiva de Deus, a fé bíblica admite a necessidade de propriedade individual dentro de certa medida, embora esteja certa dos perigos morais e sociais da riqueza e imponha limitações à sua aquisição e uso, com o fim de proteger o bem-estar das pessoas menos afortunadas e da sociedade como um todo.
A IGREJA - O Novo Testamento apresenta a Igreja como uma assembléia formada de pessoas chamadas de fora e convocadas para Cristo. A despeito de a Igreja ser um organismo espiritualmente vivo e não uma organização humana, cremos no poder que ela como um todo ou, os seus membros individuais, possuem no sentido de alterar o curso da história e do comportamento da sociedade. É evidente que por ser formada por seres humanos, falhos como somos, como instituição a Igreja está sujeita a sofrer revés na sua história, porém, o Espírito que nela habita, a tem habilitado a superar esses possíveis problemas e lhe conduzir de triunfos em triunfos.
Como parte do reino de Deus, a Igreja deve assumir com toda a sua força o tríplice ministério que lhe foi comissionado por Cristo: anunciar, proclamar e denunciar.
1. Anunciar as boas novas de salvação;
2. Proclamar que fora de Jesus não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que o homem seja salvo;
3. Denunciar a prepotência dos prepotentes, até fazê-los lembrar que aqueles que d’eles dependem são criaturas de Deus, e que precisam ser tratados como tal.
TEXTO 2 – A FAMÍLIA CRISTÃ - Para o jornalista brasileiro Millor Fernandes, a família é apenas um grupo de pessoas que têm as chaves da mesma casa. Infelizmente este conceito simplista da família moderna tem se popularizado no mundo, principalmente no ocidente. Porém, o conceito de família adquire uma nova dimensão quando analisado à luz da revelação divina. É evidente que nos referimos à família cristã, de uma forma diferente, pelo lugar que dá à operação de Deus nos seus assuntos e decisões.
A posição de Deus na família cristã - Deus é o elemento central da família cristã. N’Ele se prende as atenções do esposo, da esposa e dos filhos. Ele é o protetor e provedor de tudo quanto à família carece. Mais do que isto: Deus é o princípio e o fim, aquele diante de cuja face se elevam mãos e orações são erguidas, em atitude de humildade, submissão, dedicação e reconhecimento pelos muitos benefícios recebidos. Cientes da presença invisível, porém real, de Deus, cada membro da família cristã age, tendo impregnado na mente a certeza de que suas atitudes e atos há de prestar contas diante de Deus.
Marido, esposa e filhos, enfim, todos O amam, O adoram, O servem e O buscam na certeza de serem atendidos na hora oportuna. Nos momentos de conflitos do lar, Ele vem em socorro como singular pacificador. No momento das enfermidades, Ele age como médico de habilidades ilimitadas. Ele promete que aqueles que n’Ele confiam, jamais serão desapontados.
A posição do marido na família cristã - Na ordem hierárquica de autoridade dentro do lar, Deus está em primeiro lugar, vindo depois o marido. Colocado em tão elevada posição, o marido tem o sagrado dever de cultivar uma vida de constante comunhão com Deus; só assim ele estará em condições de ouvir e receber do Senhor a necessária orientação indispensável ao fortalecimento da família. Ao marido e pai, Deus designa a dupla responsabilidade de sacerdote e profeta. Como sacerdote da família, o marido crente tem o sublime dever de conduzir os de sua casa a terem uma maior comunhão com Deus. Ele deve dar aos filhos a visão adequada do Deus da Bíblia. Deve interceder a Deus em benefício de seus filhos no sentido de que eles sejam conservados na irrepreensão, ou caso hajam pecado, recebam o perdão do Senhor.
O patriarca Jó foi um belo exemplo neste particular, e a forma como agia nessas circunstâncias, se constitui um modelo para o marido e pai de família cristã dos nossos dias.
Jó 1.4-5 à“Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada, e oferecia holocausto segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos, e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente”.
Como profeta do lar, o marido e pai, deve ensinar a seus filhos os caminhos do temor e da obediência a Deus, adverti-los, e jamais abandoná-los.
A posição da esposa na família cristã - Se perguntarmos a uma criança qual o lugar da sua mãe no lar, é possível que ela responda: junto ao fogão cozinhando, junto a pia lavando pratos, junto ao tanque lavando roupas, ou junto ao ferro passando roupa. Esta noção se deverá às naturais limitações do raciocínio da criança. Quanto ao que pensam os maridos a respeito do papel da esposa no lar, eles sabem que ela é muito mais do que uma simples cozinheira, lavadeira ou passadeira; ela é a cooperadora, número um, do marido, a maior amiga de seus filhos.
Pergunte a um marido que teve a esposa viajando por mais de uma semana enquanto ele ficou em casa cuidando das crianças, o que ele pensa a respeito de sua esposa, e verá que ninguém como ele terá palavras tão elogiosas quanto à posição da esposa no seio da família. A família é como um barco, e como é sabido, para que um barco atravesse um mar agitado com a necessária segurança, é indispensável que o capitão (o marido) e o timoneiro (a esposa) trabalhem de comum acordo.
A posição dos filhos na família cristã - Analisada isoladamente, a posição dos filhos dentro da família, ela se reveste de tanta importância quanto à posição dos seus pais. Como a posição dos pais não é só dar ordens, a dos filhos não é só de receber ordens. A obediência dos filhos deve ser uma atitude voluntária. Não obstante proferido há mais de três mil anos, o único mandamento com promessa: Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá (Ex 20.12), é de extraordinária atualidade. Aos pais cabe o dever de trabalhar para suprir as necessidades básicas do lar, dentre as quais: vestir, calçar, alimentar e educar os filhos, e a estes cabe, quando estiverem em idade suficiente, uma vez tendo renda, ajudar de algum modo no fortalecimento do orçamento doméstico.
TEXTO 3 – CONCEITO DO BEM E DO MAL - O conceito do bem e do mal é divergente à medida que é analisada à luz de mais um critério. O que é considerado bem à luz da psicologia, poderá ser mal à luz da fé cristã, enquanto que o que é mal à luz da fé cristã, pode ser considerado um bem à luz da psicanálise. Porém, a despeito das muitas formas usadas pelo homem para conceituar o bem e o mal, certo estamos que somente a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada possui o necessário mérito para definir satisfatoriamente o que são bem e o mal.
O Bem - Ainda que consideremos um assunto de grande complexidade, procuraremos tratar o assunto relacionado com o bem, de forma simples, a fim de alcançar a mente de todos os nossos alunos. Para isto, dividiremos o assunto em forma de conta-gotas. Em oito itens.
1. A Bíblia não tende a definir a essência do bem, pois para ela o bem não é uma virtude autônoma e absoluta em si mesmo, ou de forma independente.
2. O próprio Deus é o bem. O bem não possui existência independente de Deus. O mesmo só tem sentido aceitável em Deus.
3. O homem só pode conhecer o bem na sua plenitude, conhecendo primeiro à vontade de Deus, pois segundo as Escrituras, tudo o que Deus quer e faz, reflete o bem, atributo inseparável da personalidade divina.
Tg 1.17 à“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”.
4. O Novo Testamento lembra que a qualidade de querer e fazer o bem são privilégio de Deus.
Mc 10.18 à“Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus”.
Assim sendo, a revelação de Deus na história é também a revelação da sua bondade.
5. A identidade entre o bem e a salvação é a tese comum ao Antigo e ao Novo Testamento; por isso todos aqueles que têm a experiência da salvação pessoal, estão habilitados por Deus a fazer o bem a todos, e principalmente aos domésticos da fé.
Gl 6.10 à“Por isso, enquanto tivermos a oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé”.
6. Sendo a Lei a expressão clara e irrecusável da vontade divina, todo o bem do homem e sua própria vida consistirão em obedecê-la e cumpri-la minuciosa e fielmente.
Mt 19.16 à“E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?”.
7. Enquanto vivemos na carne os bens de Deus são desviados de sua finalidade pelo poder do pecado; mas no momento em que é implantada em nós a nova criatura mediante a fé em Cristo Jesus, o bem original vem a ser novamente bem.
8. A partir do novo nascimento (Jo 3.3), descobrimos que fomos “criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. (Ef 2.10).
RESUMINDO: O bem não é uma qualidade inapta do homem, é um atributo de Deus, porém, quando o homem tem a vida eterna infundida na sua vida, ele é feito apto para manifestá-lo através de suas atitudes, serviço e adoração a Jesus Cristo.
O Mal - O mal é oposto do bem. É essencialmente aquilo que é desagradável e ofensivo. A palavra inclui tanto a ação má, quanto suas conseqüências. No Novo Testamento a palavramal é “Kakia”, e “Poneros”, e significam, respectivamente, a qualidade do mal, seu caráter essencial e seus efeitos ou influências danosas. É empregada tanto no sentido físico como no sentido moral. Desse modo o conceito do mal fica assim estabelecido:
1. Em princípio o mal está associado à primeira desobediência do homem e à conseqüente quebra dos mandamentos divinos.
2. Os profetas consideravam Deus como a causa final do mal, conforme expresso por meio da dor, sofrimento ou calamidades. Em sua soberania, Ele tolera o mal no universo, emboradirija e use o mesmo em Sua administração sobre o universo.
3. Deus usa o mal para castigar perversidades individuais e nacionais.
Is 45.7 à “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas cousas”.
Ml 3.18 à“Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não serve”.
Am 3.9 à “Fazei ouvir isto nos castelos de Asdode e nos castelos da terra do Egito e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria e vede que grandes tumultos há nela e que opressões há no meio dela”.
4. O mal sofrido pelo cristão em forma de sofrimento, causado por tribulações e perseguições, é divinamente permitido, visando bênçãos espirituais.
Tg 1.2-4 à “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes”.
IPe 1.7 à “... para que uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”.
5. Moralmente Deus é separado de todo mal, e de modo algum é responsável pela penetração do mesmo no mundo.
6. O mal só pode ser atribuído ao abuso do livre arbítrio por parte de seres criados, quer anjos, quer homens.
7. A atitude salvadora de Deus é dirigida em sua inteireza na luta contra o mal.
8. Durante Sua vida terrena, Cristo combateu as manifestações do mal através da dor e da tristeza, e fez da cruz a resposta final de Deus para o problema do mal.
Mt 8.16-17 à “Chegada à tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou a todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças”.
9. A transformação moral efetuada no homem, pelo Evangelho, é evidência mais que suficiente da realidade do triunfo de Cristo sobre todos os poderes do mal.
Cl 2,15 à “... e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”.
IJo 3.8 à “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”.
10. O mal será eliminado do universo, e a criação compartilhará do destino glorioso do homem redimido. Tanto o mal físico, como o mal moral, serão um dia, banidos eternamente (Ap 21.1-8).
TEXTO 4 – A NOVA MORALIDADE - Tumultos, greves, filmes imorais, quadros obscenos e literatura pornográfica, tudo isto se tornou coisa comum em nossa sociedade atual. Os jovens não se lembram duma situação diferente dessa, mas os mais velhos se recordam do tempo em que aqueles que desejassem vender um livro ou um quadro imoral, deveriam fazê-lo secretamente, do contrário estariam se expondo a processo. Houve tempo em que os criminosos eram considerados inimigos da sociedade, visto que haviam quebrado a lei e mereciam se punidos.
Hoje, porém, os psicólogos nos dizem que roubar, matar ou raptar é simplesmente o produto de reações químicas do organismo ou condições desfavoráveis de ambiente e que os que as praticam não devem ser culpados por seus crimes. Ladrões e arruaceiros são tidos como simples pessoas desfavorecidas.
Particularmente a respeito da moral nacional da nossa pátria, escreveu o embaixador Meira Pena: “O Brasil é o país onde uma estrela de cinema pornô é recebida no congresso com honras de chefe de Estado. Onde, diante da onda de crimes, se critica a polícia e não os criminosos. Onde um simpático assaltante estrangeiro se torna herói nacional....”.
Mas o que diz a Bíblia sobre toda essa inversão de valores?
Vivemos os dias em que a delinqüência é tratada como virtude, enquanto as boas virtudes são tratadas como “quadradismo”; quando santos são reputados ímpios e quando ímpios são reputados na conta de deuses e ídolos da sociedade. Os que assim agem se esquecem ou jamais leram o que disse Deus através do profeta Isaías:
Is 5.20-24 à “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito! Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte, os quais por suborno justificam o perverso e ao justo negam justiça! Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho, e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel”.
O crente não pode ser condescendente com os transgressores da Lei, nem deve ser solidário com esforços para inocentar pessoas culpadas. O crente sabe que nenhuma nação pode permanecer forte por muito tempo quando a indisciplina e a imoralidade adquirem posição de dignidade. Todavia, para o crente não basta exigir que o crime seja punido. Deve demonstrar interesse por aqueles que estão indagando e procurando encontrar significado para a vida nesta época de extrema dificuldade. A sociedade moderna tem se afastado de Deus, rejeitou os padrões absolutos de conduta, aceitando em seu lugar um modo de encarar a vida que tem sido denominada a filosofia do desespero. Até teólogos, com Bíblia e tudo, pregam a morte de Deus, negam o nascimento virginal de Cristo, a divina e plena inspiração da Bíblia e os demais valores inerentes ao cristianismo sadio.
Eles expõem teorias cuidadosamente tecidas de como as coisas se originaram, rejeitando o Deus pessoal da fé cristã e esquecendo-se que: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”; (Rm 1.18-20).
Por afastar-se de Deus, a sociedade moderna tem se feito presa fácil dos tentáculos do diabo, os quais são: a cobiça, a luxúria, a ira, o ódio e a perversão sexual. Por causa disto o homem tem descido ao nível dos irracionais, de sorte que as suas ações produzem espanto até mesmo ao Criador. Assim sendo, a tão propalada NOVA MORALIDADE da sociedade moderna nada mais é do que a VELHA MORALIDADE com nova roupagem.
TEXTO 5 – COMPORTAMENTO E CARÁTER – COMPORTAMENTO
A palavra COMPORTAMENTO pode ser definida como o conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente. No campo da Ética Cristã, COMPORTAMENTO é o conjunto de ações que identifica o homem com a vontade de Deus, colocando-o como bênção não só no seu reino, mas também na sociedade da qual faz parte.
No Novo Testamento a palavra COMPORTAMENTO quando usada para designar o modo de vida do crente, se manifesta através das palavras ser, andar e fazer; ser a carta de Cristo, andar de acordo com a Sua vontade e fazer o que preceitua a Sua Palavra. Quando quis nos identificar com a Sua obra e Pessoa, Jesus disse sermos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13-14). Concluindo disse Ele mais:
“... brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).
O comportamento do cristão deve ter como objetivo maior, a glorificação de Deus através do que é e do que faz. Se o mundo não consegue ver a Deus de outra forma, que O veja na vida dos seus filhos. O sermão mais antigo de que temos notícias na Igreja Cristã fora do Novo Testamento, foi proferido por Clemente, um dos pais da Igreja primitiva, e tem para nós hoje, um valor muito atual.
Disse Clemente: - “Porque os gentios, ao ouvirem de nossa boca os Oráculos de Deus, ficam maravilhados de sua beleza e grandeza. Mas logo, ao descobrirem que nossas obras não correspondem às palavras que falamos, mudam sua admiração em blasfêmia, afirmando que são pura ficção e engano”.
Ou seja, o nosso comportamento deve ser controlado por Deus e guiado pelo Espírito Santo, para que as almas sem Deus e sem salvação tenham o desejo de ingressar pelas portas douradas do reino de Deus.
CARÁTER – Enquanto o comportamento tem a ver com o que fazemos, enquanto que o caráter tem a ver com o que somos. Segundo Dwight L. Moody, caráter é o que somos no escuro. Ainda segundo Edward Puriton o caráter é o triunfo de nossa determinação sobre nossa inclinação.
Ou seja, o caráter é o conjunto de qualidades que distinguem uma pessoa, enquanto que o comportamento é um sistema que aos poucos vai moldando o caráter, que por sua vez dá forma definitiva ao ser diário do homem. Quando o homem possui um comportamento irrepreensível, seu caráter é igualmente irrepreensível.
Nos domínios da Ética Cristã, o caráter deve se constituir na mais evidente prova de que o homem não somente nasceu do Espírito, mas que também é uma pessoa que anda no Espírito (Gl 5.25). Portanto, o caráter é a marca registrada de cada homem. Devemos ter sempre em mente que aqueles que estão ao nosso derredor vêem melhor o que somos do que ouvem o que dizemos, tanto que, quando o que dizemos não se harmoniza com o que vivemos, eles estão prontos a dizer: O que és, fala tão alto que não ouço o que dizes.
A mensagem pregada por Jesus surtiu maior efeito sobre os seus ouvintes do que surtiram as mensagens pregadas pelos escribas. Sabe por que? Porque Jesus pregava com autoridade (Mt 7.28-29). E se pregava com autoridade, era porque Ele vivia o que pregava. Devemos ter em mente que uma vida transformada fala mais que mil discursos. Lembra-se você de que a Bíblia diz que o verbo (A Palavra de Deus) se fez carne? (Jo 1.14).
Por isto a glória de Deus se manifestou entre os homens. Isto é o que deve acontecer conosco: devemos permitir que a Palavra de Deus se “faça carne” em nós. Só quando o mundo contemplar o nosso caráter mudado através de uma comunhão contínua com Cristo, é que ele poderá crer que aquilo que Deus fez por nós e em nós, poderá fazer também por ele.
Lição 4 - ÉTICA NAS EPÍSTOLAS - As 21 epístolas do Novo Testamento, { sendo 13 de Paulo, uma (Hebreus) de autor desconhecido, uma de Tiago, 2 de Pedro, 3 de João e uma de Judas }, pelo menos durante os primeiros 200 anos de Igreja, se constituíram no único código de ética dos cristãos espalhados por todos os recantos do grande Império romano.
Inseridos no cânon divino, viria a se imortalizar como elemento inseparável dum código de ética da Igreja dos dias modernos. Ao longo de toda esta lição faremos uma abordagem resumida de todas as epístolas, enfatizando o principal ensino de cada uma, na esperança de que os nossos alunos os incluam como parte inseparável do modelo de vida no seu dia-a-dia. Vale, portanto, ter em mente as palavras do apóstolo Paulo, segundo as quais “tudo quanto antes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4).
TEXTO 1 – A ÉTICA NAS EPÍSTOLAS DE PAULO
As Epístolas do apóstolo Paulo estão agrupadas no Novo Testamento, da seguinte maneira e ordem:
- Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito e Filemom.
Em cada uma destas Epístolas, Paulo, o maior dos apóstolos, dá um ensino específico como norma de vida aos crentes da sua e da nossa época. Dada a preciosidade desses ensinos, vale a pena estuda-los, ainda que resumidamente.
A Epístola aos Romanos - Através da sua epístola aos Romanos, Paulo dá uma resposta completa, lógica e inspirada à pergunta dos séculos: “Como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9.2).
Chamada de a “catedral da doutrina cristã”, o ensino de Romanos está resumido da seguinte maneira: a justificação dos pecadores, a santificação dos justificados e a glorificação dos santificados, pela fé e pelo poder de Deus.
A Epístola de I Coríntios - I Coríntios foi escrita com o propósito de corrigir desordens que haviam na Igreja de Corinto e de estabelecer entre os fiéis um modelo de conduta cristã com relação à Igreja, o lar e o mundo. Nesta epístola de cunho muito especial, Paulo corrige as seguintes desordens: Divisões, imoralidades, disputas entre os crentes, desordens durante a ceia do Senhor, desordens durante o culto público.
Ao mesmo tempo responde as perguntas acerca do matrimônio, concernente ao comer carne oferecida aos ídolos, e concernente aos dons do Espírito Santo. Ela destaca ainda a essência da autoridade apostólica de Paulo, a necessidade de ordem na Igreja, e finalmente uma bela apologia quanto à ressurreição dos mortos.
A Epístola de II Coríntios - Em II Coríntios, Paulo consola os membros arrependidos da Igreja de Corinto, em face da leitura da primeira epístola, enquanto exorta uma minoria rebelde, e admoesta contra os falsos mestres. Como disse certo comentador, é quase impossível analisar esta carta, que é menos sistemático de todos os escritos de Paulo. Assemelha-se a um rio africano. Às vezes corre calmamente e espera-se dele um comportamento satisfatório, mas repentinamente aparece uma grande catarata com sua agitação terrível. Nesse ponto estremecem as profundezas do seu coração.
A Epístola aos Gálatas - A resolução do Concílio de Jerusalém (At 15) contra os judaizantes que ensinavam a insuficiência do Evangelho da graça, lhes pareceu de pouca importância. Eles ensinavam que os gentios crentes deveriam guardar a Lei de Moisés para a salvação. Por isto Paulo escreveu a sua carta aos Gálatas. Nela, ele resiste à influência dos mestres judaizantes que estavam procurando destruir a sua autoridade e reputação,refuta os ensinos de que a obediência à Lei misturada com a fé é necessária à salvação;expõe claramente que o crente não é aperfeiçoado por guardar a Lei; e finalmente ele procura nesta celebre carta restaurar os gálatas que haviam caído da graça.
A Epístola aos Efésios - Chamada a “Epístola do terceiro céu”, Efésios supera as demais epístolas de Paulo, em profundezas de revelações que não se pode tomar pé. No decorrer desta Epístola, Paulo faz uma grande exposição da doutrina na qual sua pregação se fundamenta, a saber: a unidade de todo universo em Cristo, a unidade do judeu e gentio em Seu corpo, a Igreja e o propósito de Deus através dela como um corpo, para o tempo presente e para a eternidade.
Mas, o tema dominante desta famosa epístola de Paulo é o seguinte: a Igreja é escolhida, redimida e unida com Cristo, de sorte que ela deve andar em unidade, em novidade de vida, na força do Senhor e revestida da armadura de Deus.
RESUMO DAS EPÍSTOLAS DE PAULO - Destas cinco Epístolas de Paulo até aqui abordadas, podemos aprender pelo menos cinco verdades, que, aplicadas à nossa vida diária, poderá fazê-la mais abundante em Deus:
1. Na epistola aos Romanos aprendemos que assim como Israel foi temporariamente afastado do centro do plano de Deus, por não perseverar em andar de acordo com o pacto feito por Deus com Abraão, assim também nós, poderemos ser cortados do tronco onde fomos enxertados, se não perseverarmos em andar de acordo com a vocação divina que nos foi dada no princípio da nossa fé.
2. Em I Coríntios aprendemos que nunca há problema sem solução, nem erro sem correção quando a Palavra de Deus e a disciplina encontram lugar para operar.
3. Em II Coríntios aprendemos que devemos não só exortar o nosso irmão, mas também consolá-lo, sarando possíveis feridas que lhes fizemos no coração.
4. Na epístola aos Gálatas aprendemos que devemos evitar começar a nossa jornada no Espírito e aperfeiçoá-la através da observância da Lei e de preceitos humanos.
5. Através da epístola ao Efésios, podemos aprender que a despeito do nosso estado de humilhação aqui, de fato estamos sentados nas regiões celestiais com Cristo.
A Epístola aos Filipenses - A Epístola aos Filipenses foi chamada “o mais doce dos escritos de Paulo” e “a mais formosa de todas as cartas de Paulo, onde em cada frase exprime um amor mais terno do que o de uma mulher”.
Esta carta trata do regozijo de Paulo, apesar de preso em Roma, do seu entusiasmo, apesar daqueles que no espírito de partidarismo estão pregando o Evangelho por motivos falsos, do seu gozo apesar da perspectiva de morte. Ainda nesta carta, Paulo registra três exemplos de abnegação:
1. O exemplo de Cristo que embora sendo Deus, se esvaziou de seu poder e se humilhou até à morte de cruz (Fp 2.5-16);
2. O exemplo de Timóteo;
3. O exemplo de Epafrodito.
Conclui Paulo a sua Epístola ao Filipenses com quatro admoestações:
1. Contra o legalismo; 2. Quanto à unidade da doutrina;
3. Contra a ilegalidade; 4. Quanto à santidade.
A Epístola aos Colossenses - A razão porque Paulo escreveu esta carta foi para combater doutrinas errôneas que se infiltraram na Igreja de Colossos, principalmente o Gnosticismo, considerado o maior perigo para a doutrina da Igreja dos primeiros séculos. Os Gnósticos se gabavam de possuírem uma sabedoria muito mais profunda do que aquela revelada nas Escrituras, uma sabedoria que só um pequeno grupo de favorecidos possuía. Os Gnósticosensinavam entre outras coisas, que a matéria em si era essencialmente má, razão porque Deus Santo não a poderia ter criado. Os anjos, diziam eles, eram os criadores da matéria. Um Deus Puro não tinha comunicação direta com o homem pecador, mas comunicava-se com ele por intermédio de anjos intermediários que formavam quase uma escada da terra ao céu.
Em face deste perigo, Paulo admoesta a Igreja de Colossos a evitar esses falsos filósofos e seus falsos ensinos (Cl 2.4-7), porque em Cristo está a plenitude da revelação divina. Além de condenar o (1) Gnosticismo, nesta sua carta Paulo condena ainda (2) o legalismo, mostrando a verdadeira posição do crente com relação ao rito da circuncisão, à lei moral e à lei cerimonial. Condena mais o falso misticismo e (3) o ascetismo, segundo o qual o corpo tem que ser mortificado como forma de se alcançar à santidade.
(1) - O GNOSTICISMO – Esse falso ensino, disseminava que a matéria era inerentemente má, e que por isso a idéia da encarnação do Verbo não passava de uma mentira criada pelos cristãos, pois Jesus sendo Deus, como poderia habitar num corpo fadado a corrupção. Diante de tudo isto, Paulo chama os Colossenses a acreditarem que em Jesus habitava corporalmente toda a plenitude da Divindade.
Cl 2:9-10 – “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade”
Jo 1:14 – “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”
2 – O LEGALISMO – Esta falsa modalidade religiosa, tinha como objetivo sufocar o crescimento do cristianismo, através da disseminação de argumentos que somente a circuncisão física já era o suficiente para fazer do homem propriedade de Deus, e também, que para ser aceito por Deus como parte integrante do seu povo, o judeu convertido a Cristo, precisava também guardar a tradição dos homens. Diante de tudo isso, Paulo anunciou que segundo a revelação de Cristo, a circuncisão que agora ingressava o homem na família de Deus não era mais a circuncisão do prepúcio, mas a obra espiritual realizada no coração do homem, e que em Cristo, nós não podemos ser julgados por causa de costumes, pois a liberdade cristã é condicionada a sua comunhão com Cristo.
Cl 2:11-12 – “Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.”
Cl 2:16-17 – “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.”
Gl 5:13 – “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.”
(3) – O ASCETISMO – Esta outra doutrina falsa, ensinava que a mortificação da carne somente se dava através da renúncia total aos confortos físicos. Para isso, existiam as proibições contra certos alimentos e também com relação a determinados confortos que o homem deveria abrir mãos para alcançar a santidade. Por isso, Paulo sabendo que isto também causava transtornos entre os crentes de Colossos, ele imediatamente falou que estas restrições ainda que transparecessem humildade e piedade para seus praticantes, não poderia efetivamente mortificar os atos da carne, pois o verdadeiro cristão precisa morrer para o pecado e viver para Deus.
Cl 2:20-23 – “ Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.”
A Epístola de I Tessalonicenses - O tema supremo da primeira Epístola de Paulo à Igreja em Tessalônica, é a segunda vinda de Cristo. De fato, cada capítulo da mesma termina com uma referência a esse evento. Paulo trata desta verdade, mais em seu aspecto prático do que doutrinário.Noutras palavras, esta epístola foi escrita com os seguintes propósitos:
1. Consolar os crentes durante a perseguição (ITs 3.1-5);
2. Consolá-los acerca de alguns de seus mortos que morreram no exercício da fé (ITs 4.13);
3. Despertar alguns que, na expectativa da próxima vinda do Senhor, haviam caído no erro de supor que não fosse necessário trabalhar mais (ITs 4.11-12).
A Epístola de II Tessalonicenses - A segunda Epístola aos Tessalonicenses vem como um complemento à primeira, e expõe com detalhes alguns dos acontecimentos que estarão relacionados com a vinda de Cristo, e que relação terá ela com os crentes perseguidos, os pecadores que não se arrependerem e a uma Igreja apóstata. Esta carta foi escrita com tríplice propósito:
1. Consolar os crentes durante um novo surto de perseguições (IITs 1.4);
2. Corrigir uma falsa doutrina de que o dia do Senhor já tinha vindo (ITs 2.1);
3. Censurar aqueles que se comportavam de forma desordenada.
RESUMINDO: Após esta resumida análise, destas quatro epístolas do apóstolo Paulo, chegamos à conclusão de quão preciosos são os ensinamentos que delas podemos extrair, ensinos que postos em prática, nos farão conhecer melhor qual seja à vontade de Deus para com as nossa vidas.
1. Na Epístola aos Filipenses aprendemos que se Cristo sendo Deus, humilhou-se assumindo forma de servo, de igual modo nós também devemos seguir o seu exemplo, nos fazendo servos seus e dos homens também.
2. Na Epístola aos Colossenses aprendemos a necessidade de vigilância contra a penetração de falsos mestres e falsos ensinos no seio da Igreja do Senhor.
3. Na primeira Epístola aos Tessalonicenses aprendemos a doutrina da esperança e da necessidade de negociarmos espiritualmente até que Ele volte.
4. Na segunda Epístola aos Tessalonicenses aprendemos acerca da ordem dos acontecimentos que precederão e sucederão à volta do Senhor, e sobre a necessidade de vivermos uma vida santa, se é que queremos subir com Ele na sua vinda.
A Epístola a I Timóteo - A primeira epístola a Timóteo é a primeira das chamadas “Epístolas Pastorais”. As demais são II Timóteo e Tito. São assim chamadas por serem dirigidas a ministros com o propósito de instruí-los no governo da Igreja. Esta carta foi escrita principalmente para instruir Timóteo nos deveres do seu cargo, para anima-lo e para admoestá-lo contra os falsos mestres. A epístola em si mesma é um tratado inigualável quanto à sã doutrina, à oração em público, às qualidades indispensáveis ao ministro do Evangelho, como combater doutrinas falsas, instruções pastorais e exortações finais.
A Epístola a II Timóteo - A segunda carta de Paulo a Timóteo é um desdobramento da primeira. Lealdade ao Senhor e à verdade, em face à perseguição e a apostasia, é sugerido como tema desta epístola. Foi escrita pelas seguintes razões: pedir a presença de Timóteo em Roma, onde Paulo se encontrava encarcerado; para admoestá-lo contra os falsos mestres; para anima-lo em seus deveres; para fortalecê-lo face às perseguições vindouras.
A Epístola a Tito - Acerca desta epístola disse Martinho Lutero: Esta é uma epístola curta, mas é um resumo da doutrina cristã, e, constituída de tal maneira que contém todo o necessário para um conhecimento da vida cristã. O tema desta epístola pode ser definido d seguinte maneira: a organização duma verdadeira Igreja de Cristo; e um apelo à Igreja para ser fiel a Cristo.
Em síntese esta epístola foi escrita com o propósito de instruir Tito acerca da organização da Igreja em Creta, e para dirigi-lo quanto à maneira de tratar o povo.
A Epístola a Filemom - A epístola de Paulo a Filemom é a única carta do apóstolo destinada a uma pessoa; a única desse tipo que foi conservada e incorporada às Escrituras Sagradas. Pela forma amistosa com que Paulo a escreve, ela é conhecida como a epístola da cortesia. Diretamente ela não contém muito de doutrina cristã. Seu valor principal acha-se na descrição da prática externa da aplicação da doutrina cristã na vida diária e do cristianismo prático em relação aos problemas do dia-a-dia do crente. A carta é do tipo carta de recomendação, escrita por Paulo, destinada a seu irmão e amigo Filemom, a respeito de Onésimo. Por causas desconhecidas, (talvez furto), Onésimo foge do seu amo, Filemom, e chega a Roma.
Aí, ouve a pregação de Paulo e se converte à fé cristã. Como a conversão requer o ato de restituição, Onésimo é admoestado a voltar a seu antigo amo, razão porque Paulo escreve esta epístola a Filemom, recomendando-o, como irmão em Cristo.
O piedoso escritor Myer Pearlman, fez valiosas observações sobre esta epístola que abordamos a seguir:
1. O seu valor pessoal encontra-se no fato de nos proporcionar conhecimento do caráter de Paulo, revelando o seu amor, humildade, cortesia, altruísmo e tato.
2. Seu valor providencial. Aprendemos por ela que Deus pode estar presente conosco e nos ajudar nas circunstâncias mais adversas da vida (Fm 15).
3. Seu valor prático. Somos animados a buscar e redimir o mais baixo e degradado pecador. Onésimo não tinha nada que o recomendasse, porque era um escravo fugitivo, e pior ainda, um escravo da Frigia, uma região notória pelo vício e grosseria de seus habitantes. Mas Paulo ganhou-o para Cristo.
4. Seu valor social. A epístola demonstra a relação entre o cristianismo e a escravidão. Na época de Paulo, havia cerca de seis milhões de escravos no império romano e a sua situação em geral, era de miséria. Porém, Onésimo, ainda que escravo, agora convertido, é posto em pé de igualdade com Filemom, seu amo, segundo o conceito de Paulo.
5. Seu valor espiritual. Proporciona-nos alguns símbolos notáveis da nossa salvação. Os seguintes acontecimentos sugerem ao aluno tais símbolos: Onésimo abandonando o seu amo; Paulo encontra-o; Paulo intercedendo em seu favor; a identificação de Paulo com o escravo; Paulo se oferecendo para pagar a dívida; a recepção de Onésimo por Filemom por causa de Paulo; a restauração do escravo ao favor do seu amo.
RESUMINDO- Do estudo, cuidadoso, destas últimas quatro epístolas de Paulo podemos auferir os mais elevados lucros espirituais, lucros que aplicados à nossa vida, implicarão em grande lucro para a mesma e para a Igreja do Senhor Jesus Cristo da qual somos membros.
1. Na primeira epístola a Timóteo aprendemos quanto à necessidade de mantermos íntegros o ministério que Deus nos tem confiado, de sorte que sejamos obreiros aprovados.
2. Na segunda epístola a Timóteo aprendemos que é possível viver uma vida leal ao Senhor e à verdade, e ainda assim sofrer a oposição da apostasia dos falsos mestres.
3. Na epístola a Tito aprendemos como organizar uma Igreja sobre Jesus Cristo, o fundamento inabalável, e como cooperar para que ela se mantenha fiel à Cristo.
4. Na epístola a Filemom aprendemos que todos os salvos são um em Cristo, independentemente da classe social à qual pertençam.
TEXTO 4 – A ética nas epístolas aos Hebreus e de Tiago
A Epístola aos Hebreus - A epístola aos Hebreus se constitui uma espécie de espinha dorçal das demais epístolas. Ela é qual divisor entre as epístolas de Paulo (Romanos a Filemom), e as epistolas gerais (Tiago a Judas). Como o nome indica, foi escrita, particularmente aos judeus crentes, embora tenha um valor permanente e uma aplicaçãocontínua para todos os crentes, em todas as épocas. A leitura dessa epístola revela o fato de que a maior parte dos hebreus cristãos, à qual se dirige o autor, estava em perigo de afastar-se e apostatar da fé. Comparado com a nação inteira, era um pequeno grupo de pouca expressão, considerados pelos seus patrícios como traidores e objetos de suspeita e ódio. Sentiam o seu isolamento, separados do resto da nação. Por isto estavam sob constantes ameaças e perseguições. Face à perspectiva de iminente perseguição, sentiram-se desanimados e quase a desfalecer na fé. Por isso tiveram o seu crescimento espiritual impedido (5.11-14); outros estavam negligenciando o culto (10.24-25); enquanto que outros tinham as suas mentes voltadas para o t e m p l o e m em Jerusalém para os sacrifícios edemais cerimônias pomposas que ali eram oferecidos. Estavam em perigo de abandonar o cristianismo e se voltar para o judaísmo.
Mas, com o propósito de impedir esta tragédia espiritual, o autor da epístola (cujo nome ignoramos) foi levado a escrever esse brado de alerta, começando por mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo, os resultados eternos de se viver uma vida de fé, ainda, que, sob a oposição e perseguição, e ainda o fato inesquecível de que mesmo o filho mais querido de Deus não é poupado da Sua disciplina, pois Deus castiga àquele a quem ama.
A epistola de Tiago - A epístola de Tiago é a primeira das "epístolas universais", assim chamadas porque de certa forma se dirigem a todos os crentes, de todas as épocas e em todos os lugares. Dado às suas declarações francas e concisas de verdades morais, pode serchamada o "Provérbios" do Novo Testamento.
Diferente das demais epístolas até aqui abordadas, a epístola de Tiago contém poucas instruções doutrinárias, pois o seu principal propósito é pôr em destaque o aspecto religioso da verdade. Os dois principais pontos desta epístola são a fé e as obras. De acordo com o que Tiago explica, a fé que não produz santidade de vida é coisa morta, meramente um consentimento a uma doutrina, que não vai além do intelecto. Tiago salienta ainda a necessidade duma fé viva e eficaz como meio de alcançar a perfeição cristã. Diante da preciosidade do ensino prático da epístola de Tiago, escreveu certo comentador:
Há aqueles que falam da santidade e são hipócritas; aqueles que professam o amor perfeito, mas que não vivem em paz com os irmãos; aqueles que ostentam muita fraseologia religiosa, mas fracassam na filantropia prática. Esta epístola foi escrita para eles. Talvez não lhes dê muito consolo, mas deve ser-lhes muito útil. O misticismo que se contente com sistemas e frases religiosas, mas negligencia o sacrifício real e o serviço devoto, encontrará aqui o seu antídoto. O antinomianismo que professa grande confiança na livre graça, mas que não reconhece a necessidade duma vida pura correspondente, deve estudar a sabedoria prática desta epístola. Osquietistas que se contentam em sentar-se e cantar para conseguir a felicidade eterna, devem ler esta epístola até sentirem a sua inspiração a fim de apresentarem ativamente as boas obras. Todos aqueles que são fortes na teoria e fracos na prática, devem mergulhar no espírito de Tiago; e como há gente desse gênero em cada comunidade em todas as épocas, a mensagem da epístola nunca envelhecerá. (Através da Bíblia Livro por Livro, págs 324/325).
Em resumo - Através destas duas epístolas aprendemos lições do mais alto quilate, dentre as quais, duas:
1. Em Hebreus aprendemos o segredo da perseverança de seguir a Cristo a despeito da oposição dos inimigos e até mesmo os da nossa família.
2. Em Tiago aprendemos que o cristianismo autêntico se evidencia não apenas por fé ou por obras, mas por fé e por obras.
TEXTO 5 – A ética nas epístolas de I Pedro a Judas - As epístolas, desde I Pedro à epístola de Judas, inclusive a epístola de Tiago, já estudada no texto anterior, como já frisamos, formam o grupo das “Epístolas Gerais”. A análise delas se reveste de singular importância pelo papel que elas exercem no seio da comunidade cristã dos primeiros séculos, como código de ética da Igreja.
A Epístola de I Pedro - A primeira epístola do apóstolo Pedro se constitui prova irrefutável da maturidade alcançada pelo apóstolo face à missão que o Senhor lhe dera, mostrada emLc 22.32 “... tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos”. A epístola é destinada aos crentes que estavam passando por tempos de provação e de sofrimento; e foi escrita com o propósito de animá-los e de assegurar-lhes de que tudo quanto necessitavam para triunfar, havia sido provido na graça de Deus (5.10). Por isso o tema desta epístola pode ser resumido da seguinte maneira: a suficiência da graça divina e a sua aplicação prática com relação à vida cristã e para suportar a prova e o sofrimento.
A Epístola de II Pedro - Enquanto a primeira epístola do apóstolo Pedro trata dum perigo que vem de fora (a perseguição), a segunda trata dum perigo que estava dentro da Igreja, (a falsa doutrina). Uma vez detectado este problema, Pedro apressou-se em escrever esta epístola como meio de denunciar os falsos mestres e de ajudar os crentes a enfrentar a oposição daqueles. Em síntese, esta epístola ensina que o conhecimento completo de Cristo é uma fortaleza constante contra a falsa doutrina e uma vida impura.
A Epístola de I João - A primeira epístola do apóstolo João é um belo exemplo duma carta afetuosa dum pai espiritual a seus filhos na fé, na qual ele os exorta a cultivar a piedade prática que produz a união perfeita com Deus, e a evitar esta forma de religião em que a vida não corresponde à profissão.
A freqüente repetição da palavra amor e a da expressão filhinhos meus, faz com que a sua epístola tenha uma atmosfera de ternura. O tema desta epístola poderia ser condensado nas seguintes palavras: Os fundamentos da segurança cristã e da comunhão com o Pai.
A Epístola de II e III João - Enquanto que a primeira carta de João se destina à família cristã em geral, prevenindo-a contra a falsa doutrina e exortando-a à piedade prática, a segunda carta é dirigida a um membro em particular dessa mesma família, escrita com o propósito de instruí-lo quanto à atitude correta para com os falsos mestres. João a escreve num tom tão forte que o tema da mesma pode ser dado nas seguintes palavras: é dever do crente obedecer à verdade e evitar comunhão com os seus inimigos.
Já a terceira epístola de João dá uma idéia de certas condições para elogiar Gaio por ter recebido em sua casa alguns missionários itinerantes que foram menosprezados por Diótrefes, pastor da Igreja, e para denunciar a falta de hospitalidade e tirania deste.
A Epístola de Judas - A epístola de Judas, como outras das epístolas universais, também condena a apostasia na Igreja, e desmascara os líderes que a promoviam. Foi à presença desses homens na Igreja e as suas atividades em propagar as suas doutrinas, que fez Judas escrever esta epístola, cujo tema é: o dever que têm os cristãos de guardarem-se sem mancha, e de lutarem sinceramente pela fé, no meio da apostasia.
Em resumo - Por fim, destas epístolas estudadas, aprendemos o mais salutar ensino, útil à nossa educação e firmeza nos caminhos do Senhor. Por exemplo:
1. Na primeira epístola de Pedro aprendemos que a graça divina é suficiente, para nos fazer aptos a suportar a prova e o sofrimento pela causa de Cristo.
2. Na segunda epístola de Pedro aprendemos sobre a necessidade de ter conosco o conhecimento de Cristo como forma de nos manter fortes contra as doutrinas falsas e uma vida impura.
3. Na primeira epístola de João aprendemos o segredo duma vida de amor a Deus e ao próximo, no entanto evitando aqueles que ensinam heresias e prejudicam a Igreja do Senhor.
4. Na segunda e terceira epístolas de João aprendemos como viver uma vida de piedade, como evitar os falsos mestres, e acerca do valor da hospitalidade a favor daqueles que militam na causa de Cristo.
5. Na epístola de Judas aprendemos a evitar os falsos mestres e a lutar pela fé uma vez dada aos santos.
Lição 5 - Ética na Família - Nesta e na lição seguinte abordaremos a ética na família, tratando de temas, os mais variados como sejam: a vida do solteiro, problemas conjugais e problemas com os filhos. Quando Deus criou o ser humano, dotou-o de mecanismos especiais que mantém a atração entre os sexos. Trata-se dum conjunto de sentimentos e emoções, inclusive o sexo propriamente dito que leva o rapaz a sentir forte atração por uma garota, e vice-versa. Desse cortejo, surge o namoro, logo após o noivado e segue-se o casamento.
TEXTO 1 – A vida de solteiro - Em nossa sociedade as pessoas solteiras são definidas como aquelas que não são casadas. Podemos separar em três grupos distintos:
1 - Aquelas vidas que nunca se casaram.
2 – Aquelas que se divorciaram ou estão em processo de divórcio.
3 – E aquelas que são viúvas.
1 – As que nunca se casaram. Em muitos lugares do mundo, a família é que dá amparo e companhia para os solteiros que fazem parte dela. Entretanto, tem se tornado comum o fato de muitos solteiros deixarem suas famílias e se mudarem para outras cidades, seja por causa de um emprego, seja por uma razão qualquer. Os sentimentos mais comuns encontrados naqueles que nunca se casaram é medo, incerteza, contentamento e desesperança.
2 – As que são divorciadas. Muitos problemas enfrentam os divorciados como solteiros. É possível que o divorciado sinta-se rejeitado, ou tenha a sensação de que as pessoas o estão condenando duramente pelo seu fracasso do seu casamento. Pode ser que enfrente sofrimento e até perca as esperanças. Sua rotina poderá mudar drasticamente, principalmente quando a responsabilidade pela criação dos filhos não é dividida. É possível que tenha de lidar com sentimentos de raiva, amargura, rancor, solidão e de dor pela perda do cônjuge.
3 – As que são viuvas. A grande maioria dos problemas enfrentados pelos viúvos são: tristeza, solidão, mudança drástica de rotina, falta de alvos e sentimentos de abandono. É possível que passem também por dificuldades financeiras e tenham que se ajustar (principalmente a mulher) à sua nova condição.
Alguns versículos bíblicos para estas situações:
Sofrimento por ter sido maltratados por alguém. (Sl 91.4; 1ª Pe 4.12-19; Hb 2.18)
Sentimentos de rejeição. (2ª Co 12.9; Is 53.3; Jo 1.11; Sl 130.4-5)
Medo. (Dt 33.12; 1ª Jo 1.9; Js 1.9; 2ª Co 12.10)
Tristeza, sofrimento. (Sl 18.29; Sl 66.10-12; 2ª Co 1.3-4,6)
A - Aspectos positivos da vida de solteiro.
1 - Deus aprova o celibato como alternativa para o casamento - Quando falamos em celibato, estamos falando da pessoa que não possui nenhum tipo de envolvimento sexual, ou seja, que é sozinha. Por causa da situação difícil em que o mundo se encontra e devido aos problemas que a vida de casado pode trazer, o apóstolo Paulo sugere que o melhor para os solteiros é permanecerem como estão. Segundo ele, quem não é casado está livre das preocupações e das dificuldades que a responsabilidade por uma família traz. (1ª Co 7.26-32) Ao sugerir isso, Paulo não estava querendo obrigar ninguém a permanecer solteiro. Estava apenas dando uma boa alternativa àqueles que, de fato, não desejam se casar. (1ª Co 7.35)
2 – O celibato é um dom especial – Para que alguém se mantenha na condição de solteiro é preciso que tenha um dom para isso. Creio que esse dom é dado livremente por Deus a qualquer pessoa que dele precise, quando e pelo tempo em que ele for necessário. Tanto Jesus quanto Paulo se referiram ao celibato e ao casamento como sendo dons. Deus nos ama e pode suprir todas as nossas necessidades, sejam elas quais forem e no momento em que precisarmos.
A pessoa que deixa de se casar para poder dedicar sua vida à edificação do reino dos céus é uma dádiva especial para a Igreja. Conheço muitas mulheres e homens dedicados ao Senhor, que mesmo tendo a oportunidade de se casarem, preferiram investir a vida no ministério; alguns deles servindo como missionários em paises distantes. Fizeram essa escolha porque sabiam que de outro modo seria impossível efetuarem aquilo que Deus os chamara para fazer. O apóstolo Paulo é um exemplo disso. Ele disse em 1ª Co 7.7.
3 – O celibato é uma oportunidade – (Mt 19.11-12 e 1ª Co 7.32-35)
Vamos refletir um pouco sobre isto: Paulo destaca esse mesmo motivo para que alguém opte pelo celibato. Ele observa que o homem solteiro é livre para cuidar das coisas do Senhor, enquanto que o casado fica dividido. De modo análogo, a mulher casada preocupa-se em agradar o seu marido (o que é certo), ao passo que a solteira é livre para se dedicar completamente e sem reservas ao serviço do Senhor. É claro que todos os crentes são chamados a uma vida de dedicação completa a Deus. Contudo, os solteiros têm muito mais oportunidades de se dedicar do que aqueles que têm uma família para cuidar. (Mt 6.33). Aqueles que escolheram não se casar a fim de se dedicarem completamente à obra do Senhor, descobrirão que Deus os ajudará continuamente a entregarem suas necessidades a Ele e a servi-Lo de todo o coração. Grande é a recompensa que o Senhor dará aos assumirem esse compromisso. (Mt 19.29)
B – Casar ou não casar? Algumas pessoas solteiras sentem que não tiveram outra escolha. Aquele que se divorciou não escolheu esta situação, da mesma sorte a viúva não escolheu essa situação. Pode ser que essas pessoas não desejem permanecer na mesma condição pelo resto da vida.
Como devem proceder? A graça de Deus é suficiente para que enfrentemos qualquer problema. O Senhor não exige que suportemos um fardo maior do que as nossas forças. Cada luta que enfrentamos é uma oportunidade que temos de nos tornarmos mais íntimos Dele e de experimentarmos Seu amor e cuidado conosco. Temos aqui uma outra oportunidade onde teremos de identificar o problema, entrega-lo a Deus e esperar que Ele faça com que as coisas cooperem para o nosso bem. Ele nunca falhará. A pressão que as pessoas sentem para se casar, quer seja de si mesmas quer seja da sociedade, geralmente as leva a usar métodos incorretos para chegarem a casamento, ou mesmo para se casarem com uma pessoa qualquer, ao invés de se casarem com alguém que Deus tem para elas. Entre a pessoa certa que parece não chegar e uma outra qualquer, não faça a segunda opção! A vontade de Deus é, em primeiro lugar, que sejamos santos, e não que sejamos casados. (1ª Ts 4.1)
O tempo é fundamental em todos os aspectos do plano de Deus para as nossas vidas. Casamentos por impulso, muito rápidos, ou, antes da pessoa estar preparada, têm acabado por essa razão. Em alguns casos, os casais se enganaram um em relação ao outro, ou talvez fossem muito imaturos para administrar as pressões da vida de casados. Os solteiros não devem se precipitar em relacionamentos que não são da vontade do Senhor, Deus pode e suprirá as necessidades sociais das pessoas solteiras através da comunidade cristã e da comunhão com os irmãos e irmãs em Cristo. Todos nós, quer casados quer solteiros, devemos nos empenhar em desenvolver e preservar um caráter cristão forte e maduro. Os padrões de Deus são os mesmos – tanto para casados quanto para os solteiros. Assim, se Deus conduzir alguém ao casamento, a base já estará firme.
C – Enfrentando problemas específicos - A grande maioria dos problemas se encontram dentro das pessoas. Aqui vão algumas orientações que o ajudarão a encontrar soluções para os problemas que você pode enfrentar como solteiro.
1 – Olhe para dentro de você. Pode ser que você não seja capaz de mudar as circunstâncias ao seu redor, mas pode mudar sua atitude em relação a elas. Lembre-se de que alegria do Senhor é a nossa força! E, tudo posso naquele que me fortalece!
2 - Reconheça sua posição em Cristo. Cristo deu a Sua vida por você! Ele o ama e Nele você é aperfeiçoado (Cl 2.10). Você é uma dádiva especial para a Igreja. Aproveite a liberdade especial que você tem, para se dedicar totalmente à obra de Deus. Agradeça-Lhe a oportunidade de servi-Lo e de ser tudo o que você pode ser para Ele.
3 – Envolva-se em ajudar os outros. Há muitas pessoas que se dentem mais solitárias, mais deprimidas e que estão sofrendo mais do que você. Descubra maneiras de amenizar o fardo que elas carregam. Seja sociável. Mantenha-se ocupado. Tenha sempre algo para fazer. Tenha sempre um alvo a atingir.
4 – Aumente o tempo de leitura bíblica, meditação e oração.
5 – Aplique os princípios cristãos para a solução dos seus problemas – Se há uma solução definitiva para o problema, Deus lhe mostrará a resposta quando você se aplicar ao problema. Se não puder enxergar nenhuma saída, entregue o problema a Deus e confie que Ele fará tudo cooperar para o seu bem. Independentemente das circunstâncias, você pode viver uma vida cristã vitoriosa e feliz. Quanto maiores as lutas, maior será o testemunho para as pessoas. Basta que você confie e obedeça ao Senhor, deixando que Ele realize Sua vontade em sua vida.
D – Como a Igreja pode ajudar - A Igreja pode desenvolver um ministério importante e eficaz para as pessoas solteiras. Nas epístolas, os crentes são, várias vezes, incentivados a cuidarem uns dos outros. Vejamos: Gl 6.2; Ef 4.32; Gl 6.10; Tg 5.16; Rm 12.5,10,13,15; Fp 2.4. A melhor maneira de os crentes casados ajudarem é tornando-se sensíveis aos sentimentos e às necessidades especiais dos crentes solteiros. Devem ser evitados apelidos pejorativos como “solteirona”, “encalhado”, e etc, Devem ser integrados em atividades proveitosas, onde eles possam exercitar os seus dons, tirando partido (sem abusar, é claro!) da facilidade que têm de dedicar mais tempo para o ministério. Eles podem ser de grande ajuda para os pastores e outros líderes da Igreja. Os mais tímidos e aqueles que parecem não querer s envolver com nada, devem receber uma atenção especial, Pode ser que estes estejam extremamente feridos e necessitados de alguém que lhes passe segurança e que lhes mostre o quanto são amados.
Se observarmos todas estas condições, teremos condições abençoadoras, condições em Deus para um grande relacionamento. O namoro do crente deve ser Santo. O namoro do crente nada mais é do que um relacionamento entre irmãos com objetivos futuros. É um tempo de estudos e confirmações. Deus tem o melhor para a vida dos solteiros. Descanse n’Ele.
TEXTO 2 – Problemas conjugais - Seria impossível nesse pequeno espaço discutir e encontrar soluções para todos os problemas enfrentados no âmbito familiar. Quando discutimos os relacionamentos em sociedade, cobrimos muitas áreas de problemas que podem também ser aplicadas ao universo familiar. Nesta lição, nós nos esforçaremos para discutir aqueles problemas que são unicamente familiares e procuraremos os princípios bíblicos que nos darão orientação em cada estância. Primeiramente, examinaremos alguns problemas mais sérios que podem existir entre o marido e a esposa.
1 – Diferenças espirituais - Os problemas surgem em alguns casamentos pelo fato de um dos cônjuges ser crente e o outro não ser. Muitas vezes as pessoas se casam com um incrédulo, achando que após se casarem serão capazes de ganha-lo para o Senhor. Uma outra situação ocorre, quando após o casamento um dos cônjuges se converte e o outro não.
Os problemas que surgem de tal circunstância são enormes: o cônjuge crente passa a se interessar pelas coisas de Deus, quer freqüentar a Igreja e desenvolver a maturidade cristã, enquanto o outro permanece atraído, e envolvido pelos prazeres mundanos. Não há consenso quanto a criação dos filhos, e as possibilidades desses aceitarem a Cristo, como seu Salvador pessoal, são muito menores, dado o exemplo antibíblico que recebem do pai e da mãe incrédulo(a). Às vezes o crente, levado pelo cônjuge que ainda não aceitou a Jesus, pode até mesmo vir a se desviar de sua fé em Deus e a cair no pecado. A melhor solução para esse problema e para qualquer outro, naturalmente, é evitá-lo. O casamento entre o crente e o incrédulo é proibido, de acordo com a palavra de Deus. (2ª Co 6.14-18)
É claro que não pode haver comunhão ou entendimento entre o certo e o errado, a luz e as trevas, Cristo e Satanás. Além das necessidades humanas básicas, não há nada em comum entre o crente e o não-crente. O jovem ou a jovem que deseja de tal forma se casar e que esteja disposto(a) a ignorar este importante ensinamento bíblico, estará abrindo a porta para uma vida de sofrimento e de problemas. O modo como Deus espera é, de fato o melhor, e Ele suprirá todas as nossas necessidades se O obedecermos.
Para o crente que é casado com um incrédulo, possivelmente porque se casou antes de se converter, o apóstolo Paulo deixou algumas instruções específicas em 1ª Co 7.12-16. O apóstolo Paulo aconselha o crente a permanecer casado enquanto houver consentimento do outro com o casamento. O crente não deve nunca abandonar o seu cônjuge. Nesse caso também, Deus é poderoso para suprir o amor e a graça necessária. E quem sabe o cônjuge não se converterá um dia? Por que você acha que o crente é instruído a permanecer casado com o incrédulo, em casas como este que acabamos de citar? (Leia Mt 19.4-6).
Em muitos lares é a mulher quem tem de assumir a responsabilidade da liderança espiritual em sua família. Isso não agrada a Deus, pois Ele determinou que o marido fosse o cabeça do lar, e isso abrange, também, a liderança espiritual. Normalmente os filhos seguem o exemplo do pai; e este não pode esperar que sua família chegue a um nível espiritual mais elevado do que o dele próprio. Os problemas espirituais enfrentados em casa só podem ser resolvidos através da obediência aos princípios bíblicos.
2 – Diferenciando as necessidades sexuais - As vezes em um casamento é possível que um dos cônjuges tenha mais necessidade de ter relações sexuais que o outro. Privar-se um ao outro de relações sexuais é algo contrário à Bíblia, salvo quando há mútuo consentimento e por curto período (1ª Co 7.5). O marido é a esposa que desejam se agradar mutuamente, concederão um ao outro o que lhes é devido, como ensina a Palavra de Deus (1ª Co 7.3-4). Ao mesmo tempo, ambos devem estar sensíveis às verdadeiras necessidades de seu cônjuge por outras formas de expressão de amor e afeto que não tenham como objetivo a relação sexual. O casal que seguir os ensinamentos bíblicos com relação a esse assunto, descobrirá que a satisfação sexual no casamento os ajudará a ficarem unidos para enfrentar problemas em outras áreas.
- Infidelidade - Provavelmente o problema que mais ameaça os casamentos é a infidelidade (relações sexuais ilícitas ou adultério). Tanto no Velho Testamento quanto o Novo proíbem categoricamente o adultério. Estaremos agora, abordando este assunto do ponto de vista do cônjuge inocente ou traído.
- Como você deve reagir se o seu cônjuge cometer adultério?
- Será que deve pedir o divórcio imediatamente?
- Você deve manter o casamento se a traição continuar se repetindo?
- De acordo com Mt 19.9, o divórcio é permitido somente em casos de adultério.
- Se um casamento terminou por causa de infidelidade, o cônjuge traído poderá se casar novamente?
Os estudiosos da Bíblia não chegaram a um consenso no tocante à interpretação do que a Bíblia diz sobre isso. Para alguns, as palavras de Jesus me Mt 19.9, permitem um novo casamento em tais circunstâncias. Por essa interpretação, quando há adultério a pessoa rompe o vínculo que a torna “uma só carne” com o seu cônjuge, e esse, portanto, deixa de estar unido a ela. Em casos assim, a pessoa traída estaria livre para se casar novamente com alguém que não esteja, de alguma forma, impedido de se casar. Muitos fatores podem contribuir para que haja adultério. Por exemplo, quando o esposo ou a esposa se nega a ter relações sexuais, seu cônjuge poderá ser induzido a procurar satisfazer suas necessidades com outra pessoa. Um outro exemplo é quando um dos cônjuges, despreparado espiritualmente e numa situação de grande tentação, dá lugar a ela. Ambas as situações constituem pecado e certamente Deus não isenta de culpa ninguém que as pratica.
Entretanto, vamos supor que a pessoa que foi infiel se arrependa profundamente de seu pecado e peça perdão. Nesse caso, será que o cônjuge traído deve perdoar e renovar a unidade de seu casamento? Provavelmente essa é uma das ofensas mais difíceis de perdoar que alguém pode enfrentar em sua vida. A dor oriunda de situações em que a confiança no outro é perdida se instala no fundo do coração, sendo muito difícil confiar novamente. Entretanto, o princípio do perdão é um dos ensinamentos mais poderosos em toda a Bíblia. Cristo não apenas ensinou a perdoar (Mt 6.14), como também perdou (Lc 7.47-50). Deus abomina o pecado, mas ama os pecadores de tal forma que permitiu que Seu próprio Filho amado fosse ferido, insultado, e pendurado no madeiro para que os nossos pecados fossem perdoados. Cristo também perdoou a mulher adultera (Jo 8.3-11). Que maior amor poderia ser demonstrado a um cônjuge do que lhe conceder a mesma medida de perdão que Cristo demonstrou a nós? Se o casamento puder ser salvo e um lar cristão preservado, e se tanto o marido quanto a esposa puderem renovar seus votos, um para com o outro, e para com o Senhor.
Deus abençoará aquele que se dispuser a perdoar. Em tal situação, nenhum dos dois deverá discutir o assunto novamente – nem entre si, nem com outras pessoas. Esse assunto deve ser perdoado e esquecido. A experiência deve servir apenas como lembrete do poder que Satanás tem de levar-nos a pecar.
- O divórcio - Estaremos expondo os princípios gerais referentes ao divórcio, que se aplicam aos crentes. (Ml 2.13-16). Vemos claramente qual é a opinião do Senhor em relação ao divórcio. Neste trecho das Escrituras, o Senhor explica que a razão pela qual Ele espera que o marido e a esposa sejam fiéis, um ao outro, é para que seus filhos sejam, verdadeiramente, parte do povo de Deus. Os filhos de um casamento cristão são do Senhor num sentido especial. As crianças que são vítimas do divórcio enfrentam sérios problemas. Conheço um pastor que passou dois anos lecionando quarenta meninos delinqüentes que haviam sido levados por ordem das autoridades legais para um lar de menores. Foram para lá porque haviam se envolvido com muitos crimes. Aquele pastor me contou que a única experiência que todos aqueles garotos tinham em comum era a de terem pais divorciados. Não estou dizendo que todos os filhos de pais divorciados se envolvem com a criminalidade; entretanto, a maioria deles acaba sofrendo de uma forma ou de outra.
Regras gerais referentes ao divórcio são:
1) O divórcio é proibido (vedado) para o crente. (1ª Co 7.10-11)
2) É proibido casar-se com pessoas divorciadas. (Lc 16.18; Mt 5.32; Mt 19.9; 1ª Co 7.11)
3) Os divorciados não podem se casar novamente. (1ª Co 7.10-11)
4) Segundo a opinião de alguns, a única situação em que é possível que um crente se divorcie e se case novamente é o adultério. Mas mesmo em tal circunstância, há um preço a ser pago em termos de sofrimento, de danos emocionais para os filhos e do testemunho cristão.
Por isso, para os casos em que o divórcio já aconteceu e não há nenhuma possibilidade de renovação dos votos matrimoniais porque um dos cônjuges se casou novamente, então os irmãos da Igreja devem servir como fonte de apoio e consolo para os divorciados. Deus não dá as costas a ninguém que clame a Ele por ajuda. Ele dará a estes a força para reconstruírem sua vida e para enfrentarem os problemas que o divórcio traz.
Quero trazer a opinião deste Ministério com relação a este assunto (Opinião do Pastor Presidente do MJCP – Pr. Joaquim Cancio Pereira Soares).
“Creio que quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, uma aliança espiritual é realizada, pois a Bíblia afirma que o que Deus uniu não separe o homem. Se Deus uniu, e Deus é espírito, logo é uma união espiritual. Nenhum ser humano pode separar. Mas, no natural, o homem criou o divórcio. Na realidade o que se separa são os corpos e não a aliança, pois ela é até que a morte os separe. Mesmo divorciados ambos se encontram unidos em uma aliança, por Deus. Por isso, este Ministério não estimula e não compactua com o divórcio. Deus nos manda perdoar. O perdão é a base do cristianismo. Mas, se o homem ou a mulher recebem a Jesus neste estado, necessitamos entender o que a Palavra de Deus nos orienta. (1ª Co 7.17-24)”.
TEXTO 3 – Problemas conjugais (continuação)
Outros problemas conjugais - Vamos mencionar outros problemas que podem trazer tristeza e discórdia para a família.
1) Falta de confiança e respeito mútuo - Conheço um marido que tem prazer em humilhar a esposa na presença de outras pessoas. Conheço também uma mulher que parece aproveitar todas as oportunidades que tem para depreciar seu marido, discordando dele ou corrigindo tudo o que ele diz, na frente dos outros. Talvez estejam agindo assim para descontar no outro alguma lacuna no comportamento. Essa lacuna pode ser: omissão de amor e de submissão; entretanto, essa, certamente, não é a maneira como o crente deve lidar com seus problemas de relacionamento. O padrão bíblico designa que o marido ame a sua esposa como Cristo amou a Igreja (Ef 5.25-26) e que a esposa honre e respeite seu marido (Ef 5.33). Nenhum dos dois deve dar motivos para que o outro sinta ciúme. O casal cristão que enfrenta esse problema deve discuti-lo junto e abertamente e ambos devem concordar em evitar situações que propiciem esse tipo de sentimento. A pessoa que está sempre enciumada, sem que haja um motivo justo, deve pedir ao Senhor que a ajude a vencer esse sentimento e a desenvolver confiança em seu cônjuge. O ciúme ocorre quando falta respeito, submissão, compromisso e confiança.
2) Falta de comunicação - “Meu marido nunca conversa comigo”. Essa é uma reclamação comum às mulheres que muito provavelmente passam o dia inteiro cuidando dos filhos pequenos, e quando chega a noite, estão desejosas de conversar com o marido. Para que o casamento seja bom, é preciso haver boa comunicação. O marido e a esposa devem dividir um com o outro, mais do que qualquer outra pessoa, tanto suas alegrias, tristezas, esperanças e sonhos, quanto os problemas do dia-a-dia.
3) Excesso de compromisso - Um psicólogo cristão de renome afirmou ser este o problema número um de muitos lares cristãos, inclusive de pastores e de outras pessoas que trabalham em tempo integral no Ministério. É fácil envolver-se em muitas atividades fora de nossa casa e quase não sobra tempo para a vida familiar. O lar se torna um lugar apenas para comer, tomar banho e dormir. Muitas famílias são negligenciadas enquanto o pai trabalha para ganhar dinheiro, ou fica ocupado ministrando às necessidades espirituais dos outros. Ele dá o melhor de si em seu trabalho, mas muito pouco ou até mesmo nada para sua esposa e filhos. Deus espera que utilizemos a inteligência que Ele nos deu para estabelecer corretamente nossas prioridades. Se é papel do marido assumir a liderança espiritual de seu lar, então ele precisa passar tempo em comunhão com sua família, ensinando-a. (1ª Tm 3.1-12)
4) Problemas financeiros - O marido e a esposa devem juntos estabelecer um orçamento familiar que cubra suas despesas essenciais e que evite que fiquem cheios de dívidas difíceis de serem quitadas. O melhor princípio é o de entregar fielmente a décima parte da renda familiar ao Senhor, de acordo com o ensinamento bíblico (Ml 3.8 e Mt 23.23). Acredito firmemente que muitas famílias enfrentam desnecessariamente problemas financeiros, doenças e gastos não programados porque não dão com alegria ao Senhor à parte de sua renda que Lhe é devida.
A Palavra de Deus enfatiza repetidamente que devemos dar. No entanto, por mais que demos, não poderemos ser mais generosos que o Senhor. Ele prometeu suprir nossas necessidades se Lhe formos fiéis. (Lc 6.38). O apóstolo Paulo mencionou ter aprendido a estar contente fosse na fartura, fosse na escassez (Fp 4.11). A felicidade certamente independe das riquezas. O Senhor não quer que nos preocupemos em acumular tesouros. O que Ele quer é que confiemos que Ele suprirá nossas necessidades diárias.
5) Diferenças na forma de criar os filhos - Muitos problemas surgem porque os pais não conseguem chegar a um consenso quanto à forma de criar e disciplinar seus filhos. Isso pode ser evitado se eles obedecerem aos princípios que a Bíblia oferece sobre esse assunto. Falaremos deles um pouco mais adiante nessa lição. Os pais devem sempre mostrar unidade nas decisões que dizem respeito aos filhos e devem discutir suas diferenças de opinião a sós, para que as crianças não tirem proveito delas e criem mais discórdia entre eles.
6) Problemas relacionados aos familiares - Ao se casar, o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e dedicar-se à sua esposa (Mt 19.5). Sua responsabilidade é para com ela e seus filhos e, portanto, não deve permitir que nada desestabilize a unidade de seu casamento. Entretanto, a Bíblia ensina que se algum membro da família estiver passando por alguma necessidade séria, não devemos virar as costas para ele. A Bíblia nos afirma em 1Tm 5.4-8 sobre a dimensão da responsabilidade do crente incluir os avós, os demais parentes e as viúvas da família.
TEXTO 4 – Problemas com os filhos
- A desobediência - A desobediência aos pais é um dos sinais dos últimos tempos. O único mandamento que traz uma promessa é o que se encontra em Ex 20.12. Os filhos precisam aprender a ser obedientes através de um ensinamento rigoroso e da disciplina dos pais (Pv 22.6). O ensinamento não acontece da noite para o dia – é necessário ter disposição e determinação para se ter controle das situações (Pv 29.15). Os pais não devem permitir que seus filhos, enquanto pequenos, os desobedeçam, se quiserem ter maior controle sobre eles nos anos da adolescência. A rebeldia dos filhos adolescentes tem entristecido o coração de muitos pais, atualmente. Um outro agravante é a crescente tentação que os jovens enfrentam de experimentar drogas, bebidas alcoólicas e aventuras sexuais. A Igreja tem sentido o impacto dessas pressões quando as próprias famílias cristãs enfrentam a dor de ver uma filha solteira grávida, um filho viciado em drogas, ou um filho ou uma filha abandonando a família, fugindo de casa para buscar satisfação de forma que não agradam a Deus. Se a sua família está enfrentando algum desses problemas, gostaria de incentivá-lo a fortalecer sua fé e a não desistir. O Senhor se importa com você e ama seu filho rebelde. Leia a parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32) e arme-se de coragem.
Os pais cristãos podem tomar posse da promessa de Deus em Pv 22.6. Pode haver situações em que tudo o que você poderá fazer é entregar o seu filho problemático ao Senhor e confiar que Ele fará tudo cooperar para o bem. Entretanto, esteja sempre pronto para ajudar seu filho a sair do problema, quando ele lhe pedir ajuda. Da mesma forma que o Pai celestial aceita de braços abertos o pecador arrependido, não importando o que ele tenha feito. Os pais crentes devem mostrar amor e compaixão aos seus filhos rebeldes quando estes lhes pedirem ajuda.
- Falta de ensino e disciplina - Quando o pai e a mãe trabalham fora, é comum que não sejam tão enérgicos para encarar a responsabilidade de ensinar e disciplinar os seus filhos. Normalmente o que ocorre é que eles esperam que a Igreja e a escola cumpram essa função, que na verdade foi dada a eles por Deus. Ensinar uma criança não é uma tarefa simples. Não há como faze-lo, simplesmente lhe dizendo como ela deve viver. É preciso acompanhá-la de perto, corrigir cada erro, mostrar-lhe o que é certo e errado e ensinar-lhe o que a Palavra de Deus diz. É um processo que deve durar até que ele atinja a maturidade para sair de casa e assumir as responsabilidades de um adulto.
- Falta de amor e compreensão - Todas as pessoas têm necessidade de amor e afeição. As crianças que são criadas em um lar onde há pouca demonstração de amor, encontram dificuldade em expressar amor às outras pessoas. É importante que os pais tenham o cuidado de mostrar constantemente aos seus filhos o quanto eles são amados. Os pais agem com falta de entendimento quando exigem muito de seus filhos ou quando são muito liberais ou tolerantes, deixando que os filhos façam tudo o que querem. Esses são dois extremos que podem causar problemas. A criança que é constantemente criticada ou ridicularizada se sentirá inferior e insegura, e esses sentimentos a acompanharão mesmo na fase adulta. Entretanto, se a criação dos filhos for encarada da maneira correta, será fácil evitar esses problemas.
Todo mundo recebe bem a aprovação e as palavras de elogio. A repreensão pelo erro deve ser contrabalançada com palavras de elogio quando a criança agir corretamente.
Os pais devem agir com base nos princípios do amor, seja no relacionamento com os filhos, seja nos demais relacionamentos. Todos têm o direito de ser tratados com dignidade e respeito, independentemente da idade.
TEXTO 5 - Responsabilidades dos membros da família
- Responsabilidades do marido
1 – Dar direção - O padrão bíblico estabelece que é o homem quem recebe do Senhor a função de dirigir a família. Abraão, direcionado por Deus, deixou sua parentela e seguiu para uma terra que o Senhor escolhera para ele (Gn 12.1). Jacó recebeu do Senhor a direção de voltar para a terra de seu pai (Gn 31.3). José, também, direcionado por Deus, fugiu para o Egito a fim de proteger sua família (Mt 2.13).
O Espírito Santo inspirou a Paulo para que explicasse o padrão de autoridade para a família cristã. (1ª Co 11.3; Ef 5.23; Ef 6.1). Da mesma forma que a cabeça deve ser sensível ao corpo todo, para que possa comunicar-lhe a direção, o marido deve ser sensível às necessidades de sua esposa e de seus filhos, e sensível à direção de Deus, para que seja o líder espiritual de sua casa. O homem que vive em total submissão a Cristo saberá conduzir as questões familiares de forma a agradar ao Senhor. Isso inclui as questões espirituais também. (Js 24.15; At 16.31). A família cristã, submissa ao Senhor, acatará a sua autoridade com alegria.
2 – Prover o sustento - É dever do homem suprir as necessidades materiais de sua família e lhe dar proteção. (1ª Tm 5.8)
3 – Amar - O marido deve amar a sua esposa como Cristo amou a Igreja.
E como Cristo amou a Igreja?
a) Ele se entregou por ela. Ef 5.26; Rm 5.8
b) Para que a santificasse. Ef 5.26
c) Tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela Palavra. Ef 5.26
d) Para a apresentar a Si mesmo.... santa e sem defeito. Ef 5.27
e) Cristo nos amou primeiro. 1ª Jo 4.19
f) Como a seu próprio corpo. Ef 5.28
- Responsabilidades da esposa - O Novo Testamento não ensina que a mulher é inferior ao homem (Gl 3.28). Nesse versículo são mencionados os escravos, os libertos, os gregos e, também, o homem e a mulher. Ele ensina que Cristo aceita igualmente todas as pessoas, mesmo que sejam diferentes umas das outras. A autoridade do marido é uma questão de responsabilidade e de uma hierarquia bem organizada. Em toda a comunidade é necessário haver lideranças e Deus escolheu o marido para ser o líder da família.
Para haver um líder é preciso haver seguidores. É papel da esposa seguir a liderança de seu marido, sendo submissa a ele (Ef 5.24). Ela deve submeter-se como ao Senhor (Ef 5.22), respeitando ao seu marido (Ef 5.33), como convém (Cl 3.18). Ela deverá se comprometer e se entregar ao seu cônjuge da mesma forma que se compromete e se entrega ao Senhor.
A esposa cristã precisa ter a maior estima por seu marido: deve honrá-lo, preferir sua companhia à de outras pessoas e admirá-lo. E caso seu marido não seja crente, ela poderá ganhá-lo através de seu procedimento, sem precisar dizer nada (1ª Pe 3.1). Isso quer dizer que o exemplo de uma vida coerente, que condiz com os princípios bíblicos, é capaz de ganhar um marido não crente, sem necessidade de palavra alguma. Em Tt 2.3-5 encontramos algumas outras responsabilidades das esposas.
Trata-se daquilo que as mulheres idosas devem ensinar as mais novas. Entretanto, as mais experientes precisam cuidar para que suas vidas sejam, de fato, exemplos. Precisam ser sérias no seu proceder, não caluniadoras, ou escravizadas ao vinho. Só assim poderá ensinar às mais novas.
- Responsabilidades dos filhos - A primeira exigência que se faz dos filhos é que eles honrem e obedeçam a seus pais (Ex 20.12; Ef 6.1-4).
Deus abençoou os filhos que são obedientes aos pais (Jr 35.6,7,18-19). Além disso, estes têm mais chances de criar seus próprios filhos da maneira correta. Sair da infância não significa deixar de honrar os pais. O jovem deve se lembrar dos ensinamentos e dos conselhos paternos quando se tornar adulto e independente. Quando um jovem se beneficia dos ensinamentos dos pais, eles se alegram imensamente (Pv 23.22-25). No Velho Testamento vemos exemplos de filhos desobedientes e desrespeitosos que sofreram castigos severos (Ex 21.15; Lv 20.9; Dt 21.18-21; Pv 28.24; Pv 30.17). Deus é o cabeça de Cristo. Cristo é o cabeça do marido. O Marido é o cabeça da esposa. Os filhos devem honrar pai e mãe. Quando essas instruções divinas relativas às responsabilidades de cada membro da família são ignoradas, não é de se admirar que os problemas surjam. A família que vive de acordo com esses padrões, vive em amor, felicidade e satisfação, porque esses princípios realmente funcionam.
NOTA:
Este material didático foi extraído do Livro Auto-didático publicado pela Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus, do livro Ética Cristã, escrito por Dorothy Johns e de comentários bíblicos inseridos pelos Pastores Joaquim Cancio e João Pedro Cancio.
Fontes: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/etica-do-comportamento-cristao/
http://www.mjcp.com.br/noticia.php?id=62
http://www.mackenzie.br/7153.html
http://www.mackenzie.br/7153.html
http://www.gotquestions.org/Portugues/etica-Crista.html
http://ebdensinourbis.blogspot.com.br/2010/01/etica-crista_20.html
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