Amasiados - Qual a Posição da Igreja?
IMPLICAÇÕES ECLESIÁSTICAS QUANTO A RECEPÇÃO DE PESSOAS AMASIADAS NA MEMBRESIA DA IGREJA
Textos bíblicos: Ef. 5. 22-33; 2 Cor. 11.2; João 4.16-18; Fil. 4.8
Com o afrouxamento do casamento, tornou-se comum a união conjugal sem um ato formal. Com isso, surge uma tendência das nossas igrejas se adaptarem à situação, principalmente porque outras Igrejas modernas já se adaptaram, aceitando, naturalmente, pessoas amasiadas como participantes efetivos de sua membresia.
Com o afrouxamento do casamento, tornou-se comum a união conjugal sem um ato formal. Com isso, surge uma tendência das nossas igrejas se adaptarem à situação, principalmente porque outras Igrejas modernas já se adaptaram, aceitando, naturalmente, pessoas amasiadas como participantes efetivos de sua membresia.
O assunto tem sido pouco estudado entre nós. A
Ordem dos Pastores do Brasil, secção de São Paulo e Rio de Janeiro, não
possuem nenhum trabalho sobre o assunto.
Para firmarmos uma posição sobre este assunto, teremos que tentar responder certas perguntas fundamentais, como:
1 - O que é casamento?
2 - Que tipo de casamento a Bíblia aprova?
3 - Que tipo de exigências as Igrejas do Novo Testamento faziam para a sua membresia?
Na consideração deste assunto, teremos que partir,
antes de mais nada, para uma breve recapitulação histórica do casamento,
tanto na história profana, como no Velho e no Novo Testamento.
E é o que faremos a seguir:
O Casamento na História das Civilizações - Um breve
passeio pela história profana, mostra que o assunto não é bem definido.
Will Durant, um historiador ateu, mas considerado pelos críticos um dos
mais imparciais em termos de história e documentário, começa seu relato
dizendo que "casamento é a associação do macho e da fêmea para fins de proliferação". E diz mais à frente que quem inventou o casamento foram os animais (História da Civilização, Will Durant, Vol. I, pp.41/42).
Will Durant, naturalmente, não crê na Bíblia e não aceita a idéia
original do casamento, que foi instituído por Deus com toda a
exuberância que o ato merece. E, na verdade, os animais "descobriram" e não inventaram - não o casamento, mas o "acasalamento". Aliás, acasalamento é o que muitos seres humanos estão fazendo hoje.
No seu relato, Will Durant traz algumas informações
interessantes: Em Futuna e Havaí, a maior parte dos nativos não se
casavam, pelo menos no tempo deste historiador. Os Lubus, juntavam-se
indiscriminadamente sem qualquer concepção de casamento. Certas tribos
de Bornéu, são sexualmente livres como os pássaros. Na primitiva Rússia,
os homens se utilizavam das mulheres sem qualquer distinção e nenhuma
mulher tinha um macho fixo. Os pigmeus africanos não conheciam o
casamento, e seguiam simplesmente seu instinto. Um bloco de informações
de Durant vale a pena citar na íntegra: "Uma variedade de uniões
experimentais veio substituir a ligação indeterminada. Entre os nativos
de Orang-Sakai a moça ficava algum tempo com cada homem da tribo,
passando de um para outro até voltar ao primeiro. Entre os iacutos da
Sibéria, os botocudos da América do Sul, as classes baixas do Tibé e
outros povos, o casamento era completamente experimental, e rompia-se
por vontade de qualquer dos cônjuges, sem que fossem precisas
justificações. Entre os damaras, segundo Francis Galton, "a esposa era trocada semanalmente".
Nos bailes a "mulher passava de homem a homem, e por sua própria
vontade deixava um marido por outro. Jovens, ainda meninas de pouco mais
de 10 anos, tinham, muitas vezes, quatro ou cinco maridos, e todos
ainda vivos". A palavra original para casamento do Havaí, significa
experiência. Nos taitianos, há um século, quando não havia filhos, as
uniões eram livres e dissolúveis à vontade; e se vinha prole, os pais ou
a destruíam sem nenhuma condenação social, ou criavam-na e ficavam
morando juntos; o homem comprometia-se a sustentar a mulher em troca dos
trabalhos de mãe que ela iria ter" (Ob. Cit., vol. I, p. 42).
Will Durant entende que o que fez os seres humanos
deixarem a poligamia e organizarem mais o ato do casamento foi o fator
econômico. Foi ficando difícil a um homem sustentar várias mulheres e
todas as implicações desse tipo de união. Também foram surgindo
problemas de propriedade e herança, com a melhora dos valores sociais do
mundo. Isto levou os seres humanos a adotarem uma só mulher e procurar
desenvolver com ela todo o empreendimento da família.
LUZES DA IDADE MEDIEVAL E DA RENASCENÇA
Um trabalho de 18 páginas preparado por Kirsti S. Thomas, de Seatle, e publicado na Internet, traz interessantes informações sobre o casamento, principalmente de suas formalidades.
Um trabalho de 18 páginas preparado por Kirsti S. Thomas, de Seatle, e publicado na Internet, traz interessantes informações sobre o casamento, principalmente de suas formalidades.
Dentre outras, anotamos as seguintes idéias, em
resumo: Apesar de tratar do casamento na idade Média e Renascença, ele
começa por dar a mais clássica definição de casamento. Ele começa por
perguntar: O que faz um casamento ser casamento ou, o que faz uma união
ser casamento (isto é, que ação um casal precisa demonstrar para que a
sociedade os reconheça como marido e mulher). E então anota a definição
do New Shorter Oxford Dictionary: "Legalmente
reconhecida a união pessoal realizada por um homem e uma mulher, com a
intenção de viver junto e ter relação sexual, e implicando propriedade e
direitos de herança".
O historiador francês Georges Duby, diz:
"Casamento, o que é necessário que seja aberto, público, e cerimonial...
está no centro do todo sistema de valores, na junção entre o material e
o espiritual. Ele regula a transmissão de riquezas de uma geração para
outra... porque casamento também regula atividade sexual para
procriação, ele pertence ao reino do que é profano e do que é sagrado (The Knight).
De um lado, casamento é secular porque envolve
transferência de propriedade. Por outro lado, é sagrado porque pode
resultar em procriação, e porque os laços entre marido e mulher espelha
os laços entre o ser humano e o divino.
Em termos cristãos, a relação marido/mulher é
análogo à relação entre Cristo e a Igreja. A dupla natureza
sagrada/secular tem um impacto definido no desenvolvimento da filosofia e
dos costumes do casamento.
Os diversos segmentos dessa época, que gravitavam
entre casamento com a intervenção Igreja, com a presença de um sacerdote
e entre o casamento como um ato público, sem a intervenção da Igreja,
marcam ponto, no século XVII, com a opinião de John Donne, em 1621, que
dizia: "Sendo o casamento é um contrato civil, ele tem que ser
público, e deve ter testemunho de homens. Sendo um contrato religioso,
ele tem que ter a bênção do sacerdote" (Kirsti S. Thomas, não publicado).
O passo mais decisivo para o casamento civil, veio
com a Reforma Protestante, principalmente com a influência de Martinho
Lutero. Ele dizia: "Regulamento do casamento é da alçada da autoridade civil e não da Igreja" (ob. Cit.). Mas ele concordava que a Igreja poderia dar bênção a quem se casasse dentro do rito básico (1529).
Nota-se, portanto, que o casamento na história só
começou a atingir o ideal quando veio o expediente civil, para que fosse
devidamente oficializado e reconhecido pela sociedade. Dizemos: "começou",
porque, ao lado da oficialização para reconhecimento e garantir
direitos e deveres, deve haver o fator espiritual, isto é, o modelo do
Éden, com a presença de Deus.
O Casamento no Velho Testamento - O
que temos no Gênesis a respeito do primeiro casamento, é algo de mais
elevado. Deus instituiu o casamento e realizou, pessoalmente, a primeira
cerimônia. Como não havia ainda sociedade além de Adão e Eva, o fator
civil era desnecessário. Mesmo assim, o ato foi público, isto é, aberto.
Depois que o homem se afastou do Éden e da presença de Deus, o
casamento, bem assim outros valores do ser humano, retrocederam e
tiveram que recomeçar por sua própria conta.
A fonte que temos sobre o assunto é o Velho
Testamento que, no entanto, não nos dá detalhes sobre muita coisa do
casamento. Dentre outras, colhemos as seguintes informações:
Os pais cuidavam do casamento dos filhos:
Gen. 24; Juizes 14.1-4;
O casamento se dava freqüentemente dentro da mesma família:
Ex. 34.12-15; Deut. 7.3,4;
Em certa fase, persistiu a prática da captura da esposa pelo homem, principalmente durante a guerra:
Deut. 21.10
Mais tarde, a compra da esposa e o dote:
Ex. 22.16 x Deut. 22.29;
Era usual também, dar a filha mais velha primeiro e a mais nova depois, mesmo pagando por ambas. É o exemplo de Jacó: Gen. 29.26.
Gen. 24; Juizes 14.1-4;
O casamento se dava freqüentemente dentro da mesma família:
Ex. 34.12-15; Deut. 7.3,4;
Em certa fase, persistiu a prática da captura da esposa pelo homem, principalmente durante a guerra:
Deut. 21.10
Mais tarde, a compra da esposa e o dote:
Ex. 22.16 x Deut. 22.29;
Era usual também, dar a filha mais velha primeiro e a mais nova depois, mesmo pagando por ambas. É o exemplo de Jacó: Gen. 29.26.
Não se encontra, no Velho Testamento, nenhum
detalhe sobre o ato legal e formal do casamento. Infere-se que a
legalização dava-se pela publicidade do ato e pelo testemunho.
No caso do testemunho, vemos que Boaz, para
formalizar o seu casamento com Rute fê-lo publicamente diante de anciãos
do povo, e tomou 10 homens como testemunha do fato (Rute 4.1-12). O ato
de trocar os sapatos era o costume da época dos Juizes (4.7). Em geral,
era o ato público que legalizava ou oficializava o casamento, para que
fosse reconhecido: Uma festa na casa da noiva (Gen. 24; Juizes 14;
Acompanhamento da noiva até à casa do noivo, com cantos e regozijos
(Jer. 7.34; 16.9, 25.10) A noiva era escoltada por moças virgens até a
câmara nupcial Em alguns casos, o acompanhamento levava tochas ou
lâmpadas, com ramos de murta e grinaldas de flores. Este costume parecia
perdurar nos dias de Jesus, daí sua parábola das 10 virgens (Ver Owen C. Whitehouse - Costumes Orientais - Antigüidades Bíblicas).
Naturalmente, escribas do Rei de tempos em tempos
anotavam dados das famílias, pois se primava pelas genealogias. No Velho
Testamento, como se pode notar, tolerava-se a bigamia. Inicialmente, um
homem podia ter várias esposas no mesmo pé de igualdade, havendo apenas
diferença de preferência do marido. Mais tarde, surgiu a figura da
esposa principal e da secundária, chamada concubina, como era o caso de
Abraão, de Davi, de Salomão e outros.
O Casamento no Novo Testamento -
No Novo Testamento, no que se refere aos cristãos judeus, os costumes
eram os mesmos dos últimos tempos do Velho Testamento. A parábola das
dez virgens contada por Jesus, mostra isto (Mat. 25).
As alegorias pintadas por João no Apocalipse,
reforçam esta idéia. Em virtude do surgimento da Sinagoga durante o
cativeiro babilônico, o Rabino passou a participar dos cerimoniais.
Entre os gentios, os costumes de casamento variavam muito de acordo com as religiões pagãs.
Não há nada específico no N.T. a respeito das
exigências da Igreja sobre as formalidades do casamento. Ele trata
sempre o casamento como fato existente e consumado. Há restrições sobre
casamento misto (jugo desigual - 2 Cor. 6.14-18), mas se o marido tem
mulher descrente ou vice-versa, um é santificado pelo outro (1 Cor.
7.12-15).
A ênfase é à monogamia - um só marido, uma só mulher - O
que estamos buscando, para nossas aplicações ao tema proposto, é a
formalidade do casamento e sua validade para a sociedade e,
conseqüentemente para a Igreja. Isto é, o que é, realmente, um casamento
devidamente oficializado e reconhecido por todos.
O Casamento no Brasil - No Brasil,
por causa de Portugal, país católico, o casamento, inicialmente, era
apenas religioso, com rito católico. Era o que valia. A Constituição de
25 de março de 1824, ainda do tempo do Império, reforçou a questão
declarando, no seu Art. 5o, que a religião oficial do País era a
Católica. Mais tarde surgiu o decreto no. 181, de 14 de janeiro de 1890,
que regulamentou o casamento civil. Daí para a frente, quem casa no
Brasil é o Estado. Muito mais tarde, surgiu a lei que faculta a
celebração do casamento religioso com validade civil. Na verdade,
aproveita-se apenas a oportunidade e a burocracia para que o ato civil
seja oficializado. Mas a Igreja continua não fazendo casamento. O que a
Igreja faz é uma cerimônia religiosa, com aconselhamento e impetração de
bênção para os noivos.
O Problema do Casal Amasiado de alguns anos para
cá, começou a se formar uma jurisprudência no Brasil, dando certos
direitos a concubinas, isto é, uma segunda mulher de certos maridos:
tais como pensão alimentícia, indenizações e até heranças.
Atualmente, até namorados de muitos anos, quando
terminam por culpa de um deles, há direitos a reclamar e a lei
brasileira tem amparo para tais questionamentos. Daí, passou-se à figura
do amásio, cujo termo técnico é "União Estável" que é o
casal que vive maritalmente, sem casamento formal. A Lei 9.258 de 10 de
maio de 1996 reconhece, para vários fins, a chamada "União Estável",
que se caracteriza por uma convivência duradoura, pública e contínua de
um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de casamento. Neste
caso, a dita união não é reconhecida como casamento. O que a lei
reconhece são os direitos advindos dessa união. Parece que é este o caso
em questão.
PRELIMINARES DE APLICAÇÃO AO PROBLEMA
Temos até aqui trabalhado nos conceitos, para que tenhamos uma idéia sobre a natureza do casamento e da chamada "união estável" ou de amasiados.
Temos até aqui trabalhado nos conceitos, para que tenhamos uma idéia sobre a natureza do casamento e da chamada "união estável" ou de amasiados.
Para ficarmos prontos para uma aplicação ao caso,
temos que considerar agora a natureza da Igreja, da sua membresia e das
condições para que alguém se ligue à igreja. Nestas considerações, por
falta de instruções específicas na Bíblia, principalmente no Novo
Testamento, temos que jogar também com o que chamamos: Ética Cristã.
A Natureza da Igreja de Cristo e a Ética Cristã -
Sem entrar em considerações mais profundas, podemos começar dizendo que
a Igreja de Cristo é de natureza espiritual. Ela trabalha, antes de
mais nada, com valores e objetivos espirituais e eternos, pois é a
agência do Reino de Deus na terra, enquanto Cristo não volta.
Como, no entanto, está trabalhando no mundo, ela
deve estabelecer para si normas de conduta diante da sociedade. Quando
Jesus disse que a nossa luz deve resplandecer diante dos homens, para
que vejam as nossas boas obras e glorifiquem a nosso Pai que está nos
Céus (Mat. 5.13-16), ele estava dizendo que a Igreja deveria projetar um
testemunho aceitável, louvável. A idéia do sal da terra e da luz do
mundo, por outro lado, mostra que a Igreja deve formar normas corretas e
padrões dignos. Uma das figuras do sal é que ele conserva. Ele conserva
uma massa para que não se corrompa.
A Igreja deve ter um padrão de comportamento tal
que preserve a sociedade. O fato de tanta corrupção no nosso mundo é
devido, em parte, à falta de testemunho objetivo e determinante das
Igrejas do Senhor. Também o sal tempera e dá sabor. A idéia é que a
Igreja promove o equilíbrio do comportamento da sociedade.
Em outras palavras, a ética que a Igreja dita para o
mundo é aquela que brota de vidas transformadas por Cristo e que segue o
caminho dos objetivos ideais do ser humano, como ensinados por Cristo.
Não é, como definem os filósofos, a formação de
normas aprovadas por uma sociedade, pois a sociedade corrompida,
dominada pelas leis do pecado, estabelece normas também corrompidas.
É o que acontece nos nossos dias, em que tudo é
permitido: uniões ilícitas, casamento de homossexuais, jogos de azar,
sexo antes do casamento, adolescentes dormindo juntos na casa do
namorado, e outros costumes que estão sendo aprovados pela atual
sociedade.
A Igreja e a Obediência às Leis - O
Novo Testamento, mesmo a despeito de tanta perseguição enfrentada pelos
cristãos, aconselha a obediência às autoridades constituídas, chegando a
dizer que elas são estabelecidas por Deus (Rom. 13.1-7; Tito 3.1; 1
Ped. 2.11-17)
Na verdade, nem sempre a lei está de acordo com a
moralidade cristã. É o caso de jogos de azar, por exemplo, que são
aprovados pela lei, mas que não pode ser aprovado pela ética cristã.
É por isso que Paulo, ao mesmo tempo em que recomendava a obediência às autoridades, dizia que todas as coisas lhe eram lícitas (legais, permitidas),
mas nem todas lhe convinham (1 Cor. 6.12-13). No entanto, aquilo que a
lei não estabelece como moral ou ético para a sociedade, a Igreja não
deve fazer. É o caso da "união estável", que refoge aos
princípios do direito. Como Funcionava a Membresia da Igreja do Novo
Testamento a primeira menção de membros de uma Igreja, vem logo depois
do Pentecostes, em que quase 3 mil pessoas foram batizadas e "agregaram-se",
isto é, foram ligados numa Igreja - formaram a Igreja. O texto não
esclarece qualquer outro expediente eclesiástico. Apenas foram batizados
o que de bom grado receberam a mensagem de Pedro e creram no seu
conteúdo, que incluía arrependimento e aceitação de Cristo, como Filho
de Deus.
Na verdade, no Novo Testamento, não temos nenhuma
regra específica, além dessa, para que alguém se torne membro da Igreja.
Naturalmente, a proporção em que as coisas foram ficando mais
complexas, foram se multiplicando os grupos, as heresias, tornou-se
necessário certo cuidado em receber pessoas, até chegarmos a critérios
modernos.
A respeito de casamento, por exemplo, não aparece
nenhuma instrução no N.T. Subentende-se que, tratando-se de uma
comunidade judaica, todos os primeiros batizados eram regularmente
casados, de acordo com os costumes de Israel. Entende-se, no entanto,
que para tornar-se cristão era necessário cessar do pecado, e alguém que
não estava regularmente casado, estava ainda em pecado, quer seja da
fornicação ou do adultério.
O apóstolo Paulo lança bastante luz sobre a
natureza da membresia da Igreja, quando diz: "Porque estou zeloso de vós
com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como
uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (2 Cor. 11.2). A figura
da virgem preparada para o marido, é a mesma para as formalidades do
casamento dos dias do Novo Testamento. O que mostra que a Igreja deveria
estar envolvida com pessoas que estavam vivendo uma vida conjugal pura e
autêntica.
Outra vez é o apóstolo Paulo que nos lança mais
luz. Em Ef. 5.22-33, falando do relacionamento entre Cristo e a Igreja,
ele usa a figura do relacionamento do marido com a esposa. A figura
usada, é óbvio, é de um casamento legítimo. Jesus, quando falou com a
mulher Samaritana, revela detalhes maravilhosos do assunto. No verso 16,
do capítulo 4, Ele manda a mulher chamar seu marido. Ela, sinceramente,
diz-lhe que não tem marido. Mas Jesus que tudo sabe, revela que ela
teve 5 maridos (talvez tenha se divorciado 5 vezes), e o marido que
tinha agora (4.17,18) não era dela.
O fato da mulher dizer que não tinha marido e de
Jesus dizer que o que ela tem não é dela, mostra que ela era divorciada
de 5 maridos e vivia maritalmente com um atualmente, mas este, Jesus não
considerava marido. E, pelo que parece, a mulher na sua sinceridade
também não o considerava marido. Portanto, a situação marital da mulher
era pecaminosa, por isso que ela precisava de Jesus.
Tudo isto nos leva a crer que a Igreja do Novo Testamento só aceitava na sua membresia, as pessoas regularmente casadas.
CRITÉRIOS DE DECISÕES SOBRE O ASSUNTO
1. No caso da União Estável ou de Amasiados, há duas situações:
a) Quando os Cônjuges São Livres e Desimpedidos - Neste caso, para ligar-se à Igreja, podem perfeitamente formalizar o casamento.
a) Quando os Cônjuges São Livres e Desimpedidos - Neste caso, para ligar-se à Igreja, podem perfeitamente formalizar o casamento.
b) Quando Um ou Os Dois Ainda São Casados Com Outro Cônjuges - Aí há o adultério.
No caso, o cônjuge ou ambos devem provocar o divórcio, que é o
expediente legal, para que possam outra vez se casar. A Igreja deve
esperar que o procedimento se cumpra. É evidente que surgem problemas de
custos do procedimento do divórcio e do casamento, mas vale a pena
esperar. Se a Igreja aceita o divórcio como um expediente válido, não há
maiores problemas para resolver o problema da "união estável".
Evidentemente, o divórcio é outro problema a ser estudado em outra
oportunidade.
O Casamento Formal Reconhecido - é
uma conquista da sociedade e dos padrões elevados para o ser humano,
por causa das suas implicações sociais e jurídicas, o que interessa à
Igreja. Portanto, a Igreja deve valorizá-lo e dignificá-lo. A Lição de
Fil. 4.8.
A Igreja deve primar pelo que é puro, para o que é
de boa fama, para que outros sigam o seu exemplo. Este é um fator
educativo. Se ela faz o que é errado, incentiva tanto para a sua
comunidade como para a sociedade a mesma prática.
O Poder da Igreja de Ligar e Desligar - O texto de Mateus 16.18, cuja melhor tradução é: "tudo o que ligares na terra, terá sido ligado", e "tudo o que desligares, terá sido desligado",
pode favorecer certas decisões não especificadas pela Bíblia. Neste
caso, uma Igreja pode tomar a decisão de aceitar um casal amasiado e
isto será feito. Só que a Igreja deve estar cônscia de que a decisão foi
tomada primeiramente por Deus. Do contrário, a Igreja estará agindo a
sua revelia, na carne e não no Espírito.
Foi assim que começaram os grandes desvios do
cristianismo que culminaram com o surgimento da Igreja Católica e todos
os seus erros doutrinários.
Os conceitos de Paulo em Efésios 5.22-33 e 2 Cor.
11.2, e o de Jesus em João 4.16-18, já expostos acima, são bastante
fortes e convincentes. Eles nos dão bastante luz sobre como agir, pois
fica claro que só se considera, em relação à Igreja, o casamento
legítimo.
O Dr. A T. Maston no seu livro (Certo ou Errado, Juerp, Rio de Janeiro), apresenta alguns jogos de teste que muito nos ajudam a tomar decisões em casos em que a Bíblia não traz orientação específica.
Trago aqui algumas adaptações daquelas idéias:
O Teste dos Três Efeitos - Neste caso, procura-se averiguar que tipo de efeito a nossa decisão vai provocar:
Efeito Sobre Nós - Pergunta-se: De que maneira esta
decisão vai afetar a vida de nossa Igreja? Vai melhorar o padrão das
famílias? A juventude vai ficar mais propensa a não se casar legalmente
ou não? Se a resposta for negativa, é provável que a decisão não seja
recomendável.
Efeito Sobre os Outros - Pergunta:
De que maneira esta decisão vai afetar as outras Igrejas? Se elas
tomarem nosso exemplo como padrão, isso vai melhorar o nível de vida
espiritual das famílias e das igrejas? Se a resposta for negativa, não é
recomendável assumi-la.
Efeito Sobre a Causa de Deus - De
que maneira esta decisão vai afetar a Causa de Deus, a boa fama do
Evangelho, o próprio caráter de Deus? Se a resposta for negativa, é
provável que a decisão seja desaconselhável.
Os Três Testes - Aqui temos outros caminhos de averiguação: O Teste do Segredo - Raciocínio: Isto que vamos fazer pode ser feito abertamente, todos devem tomar conhecimento sem problema de reprovação, ou devemos fazer veladamente, para que ninguém venha tomar conhecimento do fato. Se a resposta for negativa, é melhor que não se realize.
O Teste da Universalidade - Isto
que vamos fazer, seria bom que todas as Igrejas o fizessem? Ou somente a
nossa Igreja vai fazer numa circunstância especial? Se a resposta for
negativa, é melhor não fazer.
O Teste da Oração - Podemos orar
agradecendo a Deus pelo fato de estarmos recebendo uma família que não é
casada formalmente, cujo casamento não é reconhecido oficialmente? Se a
resposta for negativa, é melhor não fazer.
O Teste das Três Fontes de Luz
A Luz Que Vem de Dentro - É a luz da consciência cristã, formada pela presença do Espírito Santo na vida de cada crente e da Igreja. Se a decisão não dá paz interior a todos os membros da Igreja; se não há um "sinal verde" geral da Igreja, é melhor não assumir.
A Luz Que Vem de Fora - Neste
caso, perguntamos a outros crentes, a outros obreiros, a outras Igreja, o
que fariam. Muitas vezes, as experiências de outrem, ajudam-nos a tomar
uma decisão mais acertada.
A Luz Que Vem de Cima - É a
consulta a Deus. Neste caso, temos que orar a Deus, perguntando
sinceramente o que Ele quer que seja feito. Deus dará a resposta de
alguma maneira, e a convicção virá a todos. É bom notar que, segundo o
Novo Testamento, a despeito de adotarmos o regime democrático, a melhor
decisão que demonstra inequivocamente a vontade do Espírito Santo, é o
da unanimidade. Se não há unanimidade, não se deve assumir certas
decisões controvertidas.
CONCLUSÕES
Poderá haver um caso ou outro, muito especial, que a Igreja deverá analisar e aceitar a dita "união estável". Neste caso, vale a decisão unânime de uma Igreja autônoma.
Exemplo: No meu tempo de jovem, havia um casal
amasiado com 50 anos de vida conjugal. Um deles era impedido porque
casado, com cônjuge ainda vivo. A distância era grande. Ao tempo, não
havia divórcio, mas apenas desquite, que não desfazia o vínculo do
casamento. Um caso deste, eu não teria dúvida em levar a Igreja a
aceitar, não como regra, mas como exceção.
Como hoje, muitos casais, por razões de direitos
hereditários, não estão se casando civilmente, mas apenas fazendo um
contrato de convivência conjugal, seria muito temerário uma Igreja
Batista entrar indiscriminadamente na aceitação de tais uniões.
Com base nas considerações que vimos de
fundamentar, cremos que não vale a pena entrar por este caminho. O
apóstolo João, no Apocalipse 21.2, 9, fala da noiva do Cordeiro. A
menção é de casamento legítimo e santo. Cremos que a Igreja do Senhor
Jesus deve primar por ter na sua membresia pessoal oficialmente casado.
Igreja Batista Central de Osasco
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