MODO
DE VIDA E COSTUMES JUDAICOS
A ORGANIZAÇÃO
A tribo era a maior
unidade social em Israel, composta de vários clãs. As Doze Tribos se referiam a
todo o povo de Israel.
O clã era uma unidade
social intermediária. Era maior que a casa do pai e menor que a tribo. Várias
famílias formavam um clã.
A família, também
chamada casa do pai, era a menor unidade social em Israel. Era formada por um
grupo de 50 a 100 pessoas.
A FAMÍLIA
O nome da mulher
judia era mudado quando nascia o primeiro filho homem. Passava a ser chamada de
mãe de Fulano.
Os israelitas não
tinham sobrenome. Chamavam-se, por exemplo, José filho de Davi. Isso lhes dava
senso de continuidade, de história.
Quando crescidos, os
rapazes judeus ajudavam a família a trabalhar a terra. Os filhos homens eram
necessários também para perpetuar o nome da família, pois os israelitas
pensavam que sobreviveriam nos seus filhos.
Quando um homem
morria sem ter filhos, seu parente mais próximo deveria casar com a viúva. O
primogênito desse matrimônio herdaria o nome e a propriedade do falecido. É a
chamada Lei do Levirato.
Embora contassem
menos, as meninas eram consideradas mão-de-obra útil. Quando uma filha casava,
seus pais recebiam um presente matrimonial (dote) para compensar a perda da
mão-de-obra útil da filha.
A mulher era
propriedade do marido, a quem considerava como patrão. Essa atitude ainda era
encontrada no tempo de Jesus.
Apesar das mulheres
executarem a maior parte dos trabalhos pesados, ocupavam posição social
inferior, tanto na família quanto na sociedade.
Normalmente os bebês
judeus eram amamentados ao seio por dois ou três anos. A taxa de mortalidade
infatil era muito alta por causa das precárias condições sanitárias das casas.
A criança recém-nascida
era lavada e esfregada com sal, pois acreditava-se que isso fortalecesse sua
pele e depois era envolvida em fraldas.
Durante o Antigo
Testamento, a criança recebia o nome assim que nascia. O nome traduzia a
espectativa da família e o projeto de vida para o recém-nascido.
Na época do Novo
Testamento, a criança recebia o nome oito dias após o nascimento, quando era
circuncidada.
A CIRCUNCISÃO E
ADOLESCÊNCIA
A circuncisão era
comum entre os semitas. Em Israel, a circuncisão tornou-se, para toda criança
do sexo masculino, sinal de pertença ao povo de Deus.
Todo primogênito
pertencia de direito a Deus. Por ocasião da circuncisão, o primogênito era
resgatado mediante o sacrifício de um animal.
Por ocasião da
circuncisão da criança, também era feita a purificação da mãe, por meio do
sacrifício de um pombo e um cordeiro. No caso de pobres, o cordeiro era
substituído por outro pombo.
Na época do Novo
Testamento, o rapaz passava a ser considerado adulto quando completava 13 anos.
Esse acontecimento era marcado por um serviço religioso especial chamado
Bar-Mitsvah (=Filho da Lei).
Antes de se tornar
Bar-Mitsvah, o adolescente aprendia a ler os trechos da Lei e dos Profetas que
naquele dia seriam lidos na sinagoga. No dia da cerimônia, ele os lia para a
assembléia.
Depos da Cerimônia do
Bar-Mitsvah, o rabino dirigia a palavra ao rapaz e invocava sobre ele a bênção
de Deus, utilizando a palavra de Nm 6,24-26.
O MATRIMÔNIO
Em Israel
praticava-se a poligamia. No tempo dos Juízes e dos Reis, um homem podia
casar-se com tantas mulheres conseguisse sustentar.
Na época do Novo
Testamento, era comum o homem ter apenas uma mulher, embora houvesse exceções.
Era raríssimo um homem não casar-se e não existe palavra em hebraico para
designar o solteiro.
A idade prevista na
Lei para casar era de 13 anos para os rapazes e a partir dos 12 anos para as
moças. Talvez por causa disso os casamentos eram combinados pelos pais.
Na época do Antigo
Testamento, os casamentos geralmente ocorriam no mesmo clã. Era proibido o
casamento com pessoas de outras nações, que adoravam outros deuses.
Em Israel, o
matrimônio era questão mais civil que religiosa. No noivado, fazia-se um
contrato perante duas testemunhas. Às vezes, o par trocava entre si um anel ou
bracelete.
O noivado vinculava
do mesmo modo que o casamento. Durante o período de espera do casamento, a moça
continuava morando na casa paterna e o rapaz era dispensado do serviço militar.
Quando casava uma
filha, o pai recebia uma importância em dinheiro (chamado mohar): o preço da
moça. As vezes essa soma era substituída pelo trabalho do noivo. O mohar
voltava à filha se o marido ou os pais falecessem.
O casamento se
realizava quando o noivo acabava de construir a casa. Com seus amigos,
dirigia-se à noite para a casa de sua noiva, que o esperava em vestes nupciais,
com o rosto coberto por um véu e com as jóias dadas pelo noivo.
A cerimônia do
casamento era simples. O véu era tirado do rosto da noiva e colocado no ombro
do noivo. Depois o noivo e seus amigos conduziam a esposa para sua nova casa,
onde se realizava o banquete de casamento.
Entre os israelitas,
o marido podia divorciar-se de sua esposa. A esposa, porém, não tinha esse
direito, mas em certas circunstâncias podia forçar o marido a pedir o divórcio.
A MORTE
Quando alguém morria,
o corpo era lavado e envolvido em panos para sepultamento rápido por causa do
clima quente. O corpo era transportado em padiola até a sepultura.
Os israelitas
sepultavam os mortos em cavernas. Algumas tinham espaço para todos os membros
da família. Se necessário, eram ampliadas, abrindo-se corredores com
prateleiras escavadas na rocha, onde eram postos os cadáveres.
As pessoas ricas
tinham túmulos especialmente construídos, com escadaria que descia através da
rocha sólida até a câmara mortuária. Uma lage e um bloco de pedra fechavam a
entrada.
Os pobres eram
entrerrados em covas pouco profundas em terreno aberto. Em torno do corpo era
colocada uma fileira de pedras e os espaços intermediários eram preenchidos com
pequenas pedras e terra.
OS GRUPOS IDEOLÓGICOS
Os saduceus eram o
grupo econômico e político dominantes na época de Jesus. A ele pertenciam os
sacerdotes. Eram materialistas e não aceitavam a ressurreição.
Os fariseus ou
separados eram um partido leigo muito próximo ao povo. Distinguiam-se pela
intransigência e rígida observação da Lei.
Os herodianos eram os
defensores da dominação romana na Palestina. Estavam a serviço de herodes e
eram os mais ferrenhos perseguidores dos movimentos subversivos.
Os zelotas eram
membros do partido judaico que se opunha à dominação romana por julgá-la
incompatível com a soberania do Deus de Israel.
Os sicários, assim
chamados porque carregavam um punhal, eram um movimento subversivo
caracterizado por violentos atentados.
Os essênios eram uma
facção do clero de Jerusalém que se afastou para as montanhas a fim de encarnar
uma vivência genuína da fé judaica.
Os publicanos ou
cobradores de imposto eram os coletores de tributos e taxas destinados ao
Império Romano. Por essa razão, eram odiados pelo povo.
O SINÉDRIO E A
RELIGIÃO JUDAICA
O Sinédrio era a
suprema instância jurídica do tempo do Novo Testamento. Jesus foi condenado à
morte pelo Sinédrio.
O Sinédrio era
formado por 71 membros: sumos-sacerdotes, anciãos e doutores da Lei. Seu
presidente era o sumo-sacerdote em exercício.
Os sumos-sacerdotes
depostos conservavam seu título e continuavam como membros do Sinédrio. O
sumo-sacerdote era escolhido dentre quatro famílias sacerdotais.
Os anciãos eram os
representantes da classe rica, em geral grandes proprietários de terras e
imóveis urbanos. Junto com os sumos-sacerdotes, detinham o poder político e
econômico.
Os doutores da Lei ou
escribas, eram pessoas mais cultas, entendidas em jurisprudência e
interpretação bíblica. No Sinédrio, representavam a ideologia dominante.
Toda pessoa atingida
pela lepra era banida do convívio social, tornando-se assim um marginalizado
por excelência.
Na Palestina, os
rabinos exigiam que cada cidade tivesse um médico e possivelmente também um
cirurgião. O Templo sempre contava com um médico para tratar dos sacerdotes,
que trabalhavam descalços e pegavam certas doenças.
O TEMPO E AS FESTAS
O calendário hebraico
era regido pela lua. A cada lua nova correspondia o início de um mês, ocasião em
que se celebrava uma grande festa.
A festa da Páscoa era
inicialmente um ritual de pastores para proteger os rebanhos. Foi assumida como
memorial da libertação da opressão do Egita.
A festa dos Pães Sem
Fermento era celebrada na primavera. Visava a não misturar o produto da nova
colheita com o da antiga, caso fosse usado o fermento guardado numa porção de
massa.
A festa das Semanas
ou da Messe era celebrada após sete semanas ou cinquenta dias contados a partir
do início da ceifa. No Novo Testamento é chamada de Pentecostes (50 dias).
A festa das Tendas ou
da Colheita era a mais popular, celebrada no outono, no final da estação dos
frutos. O povo armava cabanas de folhagens lembrando os acampamentos do
deserto.
Todos os sábados os
judeus se reuniam na sinagoga para rezar, ouvir e comentar os textos bíblicos.
Nela todo judeu adulto podia tomar a palavra.
Para o povo bíblico,
o chifre era símbolo de força. Uma trombeta em forma de chifre era tocada nos
acontecimentos importantes e grandes solenidades de Israel.
Sinagoga ou casa de
oração eram as casas de reunião que apareceram a partir do exílio da Babilônia.
A sobrevivência do judaísmo deveu-se à existência de sinagogas, que
substituíram o Templo.
O TRABALHO
As estações
determinavam o ritmo do trabalho anual. A estação úmida (out.-abr.) era ocupada
para arar, semear (com um cêsto na mão), gradear e capinar.
As colheitas
estendiam-se de março à outubro. Colhia-se primeiro o linho e a cevada. O trigo
era o último dos cereais a ser colhido. Em seguida, colhiam-se uvas, figos e
azeitonas.
O trabalho nas vinhas
começava na primavera com a poda. Depois, quando os ramos cresciam, era
necessário erguê-los acima do solo com estacas. As uvas amadureciam entre julho
e outubro.
As mulheres
israelitas faziam o pão diariamente. A primeira tarefa era o difícil trabalho
de moer os grãos, transformando-os em farinha grossa, que era misturada com sal
e água, fazendo-se a massa.
Ao fazer o pão, as
mulheres misturavam um pouco de massa fermentada do dia anterior, fazendo assim
a massa levedar. Por ocasião da Páscoa, o pão não podia conter fermento.
Trabalho diário vital
para as mulheres era buscar água nos poços ou fontes. Carregavam os pesados
potes de água na cabeça ou nos ombros.
A mulher tinha muito
trabalho a fazer em casa, do início ao fim do dia: tirar leite, preparar
queijo, iogurte, fiar, tecer a lã, etc... Além disso, a mulher trabalhava na
roça.
Na época do Novo
Testamento, os sindicatos eram bastante difundidos no Império Romano. Para
funcionar, precisavam de licença do imperador, para evitar que servissem a
atividades políticas subversivas.
Quando os hebreus
saíram do Egito, os egípcios já usavam o ouro há muitos séculos. Levaram
consigo jóias de ouro e prata e sabiam trabalhar esses metais.
Na Palestina
encontravam-se o ferro e o cobre. Outros metais, como ouro, prata, estanho e
chumbo tinham de ser importados.
O processo de
purificação do ouro, fundindo-os para separar as impurezas é frequentemente
usado na Bíblia como imagem da ação purificadora do sofrimento.
Quando os israelitas
entraram em Canaã, os cananeus já tinham carros com acessórios de ferro e
outros objetos desse metal. Os filisteus impediam que os isrelitas dominassem a
técnica para não fabricar armas.
Na época do Novo
Testamento, havia um setor de ferreiros em Jerusalém, mas os profissionais do
bronze e ferro não podiam trabalhar em certas festas religiosas por causa do
barulho que faziam.
Os israelitas não se
dedicaram muito à pesca antes da época do Novo Testamento. O hebraico tem somente
um a palavra para dizer "peixe", tanto para o menor peixinho como
para os grandes cetáceos.
No tempo de Jesus
havia florescente indústria pesqueira no lago da Galiléia. A cidade de
Betsaida, situada à beira do lago, significa "casa da pesca".
Os pescadores, no
tempo de Jesus, trabalhavam em grupos familiares, valendo-se também da ajuda de
assalariados. No mar da Galiléia, a pesca noturna era perigosa por causa das
repentinas tempestades que o agitavam.
Os zoólogos antigos
acreditavam que no tempo de Jesus existissem 153 espécies de peixes. Também se
acreditava que esse era o número das nações conhecidas (cf. Jo 21,11).
O couro dos animais
era secado ao sol e tratado com o extrato de certas plantas. Devido ao mau
cheiro, os curtidores viviam fora das cidades e eram considerados pessoas
impuras (cf. At 9,43).
Em Israel existiam
parteiras desde os primeiros tempos. Talvez formassem corporação já antes do
Êxodo, com código ético próprio e dirigentes reconhecidos.
No tempo de Jesus, o
salário de um trabalhador diarista era uma moeda de prata (denário), quantia
suficiente para sustentar a família durante um dia. Jesus foi vendido por 30
denários.
PESOS E MEDIDAS
O côvado, medida de
superfície encontrada freqüentemente na Bíblia, é o comprimento do braço, da
ponta dos dedos até os cotovelos (45,8 a 52,5 cm).
O estádio corresponde
a 192 metros.
A MORADIA
Os pobres do Antigo
Testamento moravam em casas muito pequenas: apenas uma sala quadrada e um
quintal. As casas eram construídas em mutirão ou por construtores profissionais
ambulantes.
OUTROS ESCRITOS
JUDAICOS
Midraxe é um esforço
para explicar uma passagem bíblica difícil e obscura. Os Midraxim são os
antigos comentários judaicos, procurando explicar e atualizar a Bíblia.
Mishna são as
coletânias de tradições, a princípio orais e depois escritas, que tratam da
aplicação de uma lei a circunstâncias particulares. Os judeus acreditavam que a
Mishna remontava a Moisés.
Talmude é um conjunto
de explicações e comentários judaicos de textos bíblicos, principalmente as
leis. Em hebraico, a palavra Talmude significa ensinamento.
O QUE A BÍBLIA FALA
SOBRE USOS E COSTUMES
Introdução:
Muitas igrejas têm
feitos todo tipo de proibições para com as mulheres nas questões de maquiagem e
adornos. Com o argumento de que as irmãs devem ser simples como as pombas (Mt.
10:16), estas denominações proíbem e disciplinam qualquer vestígio de enfeites
feitos pelas mulheres.
É comum escutarmos
alguns irmãos falarem “minha igreja tem doutrina, lá mulher não usa maquiagem,
brincos, pulseiras, etc.”. E falam isso com orgulho de pertencer a uma igreja
que tem “doutrina”. O que há nessas afirmações é uma confusão entre as palavras
“doutrina” e “costume”.
As vezes pessoas são
disciplinadas em certas igrejas por usar ou praticar coisas que aquela igreja
julga que é proibido nas Escrituras, quando na verdade é apenas um costume
local.
Mas, você pode
perguntar: existem passagens que mostram como os homens e mulheres da Bíblia se
vestiam e o que usavam? Será que é correto hoje usar tudo o que eles usavam? A
Bíblia aponta um padrão para a vestimenta e adornos cristãos? Podem os irmãos e
as irmãs se adornarem ou é isso pecado? E aqueles versículos que estas pessoas
citam para proibir o uso de enfeites o que querem dizer? Neste capitulo vamos
estudar sobre este assunto com detalhes.
I- COSTUME E
DOUTRINA.
1.a- Já foi dito aqui
que muita gente faz confusão entre “costume” e “doutrina”, a primeira coisa que
devemos fazer é definir estes termos, pois existe diferença.
· Costumes estão
ligados a usos, a uma prática habitual particular, se baseiam na cultura e na
moda vigente naquele tempo e lugar.
· Doutrina. No Novo
Testamento, a palavra mais usada para doutrina é didachê e significa: ensino,
instrução, tratado. Para uma idéia ser doutrina cristã, é preciso que ela
esteja exposta por todo o texto sagrado, e seja válida para todos os cristãos,
ou seja, não é apenas algo local ou circunstancial, mas universal.
Observe a diferenças
entre doutrina e costume.
Quanto à origem: A
doutrina é divina. O costume em si é humano.
Quanto ao alcance: A
doutrina é geral. O costume em si é local.
Quanto ao tempo: A
doutrina é imutável. O costume em si é temporário
1.b- A doutrina
bíblica gera bons costumes, mas bons costumes não geram doutrina bíblica.
Igrejas há que têm um somatório imenso de bons costumes, mas quase nada de
doutrina. Isso é muito perigoso! Seus membros naufragam com facilidade por não
terem a base espiritual da Palavra de Deus, se confiam nas próprias obras e
acham que estão mais perto de Deus por não fazer ou não usar isso ou aquilo.
II- O QUE É VAIDADE.
2.a- Temos que
definir também esta palavra e observar como ela aparece nas Escrituras
Sagradas. É importante a gente se dar conta de que o termo ‘vaidade’, em português,
não significa uma preocupação com a estética, como as pessoas pensam e usam a
palavra dizendo: “ah, ela é cheia de vaidades!” O termo ‘vaidade’ em português
provém do latim vanitas, o sentido básico desta palavra é: ‘em vão’.
1- Vaidade no Antigo
Testamento.
a) No AT temos
algumas palavras sendo usadas para vaidade. A expressão hebel (vaidade) usada
no livro do Eclesiastes 1:2; 2: 11, indica: brevidade e ausência de substância,
vazio (Jó 7: 16); coisa vã, que não produz efeito (Jó 9:29); engano (Jr. 16:
19; Zc. 10:2). [1] A The International Standard Bible Encyclopedia nos ajuda
aqui com esta palavra e diz que as palavras “vão“, “vaidade“, “vaidades” são
freqüentes na Bíblia. A idéia destas palavras é quase que exclusivamente de
algo “vazio” e também “falsidade”.
1- A palavra mais
traduzida por “vaidades“, ou “vaidade” no AT é hebel, que significa um “sopro
de ar, ou da boca“, muitas vezes é aplicada à idolatria (Dt. 32: 21; 1 Rs.
16:13; Sl 31:6; Jr. 8: 19); aos dias do homem e ao próprio homem (Jó 7:16; Sl.
39: 5,11), e também aos pensamentos do homem (Sl. 94: 11); e a riqueza e
tesouros (Pv. 13:11). No livro do Eclesiastes, onde a palavra ocorre muitas
vezes, é aplicada a tudo: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ec. 1:2;
12:8).
2- Awen, que
significa também “sopro“, é também traduzida por “vaidade“, mas em conexão com
“iniqüidade” (Is. 58:9);
3- Shaw é outra
palavra freqüente, é traduzida por vaidade e tem também a idéia de “falsidade,
maldade” (Êx.20:7, Dt. 5:11; Sl. 31:6).[2]
2- Vaidade no Novo
Testamento.
a) A palavra
“vaidade” não ocorre freqüentemente no NT, mas em At. 14:15 temos a palavra
grega mataios,[3] “vazio“, traduzida como “vaidades” (de ídolos); encontra-se
também mataiotês, como “transitoriedade” (Rm. 8:20): “A criação ficou sujeita à
vaidade (fragilidade, transitoriedade). É traduzida também como “vazio”,
“loucura” (Ef. 4:17; 2 Pd. 2:18).[4] Observe que nenhuma vez estas palavras
estão sendo aplicadas a questões de se maquiar ou usar certos adereços como
brincos, pulseiras, etc.
III- O QUE OS HOMENS
E AS MULHERES DA BIBLIA USAVAM?
Os homens e as
mulheres da Bíblia se enfeitavam e não era pouco. Eles usavam muitos adornos em
várias partes do corpo. A seguir listamos alguns:
3.a- Os homens
usavam:
· Anéis e colares
(Gn. 41: 42; Ex. 35: 22; Et. 8: 2; Dn. 5: 29; Lc. 15: 22);
· Brincos (Ex.
32:2-3);
· Braceletes (Ex. 35:
22; 2Sm. 1:10);
3.b-As mulheres
usavam:
Pendente, pulseira
(Gn. 24: 22, 47);
Braceletes, colares
(Ez. 16: 11);
Brincos, coroa na
cabeça (Ez. 16:12);
Anéis no tornozelo
(Is. 3 18);
Cadeias para os
passos (Is. 3: 20).
3.c- Observe com
atenção que as mulheres e os homens da Bíblia usavam muitos enfeites, não havia
a concepção de pecado para tal prática. Todos podiam usar os seus adornos, se
vestir bem e se enfeitar para o dia a dia. Nas Escrituras isto nunca foi
proibido. A relação de Deus e do povo de Deus com as jóias na Bíblia é muito
interessante, preste atenção nessas passagens a seguir:
· Êx. 3: 21-22- Deus
diz que quando os israelitas saíssem da escravidão no Egito pedissem aos
egípcios jóias e roupas para seus filhos usarem. Isso não aconteceria se os
israelitas não usassem jóias e se Deus fosse contra as mesmas.
· Êx. 35 4-5, 20-22,
30- 36:3- Veja que os objetos do Santuário que Deus mandou Moisés construir
para ser sua casa de adoração, foram feitos cm as jóias do povo. Se jóias
fossem algo pecaminoso Deus as usaria na Sua casa?
· Nm. 31: 50- aqui
encontramos as jóias do povo sendo usadas como oferta expiatória para Deus.
Deus aceitaria como oferta algo pecaminoso?
· Jó 42: 11- Como
presente dos seus amigos após sua restauração Jó o homem justo e temente a Deus
(Jó 1:1), recebe um monte de anéis. Para que isso se ele não usasse?
· Pv. 1:8-9- O
escritor de provérbios compara o ensino dos PIS que é uma coisa muito boa, com
diademas e colares, ou seja, compara com adornos, enfeites. Isto mostra que
para ele os enfeites eram coisas importantes e boas. E não podemos esquecer que
ele escrevia inspirado pelo Espírito Santo.
· Pv. 25:12- Uma pessoa
sábia é comparada com jóias e brincos de ouro.
· Is. 61:10-
Jerusalém é representada como se fosse uma mulher,que está recebendo as bênçãos
de Deus (3), e estas bênçãos são comparadas com enfeites, com as jóias de uma
noiva.
· Ez. 16: 1-14- Este
texto é maravilhoso e esclarecedor. Deus compara Jerusalém com uma mulher, e
como se Ele fosse um esposo que está feliz com sua mulher, lhe dá todo tipo de
jóias, e ainda diz que ela enfeitada está com a gloria dele refletida (14).
· Ap. 21: 1-2- a Nova
Jerusalém, que é um símbolo da Igreja glorificada, é comparada a uma noiva
quando se enfeitava para o casamento.
3.d- Será que se as
jóias fossem algo que Deus abomina e que os cristãos não deveriam usar o Senhor
faria as comparações que acabamos de ler em sua Palavra, e daria e receberia as
mesmas de seu povo? É óbvio que não. Todas estas passagens mostram que nas
Escrituras nada existe de proibições com respeito as jóias, e que o povo da
Bíblia as usava normalmente.
IV- E AQUELE TEXTO?
Existem alguns textos
que são muito usados por algumas pessoas para condenar o uso de jóias pelos
cristãos, a pergunta é: o que estes textos querem dizer? Vamos analisá-los.
4.a- Is. 3: 16-26 –
As vezes alguns mais desavisados também usam estes versículos para manter suas
proibições. É um uso mal feito, pois aqui se estivesse proibindo as jóias para
as mulheres, estaria proibindo também:
· Véus (19);
· Cintos (20);
· Anéis (21);
· Roupas caras,
capas, bolsas (22);
· Espelhos, roupas de
linho, xales (23);
· Perfumes,
penteados, roupas caras (24).
Mas, logo se vê que
as pessoas que usam esta passagem para proibir as jóias, não proíbem as outras
coisas. Usam de dois pesos e duas medidas. O que este texto que dizer então?
4.b- É o seguinte: o
profeta Isaías está dando uma sentença contra as mulheres de Jerusalém (16),
dizendo que Deus iria tirar tudo o que cita delas, não porque aquilo fosse
pecado, mas porque elas estavam cometendo outro pecado, o pecado da arrogância,
do orgulho (16). A retirada de todos estes objetos delas seria uma forma de
castigo, tudo seria parte do julgamento de Deus sobre Jerusalém da qual fala
todo este capítulo 3. Temos aqui um fato circunstancial, referente a situação
das mulheres de Jerusalém, um fato descritivo (descreve um acontecimento), e
não prescritivo (não prescreve, nem ordena uma doutrina). Contrate esta
passagem com Ez. 16: 1-14, onde Deus feliz com Jerusalém lhe dá jóias de todos
os tipos e roupas finas como bênção. Tirar os ornamentos para o povo de Israel
era sinal de tristeza (Ex. 33:1-6); receber ornamentos era sinal de bênçãos
(Is. 61: 10; Ap. 21:1-2).
4.c- 1Tm. 2: 9-10;
1Pd. 3:1-4 – Estas duas passagens também têm sido usadas por alguns para
proibir os adornos femininos, mas não é isso o que está escrito nelas.
1- No primeiro texto
(1Tm. 2: 9-10) o apóstolo Paulo não está proibindo o uso de jóias, nem os
penteados para as mulheres, ele está fazendo um contraste entre dois tipos de
beleza, a interior e a exterior. Ele diz que a verdadeira beleza não deve está
por fora, nas jóias e ornamentos que as mulheres usavam, mas por dentro, na
espiritualidade, na santidade. A mulher não deveria pensar em se enfeitar e se
esquecer da parte espiritual, deve fazer uma, mas faça principalmente a outra.
Ele reflete sobre as prioridades do cristão, como em 1Tm. 4:8: “Porque o
exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa,
tendo a promessa da vida presente e da que há de vir”. É claro que Paulo não
desaconselha o exercício físico, mas mostra que a pessoa deve se exercitar na
santidade antes de tudo. Toda leitura de um texto assim deve ser feita com
cuidado, levando em seu contexto, se não for assim iríamos achar que o apóstolo
estaria proibindo o casamento em 1Co. 7:27: “Estás ligado à mulher? Não busques
separar-te. Estás livre de mulher? Não busques mulher”, mas, não é isso que ele
faz.
2- Na segunda
passagem (1Pd. 3: 1-4), se Pedro estivesse lançando uma proibição contra o uso
de jóias pelas mulheres, porque ele usa como exemplo de santidade as mulheres
do AT (5-6)? Pois como já vimos, elas usavam muitas jóias. Ora, se Pedro
tivesse aqui sendo contra o uso de jóias pelas mulheres, não usaria como
exemplo quem as usava. Como entender o texto então? O que temos aqui são
expressões idiomáticas como as seguintes:
· “Assim não fostes
vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e
por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito.” (Gn.
45:8). Veja no verso 4 que foram os irmãos de José mesmo que o venderam.
· “Pois não desejas
sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocausto. Os
sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus“. (Sl. 51:16-17). Mas veja o verso 19, e
também Ex. 29; Lv.22: 17- 33, onde o próprio Deus é quem estabelece os
sacrifícios.
· “Trabalhai, não
pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a
qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou” (Jo. 6:27).
Estaria Jesus proibindo o trabalho? É claro que não.
Quando os autores
bíblicos escrevem assim, eles estão querendo colocar ênfase em certos detalhes
que não podem ser esquecidos em certas práticas, mas não estão negando nada.
Por exemplo:
· Em Gn. 45:8, José
não estava dizendo que os seus irmãos eram inocentes se sua ida ao Egito como
escravo, mas sim afirmando que ANTES dos irmãos dele fazerem o plano, Deus já
havia feito.
· Em Sl. 51: 16-17,
Davi não está dizendo que Deus não aceitava sacrifícios, pois o AT está cheio
de ordenanças a este respeito (Lv. 1-7), mas está dizendo que ANTES de
sacrifícios Deus queria o coração contrito.
· Em Jo. 6: 27, João
não está dizendo que pessoas não deve trabalhar pela comida material, ANTES que
se preocupe com a comida espiritual em primeiro lugar.
Portanto, nas duas
passagens analisadas não há proibição do uso de ornamentos pelas mulheres, mas
que ANTES elas saibam que a sua beleza deve está no interior, na vida
espiritual dedicada, e não apenas no exterior, no que elas usam.
V- QUAL O CRITÉRIO DO
CRISTÃO AO SE VESTIR E SE ADORNAR?
Depois de tudo o que
foi dito fica a pergunta então devemos fazer tudo o que os homens e mulheres da
Bíblia faziam; usar tudo o que usavam? Para responder a mesma temos que prestar
atenção ao seguinte:
5.a- A Bíblia foi
escrita em um determinado contexto e cultura onde havia muitos costumes
diferentes dos nossos, assim nem tudo o que está na Bíblia é para fazer.
Observe:
1- Gn. 16- Sara a
esposa de Abraão, por ser estéril, dá empregada para que seu marido se deite
com ela e gere um filho;
2- Ex. 21: 7- O pai
podia vender a filha;
3- Ex. 21: 16,17 Lv.
20:9- Amaldiçoar ou ferir os pais era passível de pena de morte;
4- Lv. 23- Era
obrigado celebrar as festas da Páscoa, Primícias, e o Dia da Expiação;
5- Dt. 21: 15-17-
Homens podiam ter mais de uma esposa;
6- Dt. 21: 18- 23-
Filhos desobedientes deveriam ser mortos;
7- Dt. 22:13-21-
Mulher que casasse e ficasse provado que não era mais virgem deveria ser
apedrejada até a morte;
8- Dt. 25:5-10- Se um
homem casado morria sem ter deixado filhos, o seu irmão casava com sua esposa,
era a lei do Levirato;
9- Dt. 26: 12-15-
Quem dava o dízimo deveria fazer uma oração prescrita para todos.
Estes eram costumes
do povo e da Lei de Israel, mas não são nossos. Ali eram aceitáveis, mas não
são aceitáveis hoje, pois como já vimos costumes mudam de povo para povo e de
época para época. Assim, devemos ao ler a Bíblia saber diferenciar o que é um
costume local, que dentro daquela sociedade era permitido e aceitável, e o que
não é aceitável em nossa sociedade.
5.b- Observe este
fato interessante:
· 1Co. 11:4-16 – Em
Corinto, era proibido as mulheres cortarem o cabelo, e os homens de terem os
cabelos crescidos. Mas, em Israel era normal os homens terem longos cabelos
(Jz. 13: 1-5; 2Sm.14:26);
· 1Co.11: 5- Aqui em
Corinto as mulheres podiam profetizar e orar nos cultos, e profetizar também
era ensinar (1Co. 14:31), mas em Éfeso onde Timóteo estava elas não podiam
fazer nada disso (1Tm. 2:11-12). Acontecia assim porque estas duas cidades
tinham costumes diferentes.
5.c- Todo cristão
deve saber que deve respeitar a cultura na qual está inserido, se ela não fere
a doutrina bíblica (1Co.10:32). Assim, no caso de usos e costumes devemos saber
se tal costume no país em que vivemos é aceito ou não. Como a sociedade olha
quem pratica tal coisa? Olha como cristão? Sendo práticos: homens de brincos no
Brasil são vistos como cristãos pela sociedade? Mulheres com brincos pendurados
no nariz são vistas como cristãs? Agora todos nós sabemos que a sociedade não
vê nada de errado em uma mulher cristã se adornar com seu brinco na orelha, ou
seu colar ao pescoço. A mesma coisa não existe discriminação em um homem usar
um colar discreto.
5.d- Existem algumas
coisas que devem ser observadas pelo cristão quando for se vestir e se adornar
com seus enfeites. Não se deve usar tudo que a moda oferece, quando se for usar
algo se deve fazer algumas perguntas:
· Isto que estou
usando serve para a glória de Deus (1Co. 10:31)?
· Isto que estou
usando me faz ser causa de escândalo para crentes ou descrentes (Rm. 14:
13-16,21; 1 Co.10:32)? Muitas coisas podem não ser pecado, mas para evitar o
escândalo não devemos fazer (1Co. 10: 23-31);
· Isto que estou
usando mostra que sou santo (1Pd. 1: 14-15)?
· Isto que estou
usando Jesus usaria (1Jo. 2:6)?
· Isto que estou
usando mostra que meu corpo é templo do Espírito Santo (1Co. 6:18-20)?
O cristão deve adotar
a modéstia em todo o seu procedimento, se não adota o comedimento saiba que
peca. O bom senso deve ser praticado pelos crentes no que usam como trajes ou
adornos, sob pena de fazer do templo de Deus que é o seu corpo, um templo
profano. Ao usar uma roupa ou adorno pense sempre no outro, e se aquilo está
escandalizando o nome de cristão ou não. Que tipo de templo você é?
CONCLUSÃO:
a) As Escrituras
estão fartas de textos que provam que os adornos eram usados pelo povo de Deus,
não eram proibidos. Alguns tentam usar a Bíblia erradamente para tentar proibí-los,
alegando que tudo isso é vaidade. É bom notar que na bíblia a palavra vaidade
nunca esteve ligada ao uso de adornos pelas pessoas.
b) Os cristãos estão
livres para se adornarem, mas observando o principio da modéstia. Devem saber
que são diferentes, que devem ser santos. Se o que usam os transforma em motivo
de escândalo ou de descrédito para com sua vida espiritual, estão em erro.
Glorificar a Deus com seu corpo este é o critério básico para o comportamento
cristão. Faça isso.
APÊNDICE:
a. Dt. 22: 5 –
Igrejas têm usado esta passagem para condenar o uso de calças compridas por
mulheres. A explicação que dão é que calças são roupas de homem, e, portanto,
são proibidas aqui para as mulheres. O que estas pessoas não dizem é que na
época em que este texto foi escrito as roupas eram semelhantes para homens e
mulheres. Os judeus todos usavam vestidos e túnicas, homens e mulheres, a
distinção dos sexos não estava no tipo de roupa, pois todos usavam vestidos,
mas nos tamanhos e cores.
b. A palavra hebraica
no texto que é traduzida por roupa é o hebraico “simlâh”, a mesma palavra que é
traduzida por “capa’ em Gn. 9: 23. Esta palavra significa: capa, manto,
envoltório, vestuário, de homem ou de mulher; especialmente uma grande roupa
exterior. [1] Assim , o texto não se refere a calças, mas a estilos de capas,
vestimentas que se distinguiam por tamanho, cores, detalhes, e não por tipo.
Portanto, não se proíbe aqui o uso de calças por mulheres, pois se ela usa uma
calça de modelo feminino não há problema, assim como na Bíblia os homens usavam
vestido, mas de modelo masculino. O texto proíbe o travestismo, homem como
mulher e mulher como homem.
c. Mt. 10: 16 – Este
texto não fala nada sobre usos e costumes. Fala dos problemas que os apóstolos
enviados por Jesus iam passar e Jesus está mostrando como eles deveriam
enfrentar estes problemas. É só ler todo o capitulo 10 de Mateus. Portanto quem
usa este texto para tentar falar de usos e costumes na igreja está falsificando
as Escrituras.
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